10. O Que Teria Acontecido?

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POV Ana Carla

Enquanto Robert saía pela porta, fiquei parada por um momento, ainda tentando assimilar tudo o que estava acontecendo. O que parecia inicialmente uma simples mudança de emprego e de casa, agora me parecia algo muito maior. Era como se eu estivesse vivendo um sonho distante, daqueles que a gente vê nos filmes, mas nunca pensa que poderia se tornar realidade.

Andei pela casa, observando cada detalhe. Quando entrei no quarto que seria de Elena, meus olhos se encheram de lágrimas sem que eu percebesse. O quarto era grande, arejado, com uma cama de solteiro coberta por lençóis macios e coloridos. Mas o que mais me emocionou foi ver a quantidade de brinquedos espalhados pelo ambiente. Brinquedos que eu jamais teria condições de comprar para minha filha. Uma boneca de pano sentada em uma cadeira de balanço, um castelo de blocos de montar, e até um pequeno armário cheio de roupinhas para as bonecas. Cada detalhe pensado com tanto carinho.

Elena entrou correndo no quarto e seus olhos brilharam ao ver tudo aquilo.

— Mamãe! Olha quanta coisa! — Ela exclamou, pegando a boneca nas mãos e abraçando-a. — É tudo meu?

Sorri, mas meu coração apertou um pouco. Embora quisesse que ela aproveitasse aquele momento de alegria, sabia que precisava colocá-la no chão, ser realista.

— Filha, tudo isso aqui é emprestado, tá? — Me abaixei para ficar na altura dela, acariciando seus cachinhos. — A gente está aqui para cuidar desse lugar e ajudar o Robert. Esses brinquedos são para você brincar, mas precisamos lembrar que eles não são nossos, certo?

Elena assentiu, distraída, já fascinada com o quarto e os brinquedos. Eu suspirei, tentando não me deixar levar pela emoção que sentia. Tudo parecia perfeito demais, como se eu estivesse esperando que algo desse errado a qualquer momento.

Deixei Elena brincar um pouco e fui explorar o restante da casa. O próximo lugar que fui ver foi a cozinha, e foi ali que senti o impacto real da diferença entre minha vida antiga e a nova. A dispensa estava cheia de alimentos, todos de qualidade, marcas que eu nunca teria condições de comprar. Frutas frescas, legumes, carnes, tudo cuidadosamente organizado. Minha mente automaticamente fez as contas de quanto aquilo tudo deveria custar, e percebi que era muito mais do que meu orçamento mensal permitia.

Respirei fundo, sentindo uma mistura de gratidão e desconforto. Eu estava feliz por poder proporcionar algo tão bom para minha filha, mas ao mesmo tempo, me sentia uma intrusa naquele luxo.

"Nada disso é meu", pensei. "Estou aqui só de passagem."

Finalmente, fui até o quarto que seria meu. Quando abri a porta, vi um espaço bem maior do que eu esperava. A cama era enorme, com travesseiros fofos e um cobertor de algodão fino. Um armário de madeira escura ocupava um lado inteiro da parede, e ao lado, uma porta que levava ao banheiro privativo. Entrei no banheiro e me deparei com algo que nunca imaginei ter: uma banheira de hidromassagem. Passei a mão pelos cantos da banheira, admirada. Era o tipo de coisa que eu só via em revistas ou na televisão, algo tão distante da minha realidade que parecia até irreal.

Sentei-me na beira da cama e olhei ao redor, tentando processar tudo. Como isso tinha acontecido? Como eu, Ana, uma mãe solteira que lutava todos os dias para manter a filha com o mínimo, agora estava morando em um lugar como aquele? Me senti grata, é claro, mas também preocupada. Nada na vida é de graça, e por mais que Robert tenha sido generoso, eu não conseguia deixar de me perguntar o que ele realmente esperava em troca.

Olhei para o teto e respirei fundo.

Precisava manter os pés no chão, por mim e por Elena. Essa oportunidade era única, e eu não podia desperdiçá-la, mas também não podia esquecer que aquilo tudo era temporário, um empréstimo do destino.

ROBERT PATTINSON | Sob o Tilintar Dos SinosOnde histórias criam vida. Descubra agora