Alara mal conseguia processar o que havia acabado de acontecer. A pressão do corpo de Tharok contra o seu, os olhos dele brilhando através da máscara de caveira, e aquela sensação intensa de estar à beira de algo perigoso, misterioso e incrivelmente sedutor. A floresta ao redor parecia ter se fechado, isolando-os em uma bolha de tensão palpável.
Ela tentou controlar a respiração ofegante, mas era impossível. O toque de Tharok ainda estava gravado em sua pele, e o calor de sua presença parecia irradiar para dentro dela, inflamando algo profundo, algo que até então ela desconhecia.
"Você está confusa", Tharok sussurrou, sua voz grave reverberando como um eco distante. Ele ainda estava próximo demais, e cada palavra dele parecia deslizar por sua pele, despertando arrepios.
"Você... você me sequestrou?", Alara conseguiu perguntar, mesmo sabendo que essa não era a pergunta certa. Ela queria entender o que estava acontecendo dentro dela, mas a confusão a fazia tropeçar em suas próprias palavras. "O que quer de mim?"
Tharok inclinou a cabeça, como se estivesse se divertindo com o medo misturado à curiosidade nos olhos dela. "Sequestrar? Isso implica que você é uma vítima." Ele fez uma pausa, permitindo que suas palavras penetrassem. "E acho que você está longe de ser uma vítima agora, Alara."
Ela recuou, pressionando-se mais contra a árvore, mas ele não cedeu. A proximidade dele era sufocante, quase como uma armadilha invisível. "Eu não sou como você...", ela sussurrou, mais para si mesma do que para ele.
Ele soltou um riso baixo, que soou mais como um trovão contido. "Não é? Vamos ver."
Tharok se afastou ligeiramente, criando um espaço mínimo entre eles. Alara deveria ter sentido alívio, mas ao invés disso, sentiu o contrário — como se algo essencial tivesse sido arrancado dela. Aquela distância física apenas intensificava o que queimava entre os dois.
"Por que está fazendo isso comigo?" Sua voz finalmente saiu com mais força. O medo, a raiva, e algo mais... tudo se misturava dentro dela.
"Fazendo o quê, exatamente?" Ele parecia genuinamente curioso. "Você acha que é a primeira a vagar por essa floresta? A primeira a cruzar meu caminho?"
Alara sentiu o peito apertar. "Então por que não fez o mesmo com as outras? Por que ainda estou aqui, viva?"
Tharok ficou em silêncio por um momento, o que fez Alara questionar se ele responderia. Quando finalmente falou, suas palavras eram como uma lâmina afiada, cortando direto ao ponto.
"Porque você é diferente." Ele se aproximou novamente, e sua voz baixou, tornando-se um murmúrio íntimo. "As outras não tinham esse fogo dentro delas. Não como você."
Aquela frase fez o coração de Alara acelerar. O que ele via nela que a diferenciava? E por que uma parte dela... uma parte pequena, mas crescente, gostava de ser vista por ele desse jeito?
“Eu não sou diferente. Sou só... uma garota que se perdeu na floresta.” Ela tentou manter sua voz firme, mas soou fraca até para ela mesma.
“É mesmo?” Tharok inclinou-se ainda mais perto, tão próximo que ela sentiu a respiração dele por baixo da máscara. "Eu vejo você, Alara. E sei que, mesmo agora, no fundo, você está tão curiosa quanto eu."
Alara engoliu em seco. Aquelas palavras ressoavam, batendo em algo dentro dela. Por mais absurdo que fosse, havia uma verdade desconfortável. Havia uma parte dela que não queria fugir — não de Tharok, nem daquele momento.
Ela fechou os olhos por um segundo, tentando clarear a mente, mas as sensações eram avassaladoras. O cheiro da floresta misturado ao perfume amadeirado de Tharok, o calor dele, a escuridão ao redor... Tudo parecia convergir para aquele instante, um momento que poderia mudar tudo.
Quando abriu os olhos novamente, viu que Tharok estava observando cada pequeno movimento seu, como se estivesse esperando por algo. Ele estendeu a mão, e, por um segundo, Alara pensou que ele fosse tocar seu rosto novamente, mas ele hesitou.
"Eu posso te libertar de tudo isso, Alara. De suas dúvidas, seus medos... suas limitações." A voz dele era como um canto de sereia, impossível de ignorar. "Você só precisa me deixar entrar."
Alara sentiu o peso daquelas palavras. O que significava deixar alguém como Tharok entrar? Seria entregar-se completamente a ele, mergulhar na escuridão que ele representava? Ou seria se encontrar através dele, libertando algo em si mesma que ela ainda não compreendia?
"Eu não sei se consigo", ela admitiu, sua voz soando tão frágil quanto ela se sentia.
Tharok sorriu — ou pelo menos, ela sentiu que ele sorriu por trás da máscara. "Não precisa decidir agora. Mas saiba que, quando estiver pronta, eu estarei aqui. E a floresta... sempre estará te esperando."
Ele se afastou lentamente, e pela primeira vez desde que o encontrara, Alara sentiu o frio da noite verdadeiramente. A escuridão ao redor parecia ainda mais densa, e a sensação de vulnerabilidade a atingiu com força.
Tharok desapareceu entre as árvores, como se fosse parte da própria floresta, deixando-a sozinha com seus pensamentos. A pulsação em seus ouvidos era ensurdecedora, e o eco das palavras dele ainda vibrava em sua mente.
Ela respirou fundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções. Estava sozinha novamente, mas algo havia mudado. Alara sabia que, a partir daquele momento, sua vida jamais seria a mesma. Ela agora fazia parte de algo muito maior — algo sombrio e incontrolável.
E a pior parte? Uma parte dela queria mais.
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Halloween obsession
AléatoirePerdida na floresta na noite de Halloween, Alara encontra Tharok, um serial killer mascarado de caveira. Em vez de atacá-la, ele a ajuda, mas a tensão entre os dois é palpável. Tharok, acostumado à violência, sente um desejo incontrolável por ela, n...