24. Até Depois Do Fim

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POV Robert Pattinson

Acordei lentamente, sentindo o peso de um cansaço profundo, como se meu corpo estivesse afundado em areia.

O teto branco e as luzes frias logo me indicaram onde eu estava.

Hospital.

Tentei processar o que tinha acontecido, mas minha cabeça estava pesada, os pensamentos nebulosos.

Eu estava confuso, e tudo parecia meio embaçado, como um sonho ruim do qual não conseguia escapar.

Olhei ao redor, percebendo que médicos estavam ao meu lado, as expressões deles sérias, cautelosas.

Tentei me mexer, mas cada movimento parecia um esforço imenso, como se eu estivesse preso a algo invisível.

— O que... onde...? — consegui murmurar, sentindo a boca seca, a garganta arranhando.

Um dos médicos se inclinou, falando devagar, quase como se cada palavra tivesse que ser medida.

— Você está no hospital, Robert. Teve uma convulsão devido ao crescimento da metástase no cérebro.

As palavras dele caíram pesadas, quase irreais.

“Convulsão... metástase...”

Elas ecoavam na minha mente, mas eu estava focado em outra coisa, uma urgência maior.

— Ana... onde está Ana? — perguntei, os olhos varrendo o quarto, desesperado por vê-la.

Foi então que vi minha mãe, parada em um canto.

Eu não a tinha notado antes, e ela parecia abatida, com uma expressão que eu nunca tinha visto.

A dor nos olhos dela me atingiu como um golpe.

Aquela dor que eu sempre quis evitar, que eu quis proteger... agora estava ali, estampada no rosto dela.

— Ela foi para casa ver Elena — disse minha mãe, com a voz suave, mas repleta de um peso que era impossível de ignorar.

Sua presença encheu o quarto, e eu senti uma culpa esmagadora, muito maior do que qualquer dor física que já tivesse sentido.

— Mãe... — tentei dizer, mas a voz falhou. Eu não sabia o que dizer a ela.

Como explicar tudo o que eu escondi?

Ela se aproximou, e eu percebi como ela estava abalada, mas ainda forte, ainda aquela presença firme que sempre foi para mim.

Quando ela finalmente falou, foi direto ao ponto, sem rodeios, e as palavras dela foram como uma lâmina afiada.

— Você ia morrer sem me contar que está com câncer, meu filho?

Senti o nó na garganta se apertar ainda mais.

Desviei o olhar, sem conseguir encará-la, tomado pela culpa.

Eu nunca quis que ela descobrisse desse jeito.

Eu sempre pensei que poderia protegê-la, que poderia poupar todos ao meu redor dessa verdade.

Mas agora, ali, percebi o quanto eu tinha errado.

— Eu... eu só não queria que você soubesse... Não desse jeito, mãe — respondi, a voz baixa e trêmula.

Eu sabia que eram desculpas fracas, que eu não tinha como justificar o que fiz.

Olhei para o teto, tentando encontrar palavras que fizessem sentido, mas tudo parecia vazio.

ROBERT PATTINSON | Sob o Tilintar Dos SinosOnde histórias criam vida. Descubra agora