Há um mundo lá fora do qual não conhecemos. Por mais que saiamos, lá fora nunca será realmente conhecido, sempre haverá um lugar novo para se conhecer. Fisicamente falando, nunca fui muito atraente para as mulheres. Sou um padrão social de beleza masculina não muito típico na atualidade. Ouso dizer que pelo que vivi, estou mais para o tipo passivo que todo gay ativo gosta. Para piorar a masturbação é uma realidade na minha vida e isto fez meu mundo ficar preso em casa, sem vontade de sair, sem tesão de viver a menos que fosse sozinho. Talvez em outras palavras, sem sentido. Porém, o sentido existe e tão real quanto este sentido é a minha vida, por tanto, resolvi sair do casulo. Acho que ainda estou nos primeiros dias desta loucura de silêncio. Amanhã completará 30 dias de tentativa "frustrada". Ainda não consegui manter meu silêncio de maneira absoluta. Já falei com diversas pessoas, tantas que nem sei quantas, embora saiba mais ou menos quais são, no mínimo espero que elas saibam quem fui ou quem tenho sido. Sobre isto, até aqui a única pergunta que me fica é: - SERÁ QUE ESTAS PESSOAS SE LEMBRAM DE MIM? Não sei, mas a regra do "se" se encaixa em toda e qualquer ciência. Desta maneira, penso bastante sobre as hipóteses, mas não fico me martirizando por não ter a resposta correta, afinal de contas, não estou fazendo contas para saber quanto preciso gastar no final do mês com a família. Para mim, minhas hipóteses são mais complexas do que estas, por tanto não posso me dar ao luxo de ter certeza de muitas coisas. Sobretudo ao pressentir uma vitória dentro das probabilidades que construí antes de acontecerem vivo um sentimento divino que me faz sorrir ou chorar apenas de alegria. Não é sempre que temos vitórias, se formos comparar ao padrão social, até aqui é provável que eu tenha tido muito mais derrotas do que vitórias, por tanto, pressentir uma derrota já tem sido uma rotina na minha vida. Derrotas não me abalam mais. Por exemplo, tomar fora de garotas já é natural, e este filme já foi visto antes diversas vezes. Imagine a cena: Um rapaz de "bem" resolve entregar seu coração para uma garota e ela decide fazer o mesmo, mas ela não se entrega da mesma maneira. Astuta, aprendiz serpentina, após um tempo para a confirmação do amor deste rapaz de "bem", ela decide desistir dele e jogar na sua cara que ele não é o que ela queria. O rapaz de "bem" demora um tempo para entender o barulho da explosão e depois resolve nascer de novo. Ele renasce como uma Phoenix, cheio de fogo e carboniza várias garotas com seu desejo insaciável de vingança muda. Não mudou nada até o momento em que ele se deparou novamente com o mesmo sentimento frio pela vida de se entregar sem observar. Esta fé no futuro fez o rapaz de "bem" perceber que ele não era tão de bem quanto o que parecia, e o mal estava sempre construindo seus bons caminhos, desta forma ele perdoa a sua velha companheira e percebe que a vida é feita de ilusões.Esta história é clichê, já vistas e revistas da mesma forma como até o fim dos tempos será revista (a discordância com o plural foi proposital). Tenho encontrado com diversas pessoas ao longo deste período e percebo a curiosidade das pessoas em saber o que sei. Percebo que a ilusão toma conta da vida de cada uma das pessoas e uma caixa fechada tem sido muito mais atraente do que o presente apresentado. Para mim isto dá mais vida à ideia do amor platônico. Com esta história aprendi a não supervalorizar o insaciável que nos faz lutar a cada dia e nem estagnado na satisfação. Na realidade tenho aprendido a associar uma coisa à outra. Não gostar mais do que o necessário. Cada qual no seu devido tempo. Assim funciona a realidade subjetiva na vida das pessoas e esta é uma possibilidade que ainda não vi nem ouvi (seja como for), exceto um único caso, ser específica. A exceção à regra é Jesus, na minha opinião Ele traduz bem a natureza humana, desde a coragem em se colocar na frente do risco até os momentos mais prazerosos das comunhões.Percebo uma guerra psicológica constante no mundo, principalmente na alta sociedade, onde as pessoas normalmente não partem para a agressão, mas insistem em apresentarem suas invejas umas às outras. Talvez na expectativa de serem desvendadas, a esperança de serem encontradas, mas fato é que todas elas procuram a mesma coisa que procuram as pessoas das quais elas difamam. Elas não estão satisfeitas, a guerra psicológica é constante. Se eu estivesse com o mesmo sentimento, diria que este livro tem o mesmíssimo objetivo (o status que todos procuram), sobretudo estou registrando uma realidade e felizmente não vou fugir do chão que piso. Não sei de onde vim e tão pouco sei para onde vou, mas sei onde estou e é aqui que estou sendo. Estou sendo um cara calado que tem saído para fora de suas particularidades, expondo as janelas da casa sem vergonha de ser quem é de maneira "oculta".Aprendendo a gozar a vida com moradores de rua, brincando com crianças e admirando elas apenas com o olhar, faltando encontros com a família e depois pedindo perdão como sempre o fiz, arrecadando aplausos nas ruas com este silêncio e "violando um tocão" (como já me disse o Chaves para aqueles que fingem tocar violão) e também sem que ninguém esteja olhando, em silêncio, sem ficar arrecadando admirações explícitas, pois talvez eu não diga absolutamente nada, como retrata o livro de Eclesiastes, sendo tudo apenas ilusão através da vaidade. Realmente não tenho visto oselogios aparecerem com insistência, no entanto, o tempo tem me feito falar sobre estas atitudes. Não estou falando para ser visto, apenas para ser refletido. Quando olhamos para dentro de nós, o que de fato queremos? Bom, na minha ingenuidade até o momento tem sido esquecer minhas contradições e voltar a falar apenas quando fizer sentido. Porém continuo num processo de aprendizagem, por tanto ainda não consigo definir uma atitude claramente viva diante do desapego para com a satisfação ou a insatisfação. A única coisa que tenho feito é viver como uma criança que está aprendendo o que é a vida. O vento não demonstra se importar em dizer de onde veio e nem para onde vai, mas ele demonstra na nossa pele o seu exato momento de existência. Assim tem sido minha vida dentro deste aprendizado silencioso. Estou fazendo um reset da minha vida.Até hoje eu não tinha sentido uma garota me excitar em plena praça pública por dentro da calça só para tentar me fazer falar. Não tinha percebido ainda a intensidade de uma liberdade como muitas mulheres costumam ter com os caras que se dispõem à maior parte do tempo aos inquestionáveis prazeres do corpo. A aparência que fica para mim é que elas se deixam levar facilmente por si mesmas e os homens se deixam levar por elas. Claro que, da minha parte, pode ser ilusão de "ótica" por eu ser relativamente fraco com elas, mas suspeito que tanto as mulheres quanto os homens contemporâneos brasileiros não irão discordar de mim por completo diante disto: Meu sentimento naquela hora foi para ter um momento de simulação de nova vida, a tal Phoenix assustada com a explosão do término do namoro. Acho cômico como estes momentos acabam. Olhar para trás é como olhar para frente, você ri porque está se esquecendo do presente. A explicação consiste no termo presente, pois enquanto tudo é uma surpresa, o mundo aparenta ser sempre uma novidade, mas quando a novidade sai da frente, voltamos a planejar o futuro ou tiramos uma self para relembrar um dia o quanto já fomos "ridículos".Nunca tive uma experiência romântica ao estilo cinema. Não por não assistir filmes e também não por não ter essa vontade, mas por respeitar excessivamente o espaço dos outros. Sempre senti que meu espaço deveria ficar em seu devido lugar sem invadir o tempo dos outros. Foi só quando senti na pele a perda de um amor (qualquer) que foi além das imagens de um filme de cinema, onde durou quase dois anos, é que acordei para a realidade do cinema. A garota só queria um Oscar de melhor galã vindo da minha parte, mas meu padrão não passou nos seus níveis. A única coisa que ela ficou satisfeita foi com a maneira como eu falava e a perda da sua virgindade que foi divertida para ambos. Por causa disto percebo que facilmente este livro não teria sucesso, pois não estou dando aulas de nada, cada um vê o que deseja. O que me fará mesmo feliz, será quando alguém comentar sobre qualquer coisa intrigante que a tivesse feito refletir. Para mim a admiração das pessoas para com meu silêncio tem sido a coisa mais satisfatória. Até parece que elas não conseguem mesmo ficar em silêncio, na realidade, reparei que silêncio é o que as pessoas mais sabem fazer, pois se elas falassem, não ficariam esperando uma premiação de Oscar para ter um sentimento gostoso junto com outra pessoa. Elas diriam de várias maneiras, fariam músicas, dançariam nas ruas, se expressariam de várias maneiras, mas elas insistem em serem quem não são. Nesta sociedade as pessoas se escondem atrás de modelos quase uniformes. Vejo que dizer o que se sente tornaria a outra pessoa especial, mas muitas pessoas não parecem se sentirem especiais. A impressão que elas me deixam é que todas as pessoas que vivem desta maneira sentem vergonha de si mesmas.Tenho tido várias experiências distintas. Todas elas relacionadas à surpresa das pessoas na vontade de se espelharem em alguma surpresa, revela-se na prática de um sonho oculto em cada pessoa que tenho conhecido. Constantemente elas revelam alguma coisa de si e assim aprendo umpouco dos meus próprios sentimentos. Ouvindo tenho me alimentado mais do que vomitando palavras sem sentido. Palavras sem sentidos que revelam as minhas fragilidades sem nenhuma produção pessoal, assim acabo vulnerável. Após a publicação deste registro, não pretendo mais ter estas mesmas fragilidades, por tanto, mesmo que insistam em tocar nas feridas, a cicatriz não será mais tão preocupante. Estarei muito mais atento nas dores do momento e o momento da sua leitura é apenas o momento do CARPE DIEM, caso insista em me trazer uma crítica destrutiva (ao contrário da negativa que pode ser construtiva), a única coisa que fará é expor a sua inveja para com a minha liberdade de ter aprendido a aceitar as coisas como elas são.Voltar e arrepender é difícil. Ficar disponível ao erro aparenta ser tão trágico quanto fugir do CARPE DIEM. Não é! Parece que algumas pessoas, quanto mais estudos mais confusas elas ficam diante da vida. Por que eu deveria dizer que as outras são preguiçosas por não gostarem de estudar? Elas apenas não se adaptaram ao sonho médio da sociedade de fugir do seu CARPE DIEM. Elas não pensam no futuro, não ficam tentando ajuntar dinheiro para escrever livros, elas desperdiçam os bens materiais, provam na prática que são frágeis como o próprio ser humano que as criou, registrar fotos, vídeos, gravar músicas no estúdio, fazer viagens caríssimas ou seja lá qual história for para contar um dia. Nada! Elas vivem como o vento e o silêncio tem me mostrado isto. Tenho reiniciado a memória dos meus sentimentos e não estou escrevendo isto para conquistar o coração de ninguém. Acredite, o que não estou registrando aqui é mais intenso, basta entender o que diz o silêncio sem querer inventar de mais. O silêncio fala mais alto do que a vontade de aparecer, aprendi isto também na rua.
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Vomitando Gritos de Silêncio
SpiritualUma experiência que me propus a fazer, que me deixou à beira da sanidade ou da loucura. Uma forma de aprender a ouvir melhor as pessoas. A experiência se passa em Belo Horizonte em 2014.