Através das estrelas

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Stefany Martins

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Stefany Martins

No mesmo dia em que terminei com Gabriela, eu fui embora, com medo de que de alguma forma ela pudesse aparecer na minha frente e me convencesse do contrário. Pedi a Danilo para irmos ao Ceará de carro, ao invés de avião. Eu precisava de um tempo para pensar em tudo o que estava acontecendo, e aqueles dias me deram a clareza que eu esperava. Não vou dizer que a dor amenizou naquele mês — ainda era doloroso demais perdê-la —, mas coloquei na minha cabeça que eu deveria superá-la ou eu morreria.

Voltei para a casa da minha mãe, mesmo tendo jurado que não colocaria mais os pés ali. Mas ela ficou tão feliz em me ver que aquilo me fez bem. Seu abraço voltou a ser aconchegante, em vez de sufocante. Fiquei ali com ela durante o mês de dezembro, mas as festividades não faziam sentido sem Gabriela.

O Natal era minha data favorita. Eu adorava o clima natalino, os enfeites, as árvores de Natal, o ambiente festivo e acolhedor. Mas naquele ano, o Natal foi terrível. Tudo o que eu conseguia pensar era em Gabriela: como ela estaria, se estava bem, se estava sofrendo, se sentia minha falta, se me odiava, se ainda me amava. Como era torturante não saber.

A única coisa que eu sabia era que ela tinha ido ao meu apartamento quando chegou ao Brasil. Foi a única coisa que Danilo me contou. Eu sabia que ela iria, ela era firme em suas palavras. Por isso, eu fui embora, pois, ao contrário dela, eu era uma covarde.

2025 começou com os dois pés esquerdos, e os meses foram passando vagarosamente.

Em janeiro, fiz minha matrícula na Universidade de Fortaleza, mesmo sem querer. Eu sabia que, se ficasse parada, tudo pioraria. Mas ainda assim, era difícil encontrar alegria em um coração partido. Tudo parecia tão chato e sem graça sem ela. Era impossível não comparar minha vida atual à vida com ela.

Eu tinha dias confusos. Às vezes, acordava eufórica, determinada a esquecê-la e a seguir em frente com minha vida. Outros dias, a maioria na verdade, eu só queria ficar na cama, em silêncio e no escuro, tentando me lembrar o máximo que eu conseguia dela. Lembrava de cada beijo, cada toque, cada vez que ela me fez rir ou sentir prazer; prazer carnal, prazer de sua presença. Como eu sentia falta dela.

No final de fevereiro, já com meus 22 anos, recebi a notícia de que meu pai não estava bem. O Alzheimer estava avançando de maneira surreal e, junto com ele, surgiu um tumor em seu cérebro. Ele precisou fazer uma cirurgia para retirá-lo, pois estava pressionando o cérebro e deteriorando a maioria de suas funções motoras e cognitivas. Devido ao tamanho do tumor, foi uma cirurgia complicada, e ele não acordou da anestesia, permanecendo em coma.

Eu seguia sem notícias de Gabriela, sabia apenas o que acabava aparecendo para mim na internet, que eu evitava ao máximo. Aparentemente, ela estava bem, ainda jogando pelo Conegliano. Mas partiu meu coração ao saber que ela teve uma pequena queda em seu rendimento.

Em Meio às 𝓔𝓼𝓽𝓻𝓮𝓵𝓪𝓼 ✦ Gabi Guimarães Onde histórias criam vida. Descubra agora