Stef jamais pensou que pudesse se apaixonar por alguém que nunca havia visto antes, até que as Olimpíadas de Paris começaram, e junto com elas, surgiu uma paixão pela capitã da seleção de vôlei feminino, Gabi Guimarães. Mesmo frustrada por não ter s...
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Stefany Martins
Eu estava parada em frente à porta do quarto que Gabriela dividia com Rosamaria. Tinha pedido para a loira esperar no meu quarto enquanto eu finalmente conversava com sua amiga. Ela me desejou sorte, mas eu sentia que precisava mesmo era de um milagre.
Os últimos minutos pareceram uma eternidade. Eu estava ali, imóvel, tentando reunir coragem e organizar minhas palavras, ensaiando mil formas de aliviar a tensão que pairava sobre nós. Mas, no fundo, eu sabia que não havia um jeito simples de consertar o que havia feito. Gabriela tinha todos os motivos para continuar magoada, mas eu precisava tentar. Agarrar o que restava de esperança. Mesmo que fosse só 1%, isso ainda era alguma coisa.
Respirei fundo e bati três vezes na porta, o som ecoando em meus ouvidos como um prelúdio do que estava por vir. Meu coração batia forte, e a respiração estava entrecortada. Agora era tudo ou nada.
— Você demorou. — disse Gabriela ao abrir a porta. Ela já havia trocado de roupa, sem maquiagem, vestindo um moletom simples, mas ainda assim deslumbrante de um jeito que só ela conseguia ser. Seu olhar era sério e pesado, analisando cada detalhe meu enquanto me dava passagem para entrar. Notei uma pequena bagunça em uma das camas, provavelmente onde Rosamaria havia se jogado antes.
Fiquei em pé no meio do quarto, incerta e vulnerável. Tinha passado no meu quarto para tirar os saltos, e agora me sentia minúscula diante dos 1,80 metros de Gabriela. Ela, com sua postura firme e inabalável, fazia questão de manter a distância emocional. Era completamente diferente da mulher que eu tinha conversado mais cedo. Havia uma frieza em seu olhar que me fazia tremer.
— Aparentemente, a convidada de honra não pode ir embora cedo da sua própria festa. — tentei usar um tom descontraído, na tentativa de quebrar o gelo. Mas Gabriela permaneceu séria, sem ceder à tentativa de humor.
— Quando quiser. — sua voz soou impaciente, e seu olhar, duro, me fez dar um passo involuntário para trás.
Engoli seco, sentindo o peso do momento. Respirei fundo antes de soltar a verdade, aquela que eu sabia que ela precisava ouvir.
— Você estava certa, eu fui presa. — comecei, sentindo a tensão no ar aumentar. — Eu não fiz nada, mas... é complicado. Vai além de mim. Envolve a minha família, Gabriela. E eu... — pausei, sentindo o nó na garganta. — Eu não queria te envolver nisso. Eu fiquei com medo, medo de acabar afetando a sua carreira.
Gabriela permaneceu em silêncio, mas seus olhos queimavam com uma mistura de dor e frustração. Eu sabia que ela queria mais do que isso. Ela queria a verdade nua e crua, e eu estava hesitando.
— E por que afetaria?
— Lembra quando eu te falei que meu pai era ítalo-brasileiro? — ela assentiu, confusa. — Minha família italiana, que é parte brasileira, está envolvida no crime. Minha família faz parte da maldita máfia italiana. — Gabriela se calou no primeiro momento, me analisando e depois sorriu irônica, sem acreditar nas minhas palavras.
