Por nossos filhos

Capítulo 35

Março de 2022

A segunda chegou mais rápido do que eu queria que chegasse. Confesso que pensei diversas vezes em mandar uma mensagem para Dulce durante o domingo inteiro, mas achei melhor dar um tempo para que ela também entendesse o que havia acontecido no fim de semana.

Apesar de ter conseguido descansar, eu me sentia cansado, talvez pelo acúmulo de problemas e situações que se passavam pela minha cabeça.

Assim que cheguei na empresa, entrei na área de arquitetura, vendo Dulce e Ari trabalhando juntos em alguma coisa. Permaneci sério e senti meu sangue ferver ao ver ambos rindo um para o outro por algo que ele havia dito.

Eu nunca fui de sentir ciúmes dela, ou talvez nunca tive a oportunidade, já que antigamente, andávamos grudados para cima e para baixo. E agora, bom, qualquer cara que chega perto de Dulce faz esse sentimento se impregnar nas minhas veias.

— Bom dia, Ucker! — Ari disse assim que viu eu me aproximar dele e de Dulce. Ela me olhou séria e parecia até mesmo incomodada com a minha presença.

— Bom dia! — Eu falei, logo pigarreando e olhando para Dulce. — Podemos conversar? — Ela ergueu uma de suas sobrancelhas.

— Estou no meio de um projeto e... — Eu suspirei e tratei de interrompê-la.

— É sobre Mariana. — Vi Ari franzir a testa e Dulce assentir assim que citei o nome de minha filha.

Eu sabia que ela não negaria a conversa se eu dissesse do que se tratava.

Eu não estava nem um pouco afim de ter que engolir Christopher às 8h da manhã, mas ele insistiu em conversar e não pensei duas vezes quando ele disse que se tratava de Mariana.

Suspirei quando ele começou a subir as escadas, já sabendo que ele estava nos guiando para o seu escritório.

Ele entrou e eu entrei logo atrás. Ele fechou a porta atrás de mim e me virei para ele com a testa franzida.

— O que tem a Lali? — Falei escorando minha bunda na mesa dele e cruzando os braços.

— Contei a ela que fomos melhores amigos. — Arregalei os olhos, sentindo meu coração apertar. — Mas não tudo. Eu disse que nós nos afastamos antes mesmo dela nascer, porque acabamos nos envolvendo. — Assenti e olhei para o lado, um tanto envergonhada. — Ela me cercou demais por conta de ontem pela manhã.

— Tudo bem, você fez o certo. — Eu suspirei. — Inclusive... — Cocei a nuca completamente sem jeito. — me desculpe pela noite de sábado. — Eu suspirei e o encarei, uma troca de olhares que fez meu corpo estremecer.

— Você se lembra? — Um brilho estranho surgiu nos olhos dele e tratei de desviar meu olhar rápido, antes que fizesse algo que me arrependesse depois.

— Sim, mas acho melhor não entrarmos no assunto. É mais fácil fingir que não aconteceu. — Suspirei e voltei a olhar para ele. Dessa vez, ele estava sério e o brilho em seu olhar havia sumido.

— Porque você sempre quer fugir do assunto? — Ele tinha as mãos dentro do bolso da calça. Será que ele tinha noção do quanto aquilo o deixava sexy? Não quero deixar claro aqui o quanto os quase 40 deixaram Christopher em boa forma. — Sabia que você me pediu desculpas por confundir as coisas? — Semicerrei os olhos de leve. Onde ele está querendo chegar?

— Foi um erro, eu não preciso te pedir desculpas por nada. — Ele pareceu completamente irritado com a minha resposta.

— Porque você age como eu precisasse pedir desculpas por algo? — Rolei os olhos e sorri de forma cínica.

— Alguém já te falou que os anos inflaram seu ego de uma forma absurda? — Ergui uma das minhas sobrancelhas e me afastei da mesa de escritório dele. — Eu tenho mais o que fazer do que ficar discutindo com você, Christopher! — Falei caminhando em direção a porta, e passando por ele, mas sua mão puxou meu braço, fazendo com que nossos corpos grudassem e ficássemos perigosamente próximos.

Eu juro que queria pensar de forma racional, e me planejei por bons dias antes de reencontrá-lo como agiria, mas o problema é que meus pensamentos se tornaram uma verdadeira bagunça e era como se eu não encontrasse forças para me afastar.

Seu cheiro, sua respiração quente batendo em meu rosto, seus lábios tão próximos aos meus, seu olhar que era difícil de decifrar o que estava sentindo. Tudo isso fazia com que eu não conseguisse pensar de forma racional.

Durou segundos até a boca dele grudar na minha, e eu me entregar àquele beijo por completo. Apesar dos anos terem passado, ele tinha o mesmo gosto do qual eu me lembrava, seus lábios ainda eram macios e ele ainda conseguia arrancar de mim a sensação de estar no céu, voando.

Sua língua envolveu a minha de forma quente, com pressa, com vontade, com saudade, com diversos sentimentos ao mesmo tempo que eu não sabia decifrar.

Uma de suas mãos estava parada na minha cintura, enquanto a outra espalmava a minha costas me mantendo extremamente próxima. O suficiente para saber o quanto estávamos pegando fogo.

Nos afastamos quando o fôlego já não cabia no nosso corpo. Me sentia ofegante e não sabia exatamente se era pelo beijo intenso ou por sentir que meu coração ia sair pela boca a qualquer momento.

O olhei, e num ato de racionalidade, minha mão foi parar no seu rosto, em um tapa estridente.

— Tá maluca? — Ele disse ao me olhar com a mão no rosto.

— Maluco é você que beija outras mulheres, enquanto a sua esposa te espera em casa. — Eu disse apontando para ele, furiosa. — Com licença! — Virei as costas e praticamente sai correndo da sala dele, antes que ele me beijasse novamente e eu não pensasse duas vezes antes de me entregar por completo.

Mas que droga! Não é possível que ele ainda tenha todo esse poder sobre mim, que ele ainda consiga me fazer perder o fôlego tão facilmente.

Preciso me recompor e entender que Christopher é casado e que nada, absolutamente nada, pode acontecer entre nós dois.

Oiii gente! Mais um mimo, seguido de um tombo pra vocês. Amaram? Até eu mesma tô lembrando de algumas coisas dessa fanfic e amando ela de novo, dei umas modificadas em algumas cenas. Espero que gostem. Besos da Blan  ♥