— Co.. Como você sabe meu nome? - Gael falou desconfiado.
— Ontem, depois que você saiu, conversei com a Paloma — disse Thomas, apontando para a atendente. — Ela me contou que você toma café aqui todo dia, sempre no mesmo horário. Disse também que às vezes você pede algo para viagem, e é por isso que sei seu nome. Ela escreve no pacote do seu salgado.
— Isso é uma invasão de privacidade — Gael retrucou, seu desconforto aumentando.
— Não, é só interesse — Thomas respondeu, tranquilo, mas direto.
— Eu já te disse que não sou rico! — Gael repetiu, a irritação evidente em sua voz.
— E eu já me ofendi ontem, e agora estou ofendido de novo. Não estou atrás do seu dinheiro, Gael. Eu tenho meu próprio dinheiro.
— Desculpe. Mas...
— Tudo bem — Thomas interrompeu, respirando fundo. — Apenas tome café comigo, me conheça. Por favor. Deixe-me redimir o fato de ter derramado seu café ontem.
Gael olhou para o café esfriando em suas mãos. Não sabia ao certo como reagir a Thomas, mas algo em sua insistência o deixava curioso, embora desconfiado.
— Tudo bem... o café está esfriando. — Ele tomou um gole, sentindo a familiaridade do sabor. - Thomas sorriu, aliviado. — Se ela sabe exatamente o que eu gosto, por que me pergunta todo dia o que vai ser?
— Trabalho automático, imagino. — Ele deu de ombros. — Mas, voltando ao que interessa o nosso café? – Ele o olhou nos olhos.
— Eu já te disse que não sou rico, então...
— Ei, já falamos disso.
— Me deixe terminar. Por favor. - Thomas assentiu, respeitoso.
— O que você quer? Olha pra você... olha pra mim. Isso não faz sentido — Gael continuou, sua voz rápida e nervosa. — Eu devo estar entendendo errado. Talvez você só queira fazer um amigo, mas essas coisas não acontecem assim, sem motivo. Se quer ser meu amigo, tudo bem... e desculpa por achar outra coisa.
Thomas riu suavemente, inclinando-se para frente.
— Só estamos tomando um café, Gael — disse ele, com um sorriso que misturava diversão e algo mais profundo, quase provocador.
Gael o encarou, sentindo o calor subir pelo rosto.
— Não — Gael sacudiu a cabeça. — Desde ontem, você está... se aproximando de mim. Por quê? O que você realmente quer?
Thomas o observou por um momento, o sorriso se desvanecendo. Havia algo nos olhos de Gael, uma vulnerabilidade que ele não esperava. Ele percebeu que Gael estava em guarda.
— Eu te disse — Thomas começou, sua voz mais suave. — Eu gosto de você, Gael. Quero te conhecer melhor, só isso.
Gael olhou para Thomas, ainda desconfiado, mas tentando esconder isso por trás de uma expressão neutra. Havia algo naquele homem que o deixava intrigado, mas ele não conseguia identificar o quê. Talvez fosse o jeito confiante com que Thomas se movia, ou a forma casual, mas intensa, com que seus olhos sempre encontravam os dele.
— Então — disse Gael, quebrando o silêncio — você realmente não vai me dizer por que tem tanto interesse em mim?
Thomas sorriu, um sorriso que parecia ao mesmo tempo sincero e enigmático.
— Eu já disse, Gael. Não é tão complicado assim. Eu gosto de você. Quero te conhecer melhor.
Gael olhou para o copo de café na mesa, tentando processar aquela resposta. Ele não estava acostumado a esse tipo de atenção, especialmente vinda de alguém como Thomas. Alto, bem-vestido, com uma postura que denunciava segurança e determinação. Tudo isso parecia tão distante do mundo simples que Gael tentava manter.
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Dano Colateral - Romance LGBT
RomanceGael Dubois, um preceptor renomado, é conhecido por sua discrição e seriedade ao trabalhar com filhos da elite global. Ao aceitar um trabalho no Havaí para o enigmático empresário Ray Wu, ele desconhece um detalhe crucial: Wu é um mafioso chinês pro...