Capítulo 4

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Naquela noite, o beijo de Thomas ainda estava na mente de Gael. Ele se revirou na cama, sem conseguir dormir. Era como se, com aquele beijo, uma porta tivesse sido aberta dentro dele, revelando desejos e emoções que Gael não sabia que possuía. Mas, ao mesmo tempo, havia uma inquietação crescente. Thomas parecia lindo demais — o sorriso, o olhar intenso, as palavras escolhidas com cuidado. Isso encantou Gael, mas também o deixou desconfiado.

Na manhã seguinte, Gael acordou mais cedo do que de costume. Tentou seguir sua rotina normal, preparando-se para mais um dia de aulas com os filhos de Ray Wu. Mas seus pensamentos continuaram voltando para Thomas. Algo o incomodava. A tensão com Ray Wu também não ajudou; o comentário dele sobre "pessoas que sabem ficar no próprio lugar" ainda ecoava em sua cabeça. Gael sentiu que estava sendo observado, talvez até testado.

Durante as aulas, ele manteve a compostura. Os filhos de Ray Wu eram inteligentes, e Gael tinha orgulho do progresso que eles tinham, seguindo sua orientação. No entanto, a cada pausa, seus pensamentos voltaram para Thomas e o encontro da noite anterior. Havia algo ali, uma atração que Gael não conseguia ignorar.

Ao final da tarde, depois de deixar a mansão dos Wu, Gael decidiu caminhar pela praia. A brisa do mar e o som das ondas geralmente o acalmavam, mas hoje isso não estava funcionando. Ele sentiu a mente agitada, cheia de perguntas sem respostas. Quando finalmente chegou em casa, senti o celular vibrar.

Era uma mensagem de Thomas:

"Posso te ver hoje à noite?"

Gael hesitou por um instante, mas a curiosidade venceu. Ele respondeu com um simples "Sim".

Mais tarde, naquela noite, Thomas chegou pontualmente, como sempre. Ele parecia mais relaxado do que antes, mas havia um brilho nos olhos que Gael ainda não conseguia entender.

— Pronto para uma surpresa? — Thomas disse com um sorriso, abrindo a porta do carro para Gael.

— Isso depende... — Gael respondeu com um sorriso tímido. — Que tipo de surpresa?

— Uma boa, prometo. — Thomas piscou, ligando o carro.

Eles dirigiram pela cidade até um pequeno restaurante à beira-mar, longe das áreas turísticas de Honolulu. Era um lugar discreto, mas com uma vista deslumbrante do oceano sob a luz da lua. Thomas optou por uma mesa mais afastada, garantindo que tivessem privacidade.

A conversa fluiu naturalmente durante o jantar. Gael começou a relaxar, esquecendo um pouco das dúvidas. Thomas era charmoso, inteligente e havia uma química inegável entre eles. A atração física era intensa, mas Gael também sentia que algo mais profundo estava surgindo. Durante o jantar, Thomas fez perguntas sinceras sobre a vida de Gael, seu trabalho, sua infância. Gael, por sua vez, começou a se abrir, falando sobre suas motivações e seus sonhos.

Mas nem tudo foi tranquilo. Em determinado momento, o celular de Thomas vibrou. Ele deu uma rápida olhada, e Gael notou uma mudança sutil em sua expressão — algo que não era comum. Thomas rapidamente desligou o aparelho e voltou sua atenção para Gael, mas aquele pequeno momento deixou Gael desconfiado.

—Algum problema? — Gael disse, arqueando uma sobrancelha.

— Nada demais, apenas... trabalho. — Thomas sorriu, mas Gael pôde ver que ele estava escondendo algo.

Apesar da breve desconfiança, Gael decidiu não prosseguir. A noite estava indo bem, e ele não queria estragar o momento. Quando terminaram o jantar, Thomas o levou de volta para casa.

Ao chegar na frente do prédio de Gael, Thomas estacionou o carro e ficou em silêncio por um momento, olhando para Gael com uma intensidade ainda maior do que antes.

Dano Colateral - Romance LGBTOnde histórias criam vida. Descubra agora