Kaden se afastou, passando as mãos pelos cabelos enquanto parecia pensar no que eu tinha dito. Havia parado pra pensar naquilo depois, especificamente na parte que me envolvia. Fiquei pensando que talvez ela só estivesse sentindo o cheiro de Kaden em mim, porque eu tinha estado com ele intimamente antes de ser levada. Mas a parte de Elowen ainda me assombrava e eu sabia que isso era pior com ela.
—Elowen gostaria de ir ao reino. Ela quer respostas do que está acontecendo com nós duas e, principalmente, sobre a mãe dela. —Falei, umedecendo os lábios com a língua quando Kaden fechou os olhos por um momento longo e eu sabia que ele já estava se preparando para negar. —Precisamos saber porque a mãe dela estava com aquele livro e porque ela nos deixou ele. Parece que ela queria que soubéssemos. Queria que conhecêssemos vocês.
—A mãe dela? —Kaden repetiu, e eu engoli em seco ao perceber que tinha revelado uma coisa a ele. Jamais tinha dito que ela era mãe de Elowen a Kaden, mesmo quando ele insistiu em saber. —O que exatamente a bruxa disse sobre a sua amiga?
Soltei um suspiro pesado, tentando me lembrar das palavras exatas antes de repeti-las para Kaden. Tinha sido uma situação totalmente estranha, porque a tensão naquela cabana era demais. Aquela bruxa parecia saber tanto sobre nós que era assustador pensar no que ela poderia fazer. Tinha sido uma surpresa ela não ter revelado nada a Varek.
—Só tem uma coisa que existe no mundo que coloque medo nas bruxas. —Kaden sussurrou, parecendo pensar muito longe, enquanto balançava a cabeça negativamente. —E todas elas são relacionadas com a deusa da morte.
—Elowen não tem nada a ver com essa deusa. —Retruquei, e Kaden me olhou com as sobrancelhas erguidas. Ele não tinha sugerido nada, mas eu já estava descartando qualquer possibilidade. —Ela nasceu no castelo, assim como eu. A mãe dela era uma criada, igual a minha.
—Existem muitos modos de ser ligado de alguma forma a morte. —Kaden ficou de pé, e eu o observei fechar o botão da calça, antes de se inclinar pra frente até seu rosto ficar perto do meu. —Uma bruxa não expulsaria uma simples criada da sua cabana, se ela não fosse alguma coisa muito perigosa.
—Elowen perigosa? —Soltei uma risada, levando as mãos aos lábios para conter aquilo, o que pareceu divertir muito Kaden, porque ele expressou uma diversão contida. —Acho que você está se enganando.
—Assim como eu me enganei sobre aquele livro? —Questionou, e eu abri a boca para retrucar, antes de ficar quieta quando percebi que ele tinha razão. Kaden abriu um sorrisinho ao ver que tinha ganhado essa, enquanto eu fechava os olhos e levava meu rosto até o dele, até sua respiração acariciar meu nariz.
—Acho que podemos conseguir respostas no reino, já que foi onde nascemos. —Afirmei, e senti a respiração de Kaden mudar um pouco, ficando mais pesada, até ele se erguer. Abri os olhos quando ele tocou meu queixo, deslizando o polegar pela minha boca.
—Não posso deixar vocês irem até lá. Você traiu Varek e deixou isso bem visível pra qualquer lobo daquele lugar ver. Varek conseguiu fugir, então o rei já deve saber do que aconteceu uma hora dessas. —Kaden fez com que eu ficasse de pé na sua frente, tocando minha bochecha e então deslizando pelos meus cabelos até minha nuca. —Você iria se tornar uma prisioneira se eles a pegassem lá. Ou a matariam sem hesitar.
—E o que você quer que que gente faça? Fique sentada aqui esperando tudo se resolver? Trancados nesse lugar? —Questionei, e Kaden soltou uma respiração tensa, como se essa fosse uma conversa que ele não esperava ter comigo tão cedo.
—Vocês não estão trancados, Avery. Podemos levar vocês em vários lugares aqui perto que são seguros. Mas não no reino humano. —Afirmou, e eu me afastei do toque dele, sentindo meus ombros pesados de frustração, porque ao mesmo tempo que eu o entendia, eu achava aquela situação completamente irritante. —Não fique chateada comigo, princesa, só estou tentando te proteger. Posso levá-la pra um passeio amanhã. Vocês três. Isso seria bom?
—Seria sim, mas ainda precisamos de respostas para o que está acontecendo. —Retruquei, e Kaden torceu os lábios para não sorrir, como se estivesse se divertindo ao me ver ser tão impertinente.
—Vou conversar com Morgana e ver o que podemos fazer. —Kaden prometeu, e eu assenti, sentindo ele segurar meu rosto de novo e procurar meus olhos. —Você ainda me deve uma resposta.
—Se eu aceitar, como isso vai funcionar? Como é o casamento pra vocês? —Questionei, porque sabia bastante sobre o laço de parceria, mas não sobre o casamento deles em si. E o fato de Kaden estar me propondo isso me deixava com a barriga gelada e o coração na garganta.
—Temos uma pequena celebração. Uma coisa simbólica. Podemos fazer isso sozinhos ou com a presença daqueles que desejarmos que estejam presentes. —Kaden deslizou os dedos até meus cabelos, colocando alguns fios atrás da minha orelha, antes de se inclinar e beijar minha bochecha. —E então você será minha e eu seu.
—E aí você vai me morder? —Questionei, encarando os olhos de Kaden, vendo algo estremecer ali, faiscando como uma chama prestes a começar um incêndio. Não precisei ouvir a resposta dele para sentir todo meu corpo se arrepiando, em antecipação ao que poderia acontecer.
—Não tenho o desejo de vê-la envelhecer e então precisar observar você partir. Se aceitar, irei transformá-la. —Kaden me encarou com firmeza, segurando meu queixo e roçando os lábios nos meus até eu ofegar. —E isso não está em discussão. Se aceitar ser minha esposa, estará aceitando ser como nós. Então precisa ter certeza sobre o que quer.
—Posso pensar um pouco? —Indaguei, e ele assentiu com a cabeça, mesmo que eu pudesse ver que ele esperava receber uma resposta agora. —Amanhã eu terei sua resposta.
—Amanhã então. —Kaden concordou, deslizando a mão até minha nuca, apenas para segurar meu rosto e me beijar. Dessa vez não o impedi quando ele me empurrou sobre a cama e tirou meu vestido. Eu queria o mesmo que ele.
Continua...
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Acordo de Sangue Cruel
ФэнтезиO rei das terras congeladas de Ártemis ganhou a belíssima fama de caçador de vampiros, treinando seus homens para atravessar a grande muralha que separa o território humano das criaturas cruéis que se alimentam de sangue. Quanto mais cabeças de vamp...