Tempestade

1K 126 123
                                    

Dezembro de 2024Stefany Martins

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Dezembro de 2024
Stefany Martins

A história da minha complicada e disfuncional família começou em 20 de maio de 2002, quando minha mãe, uma jovem de 25 anos com um futuro promissor, cruzou o caminho de um ítalo-brasileiro em plena Beira-Mar.

Eu adoraria dizer que daí nasceu uma paixão digna de um filme ganhador do Oscar, que foi amor à primeira vista e que eles viveram felizes para sempre. Mas a realidade é muito mais cruel: eu fui concebida em meio a um emaranhado de espinhos.

Minha mãe, Antônia Camélia Martins de Albuquerque, naquela época era uma moça ingênua, sem qualquer experiência amorosa. Aquele encontro fatídico a levou para um quarto de hotel de luxo com um homem que mal conhecia. Ela me contou essa história muitas vezes, sempre com um misto de orgulho e melancolia.

— Seu pai era o homem mais bonito que já vi. Nem os galãs de novela chegavam perto da beleza dele. Cabelos loiros, olhos verdes, pele bronzeada... e aquele sotaque italiano. Ele era o homem mais cobiçado naquela noite, e eu não acreditei quando ele me escolheu. Sem dúvidas, seu pai é o Deus do Sexo.

Para minha mãe, tudo naquela noite foi mágico. O encanto dos olhares trocados, a primeira vez que se entregou, a perda da sua virgindade. O choque veio no dia seguinte, quando acordou sozinha no quarto, com apenas um bilhete com um número de telefone e uma nota de cem reais sobre o travesseiro. Ela, com sua inocência, tentou contato durante dias, mas tudo o que ouvia era o som das ligações indo direto para a caixa postal. Seis semanas depois, veio a notícia que mudaria sua vida para sempre: estava grávida. O único vestígio do homem com quem dormira era um número que nunca atendia e o primeiro nome: Lorenzo.

Meu avô, ao descobrir, ficou furioso. Quis deserdá-la, e chegou a puxar uma arma contra ela. Só não a matou porque minha avó interveio. A notícia se espalhou rapidamente por Fortaleza, especialmente porque os Martins de Albuquerque eram uma família influente. Meu avô, envolvido na política local, viu sua reputação arruinada. Não demorou até que a notícia chegasse aos ouvidos do patriarca dos Bianchi, a família ítalo-brasileira que Lorenzo pertencia e que só estava passando alguns meses na capital cearense, a "negócios".

E então, veio a bomba: Lorenzo era casado. Pior, já tinha dois filhos. Naquela época, meu avô quis matá-lo. Minha mãe ficou devastada, considerando até tirar a própria vida — e a minha, junto. No entanto, um acordo foi firmado: Lorenzo reconheceria a paternidade e assumiria minha mãe como sua amante. A partir daí, ela passou de uma jovem grávida e solteira para a humilhante posição de segunda mulher. Deprimente.

Mas a história não acaba aqui. Durante toda a gravidez, os detalhes do envolvimento entre as duas famílias eram discutidos apenas entre os patriarcas. Minha mãe não sabia nada sobre os Bianchi, nem sobre a verdadeira natureza daquela família ítalo-brasileira, até o dia do meu nascimento, 10 de fevereiro de 2003. Como presente de boas-vindas ao mundo, meu pai foi preso por associação criminosa.

Em Meio às 𝓔𝓼𝓽𝓻𝓮𝓵𝓪𝓼 ✦ Gabi Guimarães Onde histórias criam vida. Descubra agora