Capítulo 57: Quero ficar aqui.

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Kaden se aproximou de mim muito lentamente, enquanto eu o encarava com minha pulsação disparada. O sangue latejando na minha cabeça enquanto eu tentava pensar direito, porque era difícil quando ele estava bem na minha frente, com o peito nu brilhando em gotas de água e os olhos queimando sobre mim como se ele nunca pudesse parar de me olhar.

—Por que justamente eu seria algo que você deseja? —Questionei, umedecendo os lábios com a língua quando Kaden franziu a testa em confusão, enquanto eu puxava o ar com força e tentava não deixar meus sentimentos confusos falarem mais alto. —O que eu tenho de tão especial assim pra você?

—Que tipo de perguntas são essas? —Kaden indagou, cruzando os braços na frente do peito e erguendo uma das sobrancelhas pra mim. —É tão estranho pra você que alguém possa se interessar por quem você é?

—A questão é que eu não sou nada. Eu não tenho absolutamente nada de especial. —Afirmei, deixando aquela frustração e todas as dúvidas que cresciam dentro de mim explodirem. —Você esteve no meu quarto no castelo. Viu como eu vivia. Eu era só uma criada que vivia escondida entre as paredes do castelo. Eu não era nada.

—Você está sempre se enganando sobre as coisas, princesa, mesmo quando eu sei que você é inteligente e nada ingênua. —Kaden segurou meu rosto com as duas mãos, roubando todo ar de dentro de mim quando roçou os lábios nos meus. Uma sensação arrepiante atravessou minha pele, se concentrando no meu ventre. —Você tem todas as coisas especiais que fariam um clã inteiro cair de joelhos aos seus pés.

—Que coisas? —Questionei, porque precisava ouvir da boca dele todas elas. Não conseguia entender como alguém como ele poderia olhar pra alguém como eu. Não me considerava feia, mas eu não tinha nada além de um nome. Não era como as vampiras que ele provavelmente conhece, com uma beleza avassaladora de tirar o fôlego.

—Inteligência, esperteza, força, gentileza, coragem... —Kaden sorriu, balançando a cabeça enquanto os olhos devoravam os meus. Aquelas manchas pretas no meio da cor azul parecendo um sonho profundo e bonito. —Você foi corajosa para fingir ser uma princesa e me enganar. Você teve coragem de enfiar uma faca em mim, mesmo quando estava com medo. E você teve a ousaria de roubar informações importantes de dentro do escritório do nosso inimigo, antes de mantar tudo pelos ares.

Kaden segurou meu queixo e o ergueu, enquanto eu puxava o ar com força ao sentir meu peito subir e descer rápido demais. Minha boca estava seca, porque os lábios dele estavam próximos demais e eu sentia a vontade de Kaden de me beijar pela forma que ele me olhava e me tocava. O desejo de que eu acreditasse nas palavras dele e soubesse que eram reais.

—Você cresceu como uma criada, mas sabe muito bem como ser uma rainha. —Fechei meus olhos quando as mãos dele deslizaram pelas minhas bochechas. A respiração pesada se misturando com a minha, enquanto ele me tocava com desejo e desespero. —E você se parece tanto com a gente, que me pergunto o tempo todo como é possível você ter nascido do lado errado daquela muralha.

Kaden encostou a testa na minha. Os lábios deslizando pelos meus antes de tocar minhas bochechas e depois meu queixo. Inclinei minha cabeça para trás quando ele beijou minha garganta. A respiração ficando presa na minha boca quando senti que poderia derreter nos braços dele com aqueles beijos carinhosos demais. Tanto carinho e desejo que meu corpo latejava de euforia.

—Não consegui parar de pensar em você desde que a vi pela primeira vez, Avery. Era como se seu cheiro tivesse grudado em mim, me guiando de volta pra você sempre que eu tentava me manter afastado.

A boca dele encontrou a minha. O beijo foi uma mistura de alivio com desespero, porque parecia que nem ele seria capaz de aplacar a fome que crescia dentro de nos dois. Abracei os ombros de Kaden, apertando meus olhos com força quando a língua dele mergulhou na minha boca, buscando meu gosto como se ele estivesse agoniado por isso.

Deslizei minhas mãos pelos ombros dele e escorreguei pelas suas costas, sentindo o calor da pele nos meus dedos e as gotas de água que permaneciam depois do banho. Ele tinha um gosto forte e doce, que grudava na minha língua e se espalhava pela minha boca como veneno. Minha pele ficou arrepiada quando Kaden segurou minha nuca e me devorou com os lábios, me deixando tonta quando não consegui mais respirar.

—Fique comigo, princesa. Aqui nesses aposentos. Nesse clã. —Ele segurou minha mão com força. Os dedos deslizando pelos meus com ganancia quando Kaden pressionou a palma da minha mão no seu peito. Meu corpo tremeu por inteiro quando senti o calor da sua pele e a intensidade do seu coração batendo. —Fique bem aqui e nunca mais ouse dizer que vai embora.

—Quero ficar aqui. —Afirmei, sentindo minha língua pesada dentro da boca. O gosto dele amolecendo meus braços e minhas pernas, até ele precisar me segurar presa contra ele. —Mas não quero segredos e mentiras.

—Sem segredos e sem mentiras. —Kaden prometeu, e eu sabia que ele estava falando a verdade quando abri os olhos e encarei os dele, encontrando ali a mais pura angustia, como se ele precisasse ter certeza de que eu jamais iria embora. Aquilo era tão irreal pra mim. Pensar que alguém como ele me desejava tanto assim. —Fique e torne-se minha esposa.

Soltei o ar com força. A surpresa queimando nas minhas veias e fazendo meu sangue ferver, porque tinha entendido muito bem as palavras de Kaden e sabia o que elas significavam. Ser sua esposa. Não um casamento como os que aconteciam entre os humanos. Mas uma união que me tornaria incondicionalmente dele e ele meu. Não era como a parceria, mas era tão valorizado quanto.

—Seja minha esposa, princesa. —Kaden prendeu meu rosto entre suas mãos, me encarando com um desejo que quase me partiu ao meio, porque senti o desejo estremecer até meus ossos e aquecer meu rosto. —Não tem nada que eu deseje mais no momento.


Continua...

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