9. - Muito Obrigada

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POV Ana Carla

Dona Vitória chorou quando nos despedimos dela e me fez prometer levar Elena para visita-la nos fins de semana em que estivesse de folga.

A senhora era a única coisa que eu sentiria saudade daquele lugar onde morei desde que terminei meu relacionamento, não sentiria falta de mais nada.

Um carro nos buscou,assim como nossas coisas, que eram poucas , e nos levaram até Hollywood Hills, o bairro dos famosos que eu nunca sequer tinha colocado os pés.

A casa, ou melhor dizendo, a mansão de Robert ficava dentro de um condomínio fechado e além dos portões do condomínio também tinha seus próprios muros ao redor.

O ambiente atrás dos grandes portões era elegante com muito verde e muito espaço. A mansão tinha uma referência espanhola, nas cores brancas com parapeitos, portas e janelas em tom verde oliva.

O motorista, que se apresentou como Vitor, um homem de mais ou menos 40 anos, porte alto e olhos pretos, entrou com o carro indo para a parte detrás da grande mansão, a garagem ficava na lateral revelando uma casa grande nos fundos, uma edícula com churrasqueira e espaço para festa ao lado, no meio tinha uma piscina enorme com água cristalina, um pequeno jardim com cerca viva separava esse espaço da mansão.

Desci do carro com Elena em meus braços, olhando curiosa para todo lugar.

- A gente vai molar aqui, mamãe?- perguntou os olhos verdes brilhando em direção a casa atrás da piscina.

- Vamos, sim.- confirmei sorrindo apreensiva.- E você vai estudar em uma escola muito legal, vai aprender coisas novas e fazer grandes amigos enquanto a mamãe trabalha nessa outra casa.

- Casa glande.- Elena observou.

Robert estava parado na porta, observando-nos com um sorriso acolhedor no rosto. Seu olhar era sereno, quase como se estivesse aliviado por nos ver ali.

Ele parecia um pouco diferente do homem que conheci no meu apartamento, o famoso recluso que havia passado mal. Ali, na porta da mansão, ele exalava confiança, como se aquele lugar fosse o seu refúgio — e, de certa forma, talvez fosse.

Ele desceu os degraus com passos tranquilos, aproximando-se de nós enquanto eu ajustava Elena no meu colo. Ela estava agitada, curiosa com o novo ambiente, e mal conseguia parar quieta enquanto tentava absorver tudo ao seu redor.

— Sejam bem-vindas. — Robert disse, a voz suave. Ele olhou para Elena com uma expressão gentil.— Oi, Mini Ana.

Elena sorriu para ele,reconhecendo.

— Oi, homem glande.

Robert abriu um sorriso amplo e olhou para mim.

— Como foi a viagem? Tudo tranquilo?

— Foi tudo bem, sim. — Respondi, tentando soar despreocupada, mas a verdade é que tudo aquilo ainda me deixava um pouco ansiosa. Era muita mudança, muita novidade de uma vez só.

— É um lugar... incrível. — Acrescentei, observando a mansão e os arredores novamente. Não pude evitar me sentir um pouco intimidada. Nunca tinha sequer imaginado morar em um lugar como aquele.

Robert pareceu perceber meu desconforto e sorriu de forma reconfortante.

— Fico feliz que goste. Quero que se sintam em casa. — Ele fez um gesto em direção à edícula nos fundos. — Vamos dar uma olhada no lugar onde vocês vão ficar?

Assenti e comecei a segui-lo em direção à casa nos fundos. O caminho pelo jardim era bem cuidado, e Elena, em meus braços, apontava para as plantas e flores, encantada com cada detalhe.

— Olha, mamãe, que flozinha bonita!

— São lindas, não são? — Eu respondi, acariciando seus cachos com carinho.

Robert abriu a porta da casa de paredes amarelas e entrou primeiro. O interior era espaçoso, muito mais do que qualquer lugar em que já morei. A decoração era simples, mas elegante, com móveis de madeira clara, sofás confortáveis e uma cozinha equipada. Havia dois quartos, o suficiente para mim e Elena. Eu estava maravilhada com o lugar.

— Vocês terão bastante privacidade aqui, e claro, se precisarem de qualquer coisa, podem falar comigo. — Robert explicou, enquanto eu andava pelo espaço, ainda tentando absorver a ideia de que aquilo agora era nossa nova casa.

— É perfeito... — Murmurei, quase para mim mesma.

Elena se contorcia nos meus braços, querendo descer e explorar o novo ambiente. Eu a coloquei no chão e ela correu para o quarto, rindo animada.

— Esse vai ser o meu guarto, mamãe!

Eu sorri ao vê-la tão feliz.

Era um alívio saber que ela se adaptaria bem àquele lugar.

Robert observava a cena em silêncio, com uma expressão pensativa, como se estivesse absorvendo a alegria de Elena.

Voltei meu olhar para ele e, por um momento, nossos olhos se encontraram.

Não consegui decifrar o que tinha em seus olhos azuis ao me olhar.

Não consegui evitar a pergunta que estava na ponta da minha língua desde que tudo aquilo começou.

— Robert, por que você está fazendo isso? — Minha voz saiu suave, mas carregada de curiosidade. — Eu sei que você disse que quer ajudar, mas... isso tudo é muito.

Ele suspirou, o sorriso diminuindo um pouco, mas seu olhar permanecendo gentil.

— Ana, eu acredito que... às vezes a vida nos dá uma chance de fazer algo por alguém. E eu acho que você e Elena merecem uma oportunidade. — Ele fez uma pausa, como se pensasse nas próximas palavras. — Eu já te disse isso.

Senti meu peito apertar um pouco, sem saber exatamente como reagir àquela resposta. Ele parecia sincero, mas ainda era difícil para mim entender por que alguém como ele faria tanto por alguém como eu.

— Só quero que você saiba que não precisa se preocupar. Tudo foi planejado para que vocês fiquem bem. — Ele completou, percebendo meu silêncio.

— Eu agradeço, Robert... de verdade. Só espero conseguir retribuir tudo isso com meu trabalho. — Respondi, tentando afastar o peso da dúvida que ainda pairava no ar.

Ele sorriu de leve, assentindo.

— Tenho certeza de que você vai fazer um ótimo trabalho, Ana.

Nesse momento, Elena voltou correndo para a sala, segurando um brinquedo que tinha encontrado no quarto. Ela olhou para Robert com curiosidade e, sem qualquer timidez, puxou a barra da camisa dele.

— Você vai ficar aqui com a gente também, homem glande? — Perguntou, com aqueles grandes olhos verdes fixos nos dele.

Robert riu suavemente, agachando-se para ficar na altura dela.

— Não, Mini Ana. Eu vou ficar na outra casa, mas estarei sempre por perto. — Ele respondeu, com uma suavidade que me tocou.

Elena pareceu satisfeita com a resposta e correu de volta para o quarto, sua energia inesgotável. Eu e Robert trocamos um último olhar antes que ele se virasse para sair.

— Qualquer coisa, estarei na mansão. — Ele disse, antes de se despedir.

Ele passou por mim, mas eu segurei sua mão, ignorando o arrepio que percorreu meu braço ao tocar seus dedos longos e frios.

Robert se virou, encarando nossas mãos juntas, depois olhando em meus olhos.

- Muito obrigado.- falei usando toda minha sinceridade.

Um sorriso pequeno se espalhou em seus lábios e ele soltou minha mão, saindo dali.

ROBERT PATTINSON | Sob o Tilintar Dos SinosOnde histórias criam vida. Descubra agora