CAPÍTULO 3

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MAHARA HASSAN

O primeiro dia de aula estava concluído.

Agora era hora do serviço.

Cheguei abatida. Hoje tive cinco aulas e na última a minha alma já tinha saído do corpo, inclusive, para começar da melhor forma, a professora decidiu que era um belo dia para analisar defuntos.

Viva à medicina.

Saí da faculdade correndo para pegar o ônibus e, incrivelmente, ele não passou, então fiquei mais uma hora esperando o próximo chegando meia hora atrasada no serviço. Ainda bem que meu patrão era de boa.

Zamira já me mandou mensagem dizendo que passaria na escola da Lasya mais tarde para ir buscá-la e Kailani era provável que ainda estava no hospício, vulgo faculdade.

Amarrei meus fios lisos com a piranha de costume e saí do vestiário, seguindo até a barulheira das pessoas conversando e talheres batendo. Felizmente, este bar era bastante movimentado e famoso graças às bebidas diferenciadas e coloridas que rolavam de noite, feitas pelo barman, e as panquecas deliciosas.

— Boa tarde, Mah. — Disse Mason um dos meus colegas, enquanto limpava o balcão.

— Oii Mason. — Apoiei os cotovelos em cima da estrutura de madeira. — Como você está?

— Cansado, está uma zona hoje. — Lançou o pano para cima do seu ombro. — Estou pensando em passar no toppers depois do serviço.

Toppers era um dos bares mais conhecidos da noite. Era onde Mason e sua banda costumavam tocar, eles eram o entretenimento daquele lugar. Confesso que nunca fui, apesar da Kailani me atormentar para ir.

— Apoio. — Motivei-o, fazendo joinha.

— Ó! Clientes chegaram. — Ele fez um gesto com a cabeça para o lado direito.

Segui seu olhar e me deparei com a galera do campus entrando. Era um grupo grande, entre eles, reconheci o Felipe Alves, ou mais conhecido como um dos melhores jogadores de futebol americano e melhor amigo da Kira.

Eu não era amiga dele, só o conhecia de longe e pelos comentários da Kailani, uma vez que estavam cursando o mesmo curso e as reclamações e xingamentos da Zamira, afirmando que não o suportava.

Logo atrás dele adentrou uma cabeleira loira e olhos azuis, rindo com suas amigas e cochichando. O grupo entrou causando alvoroço e marcharam em direção às mesas do fundo.

— Tenho mesmo que ir atendê-los? — Fiz um biquinho, desanimada.

— Finge que a loira do banheiro não está lá. — Piscou para mim e saiu, soltando uma risadinha.

Não quis rir, mas o riso acabou saindo com algum peso na consciência.

Tirei o bloco de notas e uma caneta do meu bolso traseiro do jeans e caminhei até eles com calma. Lipe foi o primeiro a notar a minha presença e assobiou alto, obrigando todos a se calarem e me observarem.

Cocei a garganta um pouco desconfortável e abri o sorriso mais falso, inquirindo:

— Boa tarde, já sabem o que vão pedir?

Com isso, eles começaram a dizer o que queriam comer. Anotei os pedidos rapidamente na folha de papel, enquanto os diálogos prosseguiam.

— E você? — Apontei a caneta para a Barbie. Era a única que faltava.

— Eu como o mesmo de sempre. Como você não sabe isso? — Indagou com desdém.

— Tenho muitos clientes e vejo caras diferentes todos os dias, é difícil decorar o pedido de todos. — Forcei simpatia. — Então, o que vai ser?

Ritmo da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora