Capítulo 14: Um Caminho Sem Volta

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A atmosfera na caverna estava carregada com uma tensão opressiva, como se o ar tivesse se tornado mais denso após a revelação de Tharok. Alara sentia o peso das palavras dele em cada célula do seu corpo. O perigo era real, mais profundo do que ela jamais poderia imaginar, e agora sabia que não havia mais volta. Estava presa naquele redemoinho sombrio, mas ao lado de Tharok, ela não via outra escolha senão continuar.

Tharok estava em silêncio, de pé ao lado da entrada da caverna, os olhos fixos na escuridão lá fora. Ele parecia uma estátua, imóvel, com os músculos tensionados como se estivesse à beira de uma batalha iminente. Ravik o havia desafiado, e agora ele sabia que não poderia continuar fugindo.

"Precisamos sair daqui," Tharok disse finalmente, a voz grave quebrando o silêncio. "Não estamos seguros. Ravik pode voltar a qualquer momento."

Alara assentiu, mas não se moveu de imediato. Seus pensamentos estavam girando com a revelação que Tharok fizera. Um pacto com um demônio... isso explicava a aura sombria que sempre o cercava, a dor silenciosa que ela via nos olhos dele. Mas agora, mais do que nunca, ela queria entender tudo.

"Tharok," ela começou, hesitante. "Você disse que fez um pacto. O que exatamente aconteceu?"

Ele permaneceu em silêncio por um longo tempo, antes de suspirar pesadamente e virar-se para ela. Havia uma luta interna clara em seu olhar, como se ele estivesse tentando decidir se devia ou não contar a verdade.

"Eu era um homem comum, muito antes de me tornar o que sou agora," ele começou, sua voz baixa e rouca. "Mas minha vida era uma sequência de desastres. Minha família morreu em um incêndio, perdi tudo o que me era querido. Estava desesperado, sem saída. Foi então que Ravik apareceu."

Ele fez uma pausa, a dor refletindo em seu rosto. "Ele me ofereceu poder, força... a capacidade de nunca mais ser fraco ou perder ninguém de novo. Em troca, eu servi a ele. Fiz coisas que você não pode imaginar, Alara. Matei por ele. Fiz o que ele mandava, até que minha alma estivesse tão manchada que eu mal podia me reconhecer."

Alara sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Tharok estava revelando os horrores de seu passado, e ela compreendia a profundidade do fardo que ele carregava.

"Mas houve um momento em que percebi que não poderia continuar assim. Tentei fugir. Me escondi, vaguei pelo mundo... até encontrar essa floresta, onde Ravik não podia me alcançar tão facilmente." Ele se aproximou dela, seus olhos penetrantes e sérios. "Mas quando te encontrei, tudo mudou. Eu sabia que Ravik me encontraria novamente, que ele usaria você contra mim."

Alara se aproximou de Tharok, colocando a mão suavemente em seu peito, sentindo o ritmo acelerado do coração dele sob seus dedos. "Eu não me importo com o que você fez no passado, Tharok. Você é mais do que suas escolhas. Se há uma chance de vencermos isso, eu vou ficar ao seu lado."

Ele a encarou por um momento, surpreso pela intensidade das palavras dela. Depois, algo nos olhos dele suavizou, como se parte do peso que ele carregava tivesse sido aliviado. "Você não deveria estar envolvida nisso," ele murmurou, mas havia uma gratidão profunda na voz dele. "Mas agora... agora é tarde demais."

Sem mais palavras, Tharok tomou a mão dela e a guiou para fora da caverna. A floresta lá fora estava imersa em uma neblina densa e escura, como se a própria natureza estivesse ciente do mal que os perseguia. Cada som, cada sombra parecia uma ameaça.

"Para onde vamos?" Alara perguntou, seguindo de perto enquanto eles se moviam pela floresta.

"Há um lugar," Tharok respondeu, sua voz tensa. "Um antigo santuário, protegido por magias antigas. Se conseguirmos chegar lá, Ravik não poderá nos tocar."

Eles seguiram em silêncio, a floresta se fechando ao redor deles. Cada passo parecia mais pesado, como se o tempo estivesse se arrastando, e o caminho se tornava cada vez mais denso e difícil de seguir. A noite começou a cair, e a escuridão parecia mais sinistra, como se estivesse esperando para devorá-los.

De repente, um uivo profundo ecoou pela floresta, fazendo Alara parar bruscamente. Seu coração disparou enquanto olhava ao redor, tentando localizar a origem do som.

"Estamos sendo seguidos," Tharok murmurou, os olhos estreitados enquanto ele escaneava a floresta.

Antes que Alara pudesse reagir, uma sombra se moveu rapidamente entre as árvores, e um vulto enorme e bestial surgiu da escuridão, avançando sobre eles. A criatura, com olhos brilhantes e garras afiadas, parecia uma fusão grotesca entre um lobo e algo ainda mais monstruoso.

Tharok empurrou Alara para trás, sacando rapidamente uma adaga curva que ele trazia escondida. Com um movimento fluido, ele avançou contra a criatura, seus movimentos rápidos e precisos. O som de metal contra carne ecoou pela floresta enquanto ele lutava contra o monstro.

Alara, paralisada por um momento, olhou em volta, tentando pensar em como ajudar. Ela pegou uma pedra do chão, o objeto mais próximo, e a lançou contra a criatura, tentando distraí-la. O monstro rugiu em fúria, mas Tharok aproveitou a distração para desferir um golpe final, cravando a adaga profundamente em sua garganta.

A criatura caiu com um estrondo, seu corpo desmoronando na terra úmida. Tharok ficou de pé, ofegante, coberto pelo sangue da besta, mas com os olhos cheios de uma fúria contida.

"Não foi o último," ele disse entre respirações. "Ravik está enviando mais."

Alara correu até ele, o coração ainda batendo forte. "Precisamos ir mais rápido, então."

Tharok assentiu, e eles começaram a correr pela floresta, o perigo logo atrás deles. As sombras pareciam se mover, acompanhando-os, e a sensação de que estavam sendo caçados ficava cada vez mais forte.

Mas, ao longe, uma luz suave começou a brilhar entre as árvores. O santuário estava próximo.

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