ROBERT PATTINSON | Sob o Tilintar Dos Sinos

1. Modelo, Ator... Tanto Faz...

POV Ana Carla

Eu estava em um sono profundo, sonhando com um mundo onde tudo era mais fácil, quando um barulho insistente me acordou. O sol já estava alto, e eu percebi, com um frio na barriga, que havia me atrasado. Vitória, a babá da Elena e minha vizinha, estava na porta, batendo com certa urgência.

— Ana! — ela chamou, sua voz firme e baixa. — Está na hora! Você vai se atrasar!

Levantei num sobressalto, olhando para o berço onde Elena dormia sossegada, com seu rostinho sereno. Não podia fazer barulho, não queria acordá-la. O coração batendo acelerado, pulei da cama e corri para o banheiro, tentando me arrumar o mais rápido possível. Enquanto escovava os dentes, me olhei no espelho e percebi a bagunça dos meus cabelos. Tentei prender tudo em um coque desajeitado, ignorando a dificuldade dos meus cachos.

Vestindo a primeira roupa que encontrei, uma calça jeans surrada e uma camiseta simples, tomei um segundo para verificar se Elena ainda estava dormindo. Ela parecia tão tranquila, com os cabelos castanhos caindo em ondas sobre a testa. Minha pequena era a razão pela qual eu lutava todos os dias, e a última coisa que queria era perturbar seu sono.

Quando saí do banheiro, me deparei com Vitória na cozinha, mexendo em alguma coisa.

— Você não pode continuar assim, Ana. Precisa se organizar melhor — ela disse, balançando a cabeça enquanto olhava para mim.

— Eu sei, eu sei — respondi, passando a mão pelo rosto e tentando parecer mais acordada. — Acordei atrasada de novo. A culpa é minha.

Vitória soltou um suspiro, mas não parecia irritada. Ela sempre foi uma mulher compreensiva, quase como uma avó para mim e uma segunda mãe para Elena.

— É um dia importante hoje, não é? — ela perguntou, enquanto eu tentava apressar a preparação do café da manhã. — Não se esqueça de que você tem que lidar com os clientes na lanchonete. Eles não vão esperar por você.

— Não, claro que não. — Eu sabia que o dia seria longo e cansativo, como sempre, mas o que mais me preocupava era deixar Elena na casa da babá. A última coisa que eu queria era que ela sentisse minha falta.

Voltei para o quarto, olhei para Elena e me senti um pouco mais calma. Essa pequena era tudo para mim, e mesmo com todas as dificuldades, era o que me mantinha em pé. Voltei para a cozinha, onde Vitória já havia preparado um café simples.

— Aqui, tome um pouco antes de sair. Você precisa de energia. — Ela me ofereceu a xícara, e eu agradeci, sabendo que provavelmente seria a única coisa que conseguiria comer até a hora do almoço.

Tomei um gole do café quente, sentindo o gosto amargo despertar meus sentidos. Vitória estava me observando, e não pude deixar de sorrir para ela.

— Obrigada, Vitória. Eu realmente não sei o que faria sem você.

Ela deu um sorriso gentil e me olhou nos olhos, como se quisesse me passar força.

— Apenas cuide da sua menina, Ana. E lembre-se: você é mais forte do que pensa.

As palavras dela ecoaram em minha mente enquanto eu pegava minha mochila e me preparava para sair. Eu estava sempre tão focada nas dificuldades que, às vezes, esquecia de reconhecer minha própria força. Com um último olhar para Elena, ainda dormindo tranquilamente, fui em direção à porta.

— Até mais tarde, querida! — sussurrei, antes de sair.

Fechei a porta e respirei fundo. O calor de Los Angeles me envolveu assim que pisei na rua, e com isso, a realidade da lanchonete me aguardava, pronta para mais um dia de desafios.