Dano Colateral - Romance LGBT

Capítulo 1

A máfia chinesa expandia seus tentáculos além de suas fronteiras, forçando as agências internacionais a unirem forças e criarem uma divisão especial para a ação. Agentes altamente qualificados eram enviados ao redor do mundo, e entre eles estava Thomas O'Brien, um veterano da CIA. Sua nova missão? Investigar Ray Wu, um empresário chinês que escondia um império criminoso por trás de sua fachada. Wu havia se estabelecido no Havaí, sob o pretexto de oferecer aos filhos uma vida de luxo e segurança. O governo americano, porém, sabia que havia muito mais sob essa superfície.

Como todo magnata poderoso, Wu contratara os melhores para cuidar de seus herdeiros, e o nome de Gael Dubois, o preceptor mais requisitado do mundo, surgiu rapidamente. Fluente em dez idiomas, com vasto conhecimento em negócios e política global, Gael era o tipo de profissional que atraía os olhares dos mais poderosos. O que ele não sabia era que se aproximava, sem saber, de um redemoinho de conspirações e vigilância.

Recém-chegado a Honolulu, Gael estava se adaptando à sua nova rotina. Seu pequeno apartamento nos arredores da cidade era modesto, mas oferecia uma vista espetacular da praia de Lanikai, e ele valorizava suas caminhadas matinais até a casa de Ray Wu. Um de seus rituais era parar na mesma cafeteria para tomar café e organizar seu dia, como fazia naquela manhã.

Como em todas as manhãs, pediu seu café e se sentou em uma mesa para checar suas anotações. Estava distraído, quando um homem, que passava ao lado de sua mesa esbarrou em seu café, sujando seus papéis e sua roupa. Ele olhou assustado para o homem.

— Me desculpe! — disse o homem, visivelmente atrapalhado. — Sou um desastre.

— Tudo bem — Gael respondeu, tentando salvar suas anotações e finalmente erguendo os olhos para o homem.

— Deixe-me pagar outro café. — Ele sorriu, enquanto estendia a mão. — Meu nome é Thomas, aliás.

Gael o olhou por um instante, avaliando. Algo naquele homem lhe despertou uma sensação estranha.

— Não precisa, não tenho tempo — Gael disse, tentando manter a distância.

— Por favor, eu insisto. Não posso te deixar com essa má impressão. – Ele estendeu a mão sorridente.

— Eu não sou rico. – Gael respondeu secamente.

— Desculpe. O que?

— Isso mesmo que ouviu. Eu trabalho por aqui, tomo café aqui todos os dias, mas não sou uma dessas pessoas ricas. Então, não precisa continuar tentando. - Thomas franziu a testa, confuso, mas logo riu.

— Você acha que estou atrás de alguém por dinheiro? Essa é nova. — Thomas deu um sorriso largo, e Gael corou, sem graça. Sentindo-se exposto, Gael começou a juntar seus papéis de maneira desajeitada.

— Caras como você não se interessam por caras comuns como eu, isso é um fato, então a lógica aqui é a de que você imaginou que eu...

— Tudo bem, eu não causei uma boa impressão sendo desastrado, entendi... Você se acha comum? Sério mesmo? Você não tem se olhado no espelho, não é? – Gael corou instantaneamente.

— Eu preciso ir. — Ele saiu apressado, deixando Thomas para trás, com um sorriso intrigado nos lábios....

O resto do dia de Gael passou arrastado. Ele não conseguia tirar aquele breve encontro da cabeça. A expressão de Thomas, a leve provocação, o jeito como o olhara... fazia tempo que não se sentia assim. Seu trabalho sempre fora sua prioridade, e ele havia aprendido a evitar envolvimentos. Mas algo em Thomas havia mexido com ele.

Do outro lado da cidade, Thomas também estava pensativo. Em sua casa, que funcionava como escritório de detetive particular e ponto de encontro para seus amigos, ele tentava entender a confusão de emoções que Gael lhe causara.