Sob a luz do luar

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Gabi Guimarães

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Gabi Guimarães

Era segunda-feira à noite, e de alguma forma eu havia convencido Stef a faltar aula para fazermos um piquenique sob a luz do luar. Mesmo reclamando que perderia sua aula preferida de Psicanálise, ela aceitou o convite.

Passei boa parte do meu dia me preparando para aquele momento. Queria que fosse especial, algo que pudéssemos lembrar com carinho quando estivéssemos longe uma da outra. Era uma loucura, mas eu já sentia a falta dela antes mesmo de partir.

Estar com Stef me trazia uma paz indescritível; ela era como uma âncora em meus dias mais tempestuosos, como o sol em minhas manhãs nubladas, como um abraço em dias tristes.

Mas eu tinha medo. Medo de que, durante o tempo que passaríamos longe, nos afastássemos e perdêssemos nossa conexão, até nos tornarmos apenas estranhas.

Era, no mínimo, curioso o sentimento que eu havia desenvolvido por ela em tão pouco tempo. A maneira como ela me fazia sentir quase dependente, mesmo após pouco mais de uma semana juntas. Mas era a Stef, e ela era fenomenal de uma forma que eu sequer conseguia descrever. Seu senso de humor, seus gestos, suas falas, suas expressões, suas manias. Absolutamente tudo nela era único, exclusivamente dela, e isso era extremamente apaixonante. Suas provocações, seu sorriso bobo, até o seu piscar de olhos era diferente, tornando impossível não gostar dela.

E, mais uma vez, o medo me tomava. Medo de que alguém mais pudesse enxergar o que eu via nela e tentasse conquistá-la enquanto eu estivesse na Itália. Aquilo me corroía, e o tempo todo me questionava se não deveria assumir um compromisso com ela, torná-la oficialmente minha.

Mas eu não podia ser egoísta. Queria, mas não faria isso. Ela era tão jovem, tão cheia de vida, e eu sentia que, de certa forma, estaria roubando um pedaço dela, um pedaço da sua juventude. Stef, apesar de muito madura para sua idade, ainda era uma garota de 21 anos descobrindo o mundo, e eu não queria privá-la dessa liberdade, por mais que me doesse.

Sem falar no quão bizarro era quando eu parava para pensar que Stef tinha idade para ser filha da minha ex-namorada. Eu me sentia como uma pedófila.

— Estou pronta. — disse Stef, saindo do quarto. Ela vestia um short jeans curto e larguinho, uma camiseta branca simples e um casaquinho fino, verde, que ia até a altura dos joelhos. Nos pés, usava o par de tênis branco que eu havia comprado na nossa ida ao shopping. Estava linda como sempre, e então me dei conta de que nunca a havia visto feia. Ri baixinho com esse pensamento. — Tá rindo de quê, palhaça? — ela perguntou.

— Nada. — respondi, sorrindo — Você está muito bonita. — lancei meu melhor sorriso, fazendo Stef me olhar desconfiada. — Vamos?

Saímos do apartamento, eu carregando todas as coisas para o piquenique, enquanto a madame só levava o celular e o Liam, que estava na coleira. Ela havia insistido em levar o gato, e eu não recusei. Gostava daquela bola de pelos, apesar de preferir cachorros.

Em Meio às 𝓔𝓼𝓽𝓻𝓮𝓵𝓪𝓼 ✦ Gabi Guimarães Onde histórias criam vida. Descubra agora