Capítulo 19: Ecos do Passado

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A floresta ao redor de Alara e Tharok estava silenciosa após o confronto com Ravik, mas o alívio da vitória foi rapidamente substituído pela sensação de algo não resolvido. Embora Ravik tivesse desaparecido, havia uma escuridão persistente no ar, um eco do poder que ele ainda poderia possuir em algum lugar, à espreita.

Alara, ainda recuperando o fôlego, sentiu um estranho formigamento em sua pele. O poder que havia usado contra Ravik a deixara exausta, mas, ao mesmo tempo, algo dentro dela despertara. Ela não sabia se deveria ter medo ou abraçar essa nova energia que pulsava em suas veias.

"Algo está errado," ela murmurou, seus olhos vagando pelas árvores ao redor. "Eu o derrotei, mas... não parece o fim."

Tharok assentiu, seus olhos também observando as sombras com cautela. "Ravik é astuto. Ele pode ter sido vencido agora, mas tenho certeza de que isso foi apenas uma parte do seu plano maior. Ele sempre tem uma saída."

Alara se levantou, apoiando-se levemente no braço de Tharok. O calor do toque dele ainda a confortava, mas ela sabia que precisavam manter o foco. O perigo não tinha acabado.

"Então, o que fazemos agora?" ela perguntou, tentando manter a voz firme, apesar de sua incerteza.

Tharok olhou para o horizonte, onde o luar iluminava uma pequena trilha que parecia levar à parte mais densa e inexplorada da floresta. "Precisamos de respostas. Se o santuário nos mostrou algo, foi que o destino de Ravik está de alguma forma entrelaçado com o seu. Devemos descobrir o que isso significa e como cortar esse laço de uma vez por todas."

Alara suspirou, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Ela havia vencido uma batalha, mas a guerra contra Ravik ainda estava longe de terminar.

Sem dizer mais nada, eles começaram a caminhar pela trilha que Tharok havia indicado. O silêncio entre eles era confortável, mas cheio de uma tensão subjacente. Cada passo que davam parecia levá-los mais fundo em uma verdade que Alara não sabia se estava pronta para enfrentar.

Após algum tempo, chegaram a um pequeno vilarejo esquecido no meio da floresta. As casas estavam abandonadas, cobertas de musgo e vegetação. Havia uma aura sinistra naquele lugar, como se as próprias paredes das casas guardassem segredos sombrios.

"Este é o vilarejo dos guardiões," Tharok explicou, sua voz baixa, quase em reverência. "Dizem que é aqui que os antigos que combateram Ravik viveram. Eles foram os primeiros a tentar selar o poder dele... e falharam."

Alara sentiu um calafrio percorrer sua espinha. "Falharam? Mas como?"

Tharok apontou para o centro da vila, onde havia uma pedra grande e esculpida com runas antigas. "Eles selaram Ravik uma vez, mas o pacto exigia um sacrifício contínuo. Os descendentes dos guardiões deveriam manter o selo ativo, mas com o tempo, eles esqueceram sua missão. E foi assim que Ravik começou a recuperar suas forças."

Alara se aproximou da pedra, sentindo a energia que emanava dela. As runas brilhavam fracamente sob a luz da lua, como se ainda estivessem vivas de alguma forma. "Então... se esse lugar é a chave para o selo, por que ele ainda está quebrado?"

Tharok hesitou por um momento antes de responder. "Porque eu fui um dos que falhou em proteger o selo. Eu fui... corrompido por Ravik."

Ela olhou para ele, surpresa. "O quê?"

"Eu era um dos descendentes dos guardiões," ele confessou, seus olhos sombrios e cheios de culpa. "Eu fui treinado para manter o selo, para proteger o mundo de Ravik. Mas quando ele me encontrou, ele usou meus medos e fraquezas contra mim. Eu me tornei sua ferramenta."

Alara não sabia o que dizer. A revelação de Tharok era devastadora, mas também explicava tanto sobre ele. O peso que ele carregava, o tormento interno que ela sempre sentira nele... tudo fazia sentido agora.

"Mas você não é mais dele," Alara disse com firmeza, pegando a mão de Tharok. "Você se libertou, e juntos, podemos consertar isso."

Ele olhou para ela, seus olhos carregando anos de arrependimento, mas também um brilho de esperança. "Espero que você esteja certa, Alara."

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Enquanto exploravam o vilarejo, Alara e Tharok encontraram um antigo templo, suas portas cobertas por vinhas e musgo. Ao empurrá-las, revelaram um interior sombrio e cheio de símbolos antigos, gravados em cada pedra e coluna. No centro do templo, havia uma estátua de uma figura envolta em sombras, com um semblante familiar.

"Esse é... Ravik?" Alara perguntou, surpresa ao ver uma representação dele naquele lugar sagrado.

Tharok assentiu, aproximando-se da estátua. "Sim. Antes de cair na corrupção, Ravik foi um dos guardiões mais poderosos. Ele era o líder. Mas a sede por poder o consumiu, e ele traiu a todos."

Alara tocou a base da estátua, sentindo um pulso de energia. "Então, para selá-lo, precisamos de algo mais do que apenas força. Precisamos entender como ele pensava, como ele chegou a esse ponto."

Tharok olhou para a estátua com um misto de tristeza e raiva. "E isso, Alara, é o que torna essa missão tão perigosa. Porque para derrotá-lo de vez, talvez tenhamos que seguir o mesmo caminho que ele seguiu. E isso... pode nos corromper também."

O silêncio entre eles foi quebrado apenas pelo som distante do vento que soprava através das árvores, enquanto ambos ponderavam sobre o terrível sacrifício que poderia estar à frente.

O destino os chamava mais uma vez, e o futuro era mais incerto do que nunca.

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