Cicatrizes invisíveis - Rebeca Andrade e Simone Biles.

16 - a thread of hope.

Oiie gente! Demorei mas apareci haha. Boa leitura<3

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Pov - Rebeca.

Após o treino, ainda sentia o peso da conversa com Simone. A brisa fresca de Paris não conseguia dissipar a frustração que se acumulava dentro de mim. Sentada em um banco à beira do Sena, olhei para a água refletindo o céu. Minhas emoções estavam tão tumultuadas quanto aquelas pequenas ondas.

As luzes da cidade começaram a brilhar à medida que o sol se punha, e pensei em como, antes, cada momento ao lado de Simone era especial. Agora, tudo parecia nebuloso, como se estivéssemos perdendo algo importante.

Decidi que precisava desabafar, e não havia ninguém melhor para isso do que Lorrane, minha melhor amiga. Ela sempre soube como me fazer ver as coisas de uma nova perspectiva. Enviando uma mensagem, combinei de nos encontrar em um café acolhedor que costumávamos frequentar.

Quando cheguei, Lorrane já estava lá, com um sorriso acolhedor. - Oi, Rebe! Você está bem? O que aconteceu?

Sentei-me à sua frente, tomando um gole do café. - Oi Lolo! É sobre a Simone. As coisas estão meio confusas entre nós, e não sei como lidar com isso.

- Confusas como? - Lorrane perguntou, inclinando-se para frente, interessada.

- Hoje à tarde, tive uma conversa com ela que não foi bem. Eu mencionei o que o Jonathan fez na noite da festa, porque estava preocupada com a maneira como ele tem se aproximado. Mas ela ficou defensiva, como se eu estivesse duvidando da capacidade dela de lidar com a situação. Foi frustrante.

Lorrane franziu a testa. - Isso não soa bom. E o que você sente por ela? Isso vai além do caso que vocês tem, não é?

Suspirei, buscando as palavras. - Acho que sim. Me preocupo muito com ela e quero protegê-la, mas também sinto algo mais profundo. Estou confusa sobre como lidar com isso, principalmente agora que as finais estão se aproximando.

- Entendo. Mas você já pensou em falar sobre seus sentimentos com ela? Lorrane questionou.

- Sim, mas eu não consigo. Não sei se esse é o momento certo. A competição está tão perto de voltar, e tenho medo de que isso possa afetar o que temos, especialmente se ela não sentir o mesmo. Não estou preparada para essa rejeição.

Lorrane olhou nos meus olhos. - Rebeca, é compreensível hesitar, mas ser honesta sobre seus sentimentos pode ser a chave para vocês duas. Não quero que você se arrependa de não ter falado.

- Eu sei, mas não quero colocar pressão nela. Talvez seja melhor esperar até depois da competição, quando as coisas estiverem mais calmas. O que você acha?

Lorrane deu um sorriso encorajador. - Se é o que você sente, então pode ser a melhor decisão. Mas lembre-se de que, se não falar agora, você pode se sentir presa nessa incerteza por mais tempo.

Um silêncio confortável se estabeleceu enquanto eu refletia. - Obrigada, Lô. Você sempre sabe como me fazer ver as coisas de forma diferente.

- Estou aqui para isso! Ela deu uma piscadela. - E lembre-se, qualquer que seja o resultado, você sempre terá meu apoio.

Sentindo-me um pouco mais leve, continuei a conversar com Lorrane, planejando como poderia abordar a situação com Simone, mesmo que decidisse esperar. Precisava ser honesta, não apenas comigo mesma, mas também com ela, quando chegasse a hora certa.

Enquanto conversávamos, uma ideia começou a tomar forma em minha mente. O clima descontraído do café e a presença de Lorrane tornavam tudo um pouco mais fácil de suportar. - Sabe, talvez eu possa fazer algo especial para a Simone. Uma maneira de mostrar que me importo, especialmente com as competições se aproximando. Quero que ela sinta meu apoio, independentemente de como as coisas estejam entre nós.

- Isso é uma ótima ideia! - Lorrane exclamou. - Um gesto pensativo pode fazer maravilhas. O que você tem em mente?

- Talvez um piquenique à beira do Sena, como aqueles que costumávamos fazer no verão. Poderíamos relembrar bons momentos e, quem sabe, encontrar um espaço para conversar sobre o que está acontecendo, especialmente com toda a pressão da competição.

Lorrane sorriu, apoiando a ideia. - Adorei! Um ambiente relaxante pode ajudar a quebrar o gelo. E você pode usar isso como uma oportunidade para falar sobre seus sentimentos, sem pressão.

Fui me animando com a ideia, imaginando os detalhes: uma toalha xadrez, algumas das comidas favoritas de Simone e, claro, a possibilidade de uma conversa franca sobre nós. - Acho que vou fazer isso! Mas preciso encontrar um jeito de deixar tudo perfeito.

- Você sempre faz isso! Lorrane disse, com um sorriso. - Você se importa, e isso é o que conta. Agora, só precisa de coragem.

O que parecia impossível antes começou a se tornar mais claro. Um plano simples, mas significativo, poderia ser a chave para abrir a porta para uma conversa mais profunda, especialmente com a pressão das Olimpíadas pairando sobre nós.

Depois de mais alguns minutos de conversa e risadas, me despedi de Lorrane, já animada com a ideia do piquenique. Enquanto caminhava pelas ruas de Paris, sentia que a frustração que antes me consumia estava dando lugar a um fio de esperança.

Chegando na vila, comecei a planejar o piquenique: escolhi uma data, fiz uma lista de coisas para comprar e até pensei em algumas músicas que poderiam tocar ao fundo. A cada item que acrescentava à lista, sentia que estava me preparando para algo maior do que apenas um encontro; era uma oportunidade de reconexão em meio ao turbilhão das competições.