Operação Princesa Escondida

Epílogo

Agradeço aos que esperaram pacientemente pelo epílogo que venho prometendo há anos. Não é como se isso chegasse aos pés do que eu realmente tinha pensado em escrever, mas é o que tenho a oferecer como desfecho para essa história.

Boa leitura!

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O vento gélido daquela manhã acariciava sua pele pálida. O céu, adornado por poucas nuvens e o sol nascente, pairava sobre montanhas que reluziam em um verde vibrante, como uma cena pintada à mão. Ela sentiu mãos quentes envolverem sua cintura, e um sorriso suave floresceu em seus lábios.

— Acordou cedo mais uma vez. — ouviu uma voz familiar e acolhedora.

— Minha mãe sempre dizia que rainhas responsáveis levantam antes mesmo do sol acordar. Só estou cumprindo meu papel. — ela se aconchegou em seu peito, sentindo a segurança de seu abraço.

— Quem diria, rainha Charlie, fiel aos velhos ensinamentos de sua mãe. — ele brincou com um sorriso nos lábios.

— Espero ser tão boa rainha quanto ela foi. — disse, com um brilho de esperança nos olhos.

— Você já é uma rainha maravilhosa, ruiva, e será ainda melhor. — beijou o topo de sua cabeça — E nossa filha será a princesa mais linda e forte que esses reinos já viram. — ele respondeu, acariciando a barriga de Charlie, já visivelmente arredondada pelos seis meses de gestação.

Cinco anos haviam se passado desde o dia em que Charlie achou ter perdido tudo: o amor de sua vida e o reino que um dia governara. Durante a invasão ao palácio da Ilha dos Rebeldes, o rei Luke feriu Jake, acreditando tê-lo matado. Felizmente, os soldados da Ilha Branca chegaram a tempo para o salvar, mas ele ficou em coma por um ano, mergulhando Charlie em meses de dor e angústia.

Naquele dia, rei Luke foi finalmente capturado e julgado por seus crimes — tanto contra seu próprio povo quanto contra as ilhas vizinhas. Ele foi condenado por suas ações, incluindo a tentativa de assassinar Jake Will e a devastação social e econômica que trouxe à Ilha Branca, cujas cicatrizes ainda eram visíveis nos dias do reinado de Charlie.

Finalmente, depois de tantos anos de humilhação, Sebastian foi nomeado rei de Ó'pio. Após o início de seu reinado, seu povo pôde ver o grande contraste em relação ao reinado de Luke, que agora é prisioneiro em Ó'pio. Os rebeldes, ao contrário do que muitos pensam, nunca foram vilões; apenas encontravam maneiras de sobreviver em meio ao caos em que viviam. Hoje, podem desfrutar do tempo de paz que Sebastian tem proporcionado. Com a queda nos investimentos em guerra, a economia da ilha cresceu de forma significativa, e agora o povo pode viver de maneira honrosa.

Os dias de glória finalmente haviam chegado. Depois de tanto caos e sofrimento, Charlie reencontrou sua família e, com eles, recuperou o fôlego de vida que tanto precisava. Parecia um sonho impossível, mas ali estava ela, vivendo a plenitude de um amor que superou até a morte. Flashbacks daqueles tempos difíceis atravessaram sua mente: a saudade de Jake, o medo de perdê-lo para sempre e a dor de viver sem ele.

Dois anos antes, seus pais, Clair e Charles, renunciaram aos títulos de rei e rainha e se mudaram para Roma, foram em busca de seus sonhos. Com isso, Charlie assumiu o trono ao lado de seu amado Jake, agora seu rei. E em seu ventre, carregava o fruto desse amor: a princesa Arabella, a tão esperada herdeira.

— Ai, quanta melação a essa hora da manhã. — a voz resmungona de Melanie quebrou o momento.

— Bom dia pra você também, Mel. — Jake brincou, com uma careta no rosto.

— Você tem um compromisso hoje, Charlie. — Mel informou, ignorando Jake, com um leve sorriso, ao que Charlie acenou em concordância.

Melanie era mais do que uma secretária; ela era o braço direito de Charlie no palácio. Sua mãe, chefe da cozinha real, também era uma presença constante, alegrando a todos com suas mãos de fada. Ambas deviam muito à generosidade e bondade de Charlie.

— Obrigada por me lembrar, Mel. Aliás, será que você pode pedir à Lia para fazer aquele bolo de nozes que só ela sabe preparar? — Charlie pediu com os olhos brilhando. Ela sempre foi apaixonada por aquele bolo.

— Isso é desejo de grávida ou só uma desculpa? — Mel perguntou, rindo.

— Quer que minha filha nasça com cara de bolo? — Jake entrou na brincadeira, arqueando uma sobrancelha.

— Ah, deixa de ser chato, Jake. Não sei como ela te aguenta. — resmungou Mel, antes de sair revirando os olhos.

— Você sabe que eu posso te mandar pro olho da rua, não é? — gritou Jake em implicância. Os dois eram como cão e gato.

Quando Jake voltou a olhar para Charlie, seus olhos a fixaram como se enxergassem o mundo inteiro nela. A beleza de Jake era deslumbrante, tanto por fora quanto pelo que ele era por dentro, e havia provado que faria qualquer coisa por ela — o possível e o impossível. Só de imaginar perdê-lo outra vez, o coração de Charlie apertava.

— Eu estava pensando... que tal um jantar especial hoje à noite? — ele sugeriu, segurando as mãos dela.

— Um jantar? — ela perguntou, curiosa, sem conseguir conter o sorriso que nascia no canto dos lábios.

— Sim, um jantar. — ele confirmou, com um brilho nos olhos.

Charlie acenou com a cabeça, em concordância.

— Muito bem, minha rainha, seu marido agora precisa cumprir alguns deveres reais. — disse enquanto se afastava para vestir seu casaco — Como diria Tio Ben: "Com grandes poderes..."

— "Vêm grandes responsabilidades." — completou Charlie, observando-o com carinho enquanto ele se preparava para sair. Mal podia esperar para estar novamente com o grande amor de sua vida naquela noite.

No final, Charlie e Jake descobriram que, por mais que a vida fosse cheia de incertezas e momentos difíceis, sempre havia um caminho de volta à luz. Eles haviam perdido pessoas importantes, enfrentado desafios que pareciam insuperáveis, e, em alguns momentos, quase sucumbiram ao peso de tudo. Mas ali estavam, de pé, lado a lado, provando que o amor e o apoio daqueles ao seu redor tinham o poder de restaurar até as partes mais quebradas. Nem tudo seria sempre perfeito, e eles sabiam disso. Haveria dias difíceis, noites de incerteza. Mas, ao olharem um para o outro e para tudo que haviam superado, entenderam que, mesmo quando as coisas pareciam não ter solução, o tempo, o afeto e a força do laço que compartilhavam fariam tudo voltar a se alinhar. A vida segue, os obstáculos aparecem, mas no final, de alguma forma, tudo se acerta. E, com o coração aberto, eles seguiram, prontos para o que viesse, sabendo que, juntos, conseguiriam enfrentar qualquer tempestade e encontrar a paz novamente.