CAPÍTULO 11

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MAHARA HASSAN

— Como ela está? — Escutei a voz da Kailani vindo da sala.

— Dormindo, ela está mais calma. — Respondeu Zamira.

Após a crise de choro aconchegada nos braços da Zamira. Ela preparou um chá para mim, eu bebi e ela me fez companhia aqui no quarto até eu adormecer. Consegui dormir e acordei há pouco tempo. Dormir aliviou a dor de cabeça causada pela conversa com Ayana.

— Passei lá no trabalho dela, explicando que Mahara não está se sentindo bem para ir trabalhar, seu chefe foi muito simpático e compreensível. — Lani continuou falando.

— É claro, ele sabe que a Mah só falta no trabalho por dois motivos, a irmã e questão de vida ou morte. — Seguiu Zamira.

Ergui o corpo e me sentei, encostando as costas no encosto da cama. Devagar, coloquei as pernas para fora e me levantei.

Minhas melhores amigas continuaram conversando e nesse meio tempo, caminhei lentamente até a porta, abri e sai, me conduzindo em direção à sala. Kailani foi a primeira a me encontrar. Ela sorriu e parou de responder Zamira.

— Como você está? Dormir aliviou? — Ela estava sentada no sofá com as pernas cruzadas.

— Aliviou. Obrigada por vir também. — Agradeci, me relaxando contra a parede.

Zami também me deu um sorriso com os lábios colados um no outro e ajeitando seus óculos.

— Falei com seu patrão. Você não precisa ir trabalhar hoje. — Kailani avisou, mas eu já sabia. Tinha ouvido a conversa delas.

— Obrigada, Lani.

— Vem, senta no meio da gente. — Lani deslizou um pouco para o lado, batendo a mão no móvel.

Sem protestar, fiz o que foi sugerido. Assenti e cruzei as pernas, imitando as posições delas.

— Você já se sente confortável para nos contar o que aconteceu? — Indagou Zami.

— Como vocês sabem, Ayana nos liga através do telefone da casa. — Soltei um suspiro longo. — E quem costuma atender é Lasya, e ontem minha irmã veio com uma conversa estranha que deveríamos ajudar a nossa mãe e que eu era egoísta por não me importar com Ayana. Com isso, eu me estressei e gritei com Lasya, mas depois entendi que a culpa não era dela. Ayana estava se aproveitando da bondade da minha irmã.

— Ela está manipulando sua irmã? — Inquiriu Lani.

— Sim, falando que está tentando mudar e que sente saudades de nós. E aí, cansada dessa palhaçada, essa manhã liguei para ela. Pela primeira vez, conversei com aquela mulher desde que abandonei Santa Mônica.

Enquanto explicava, sentia a mão de Kailani acariciando minhas costas.

— A conversa foi horrível. A ligação começou com um homem aleatório a xingando e falando que já tinha pagado e que era para ela ir embora da casa dele. Me mostrando que Ayana continua dormindo com homens, ela não tinha mudado. Depois, a gente discutiu. Ela disse que eu não era mãe de Lasya, que fugi com a filha dela.

— E você disse o quê? — Foi a vez da Zamira.

— Disse que nunca iria deixar minha irmã crescer naquele ambiente desumano e que uma mãe não chama sua filha de aberração. Falei para ela nunca mais iludir Lasya e parar de nos ligar. Nisso, quando eu ia desligar na cara dela, ela me ameaçou, disse que vai acabar com minha vida e que vai tirar a Lasya de mim, pelo que percebi.

Não estava chorando. Proferi as palavras num tom neutro, fitando a televisão do apartamento.

— O que me machucou tudo nisso é que eu faço tudo por Lasya. E ontem, doeu escutar a palavra egoísta. — Entrando nesse assunto, o nó se formou na garganta. — Eu pago seu acompanhamento médico que custa uma fortuna numa clínica particular. Essa merda de país não tem um sistema de saúde pública. Lasya não tem acompanhamento na escola, o que me facilitaria muito. Pago sua escola, pago a minha faculdade. Arrumo mil trabalhos extras para além do que já tenho para ter dinheiro. Faço de tudo para não passarmos necessidades, não faltar comida em casa. TUDO! E ainda assim, às vezes preciso depender de vocês. — As lágrimas desciam sem controle. — Não gostaria de depender... — Funguei baixinho. — E..... Porra... — Me descontrolei e baixei a cabeça, fitando as mãos.

Ritmo da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora