Capítulo 3

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Outubro de 1999

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Outubro de 1999

Depois que eu aconselhei Christopher a apoiar Mabel em qualquer coisa, tudo foi ladeira abaixo. Primeiro porque ela pediu dinheiro para ele, porque a ideia era não ter o bebê. Eu entendo, e realmente apoiaria ela nessa decisão se tudo isso não acontecesse clandestinamente.

Quando esse assunto veio à tona, tive que explicar muita coisa para Christopher e principalmente que a mulher deve decidir o que fazer com o próprio corpo, mas, expliquei para ele também, que infelizmente nosso país ainda é extremamente machista e esse tipo de coisa não conseguimos em qualquer lugar, principalmente não tendo um bom dinheiro. Fiz ele conversar com Mabel sobre isso e sobre a possibilidade de ela morrer em uma dessas clínicas clandestinas de bairros pobres.

No fim, ela acabou desistindo dessa ideia suicida e quando ela já estava de 4 meses e meio, contou para a família. Os pais de Christopher, reagiram um pouco mal no início, mas foram se adaptando com a ideia depois de um tempo. Já os pais dela, não deu tão certo assim e por pouco não a expulsaram de casa, graças a tia Ale, que conversou com eles.

Apesar de as coisas terem entrado um pouco nos eixos, Mabel sempre negou a sua gravidez e principalmente as mudanças do seu corpo. Eu percebia meu melhor amigo tentando se aproximar cada vez mais daquela garota e ela nunca lhe dava espaço para que ele fosse carinhoso e a ajudasse mais com toda essa questão. Eu tentei me aproximar também, mas acabou não dando certo e a última coisa que eu queria era piorar tudo.

Depois dessa notícia maluca, eu e Christopher nos tornamos ainda mais próximos. Eu sempre achei que isso não era mais possível, mas foi. Ele desabafava direto comigo, inclusive seus pensamentos obscuros sobre o assunto e tudo bem, eu nunca o julgaria e sim o aconselharia. Eu sabia que ele nunca faria mal a uma formiga, quem dirá a uma menina que estivesse esperando um filho dele. Falei no masculino, mas a verdade é que ele ainda nem imagina o que seja. Foi escolha da Mabel, e algo me diz que é porque ela não quer criar um vínculo a mais, mas espero do fundo do meu coração que eu esteja muito errada.

Outubro daquele ano chegou com tudo e a espera pelo bebê de Christopher principalmente, esperávamos ansiosos desde que Mabel tinha entrado na última semana de gestação.

Já que o bebê estava demorando um pouco mais e já estavam quase cogitando marcar uma cesárea, decidi sair com Anahí e Christian, principalmente para desabafar com eles. Nos últimos meses, eu não tenho falado muito com Chris sobre as coisas que estão acontecendo na minha vida, acho que ele está passando por muita coisa e não quero que ele se preocupe em nada comigo.

— Então amiga, é sério o que você está tendo com esse carinha? — Anahí perguntou eufórica pela fofoca.

— Não Barbie, pelo menos não ainda. Estamos nos conhecendo bastante, conversando muito sobre tudo. — Dei de ombros. E realmente, eu estava apenas me divertindo.

— Aproveita pra dar bastante, viu? Depois que o bebê da Mabel nascer, quem vai criar vai ser você. — Christian alfinetou e eu fiz uma careta.

— Eu espero que ela se apegue mais ao bebê depois que nascer. — Suspirei. Fazia dias que eu estava sentindo alguma coisa errada com Mabel.

— Não sei não. — Anahí de ombros. — Aquela menina é um poço de grosseria. — Ela fez uma careta e eu dei uma risadinha. Meu celular tocou e vi o nome de Christopher na tela e logo tratei de atender.

— Oi! — Falei sorrindo, mas logo franzi a testa, pois não estava entendendo nada com nada. — Chris, calma. Eu não estou entendendo. — Christian e Anahí me olharam percebendo que minha expressão mudou assim que ele conseguiu falar. — Me espera que estou indo para aí agora. — Falei desligando o telefone e já levantando na cama.

— O que rolou, docinho? — Christian me olhou curioso.

— Vai nascer! — Coloquei os tênis. — Eu ligo pra contar! — Não esperei eles falarem algo, peguei minhas coisas e saí correndo da casa de Anahí, indo até a minha.

Meu pai me levou até o hospital e eu juro que aquelas horas pareciam uma eternidade.

Assim que cheguei no hospital, corri até a maternidade do mesmo, onde encontrei Christopher na sala de espera. Franzi a testa no mesmo instante e me aproximei dele.

— Porque você não entrou? — Ele ergueu o olhar para me olhar e parecia preocupado.

— Ela não quis que eu entrasse, pediu que a mãe dela entrasse com ela. — Ele deu de ombros chateado. Senti meu sangue ferver, mas ignorei, não queria deixar aquele momento ainda pior.

— Senhor? — Uma enfermeira se aproximou de nós e Christopher levantou-se rapidamente, seguindo de seus pais. — Você já pode ver seu bebê pelo vidro. — Christopher suspirou aliviado e me pegou pela mão, me puxando junto com ele.

Seguimos a enfermeira até o vidro, onde tinha muitos bebês iguais. Meu olhar se perdeu, buscando algo que indicasse o bebê e o nome.

— Seu bebê está ali. — Apontando para o canto. — Está sem nome, pois a mãe não quis informar, mas é uma menina. — Olhei para a enfermeira com a testa franzida. — Ela disse que você daria o nome. — Christopher que estava hipnotizado pela bebê, apenas assentiu. Ale tocou meu ombro e falou que já voltava e me mantive ali, ao lado dele.

Olhei para a menina que estava enrolada em um cobertor verde claro. Ela era linda. Tinha bochechas gordinhas e mexia as mãozinhas sem parar. Sorri de canto e olhei para Christopher, vendo algumas lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Toquei suas costas e ele sorriu sem tirar os olhos daquela bebê tão linda.

— Filho? — Ale se aproximou de nós junto com Victor. A olhamos. — Nós precisamos conversar! — Ele franziu a testa e secou as lágrimas.

— Aconteceu algo, mãe? — Sem entender. — Mabel está bem? — Um pouco preocupado.

— Ela está. — A mãe de Christopher olhou para baixo, parecia estar procurando as palavras. Olhei para Victor que continuava sério. — Só que quando chegamos no quarto para conversar com elas e com os pais, eles estavam se arrumando para... — Ela engoliu seco e pigarreou sem seguida. — Para ir embora. — Abri a boca um tanto incrédula, enquanto Christopher se mantinha parado olhando para a mãe.

— Como assim embora? — Ele riu nervoso. — Como que ela conseguiu uma alta depois de ter o bebê? — Sem entender.

— Acreditamos que eles tenham dado dinheiro ao médico para isso. — Victor deu de ombros.

— Ela não quer... Ela não quer a bebê? — Ele perguntou já sabendo a resposta, mas queria ter certeza e Ale concluiu aquela situação apenas assentindo.

Christopher voltou a olhar para o vidro, observando a menina que agora dormia tranquilamente. Eu sabia que ele estava pensativo e que a cabeça dele estava uma verdadeira bagunça naquele momento.

 Eu sabia que ele estava pensativo e que a cabeça dele estava uma verdadeira bagunça naquele momento

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Por nossos filhosOnde histórias criam vida. Descubra agora