Considerando a importância das coisas, antes de iniciar este voto, passei a perceber que eu não avaliava os fatos, consecutivamente não avaliava as coisas em geral de maneira cognitiva. Durante o processo de silêncio pude perceber que a intensidade de uma avaliação em relação ao que é muito ou pouco importante nunca se torna definitivamente insignificante, apenas depende do valor que é dado por cada um. Os detalhes apontam para surpreendentes grandezas das quais não temos o costume de avaliar. Uma porta foi aberta para que, então, eu pudesse ter certeza de algo no futuro, assim logo após o retorno do meu diálogo natural com as pessoas, pude perceber antes o que é a valorização. Não é nada fácil saber os valores, mas quando você percebe a importância do prazer na vida, então você sai daquele casulo de desvalorização para começar a dar o devido preço às situações ou aos objetos que criam as situações. Um governo entende muitos valores em relação à sociedade, mas no caso da nossa sociedade brasileira, o que mais valorizamos são os brinquedos da sociedade. Quem tem mais brinquedos é mais bem aceito, pois intuitivamente consideramos que elas são pessoas de bom berço familiar. No entanto, durante o crescimento, as pessoas que já nasceram em bons berços não notam que elas começam a desvalorizar suas próprias vidas no momento em que passam a desvalorizar outras pessoas que não possuem os mesmos brinquedos. Desconstroem suas construções de bons berços apenas com uma desvalorização ao falarem mais do que deviam. Percebem que ao valorizar alguém, recebem um valor também proporcional, no entanto não notam que ao desvalorizar outro alguém, também recebem a mesma proporção algoz. Não é de estranhar que a vida nos machuque tanto, enquanto não percebemos o valor de sentir o cheiro de uma rosa no lugar dos gazes poluidores que provocam os veículos. Enquanto procuramos sermos deuses de nós mesmos, nos esquecemos do que já temos em mãos e o devido valor dos detalhes.Não estou aqui para dizer o que todos nós devemos fazer, mas estou analisando as coisas da maneira como elas são, e não posso me dar ao luxo de fugir de todas estas metáforas e analogias que a vida nos trás diante da nossa vulnerabilidade natural. Significa que temos nossos próprios caminhos,independentes, mas não estamos desprendidos da terra, por tanto, a única coisa que me sinto obrigado a fazer é dar sentido (com o auxílio dos 5 sentidos) e direção com a retransmissão de informações como a voz, o diálogo em libras ou gestos teatrais que usamos para expressar nossos sentimentos. Ou seja, minha tarefa particular com sentidos e direções é ver, ouvir, sentir, cheirar e degustar para então vomitar ou assoprar fôlego de vida através da voz ou através dos gestos, como exemplo a dança. Apesar de eu já ter me alimentado muito deste veneno social da nossa urbanização, dificilmente vou conseguir me livrar do pesar dos meus gostos sórdidos, mas não é por isto que deixarei de buscar este sentido e direção. Dentro da cidade vejo árvores morrendo, assustadoras como num pântano, mas é aqui o meu trabalho na busca de descaracterizar sentidos e direções opostos que surgem a todo tempo nas propagandas de televisão, nas ilustrações de desprezo pela incapacidade de superação de algumas pessoas e por aí vai. Nossa indefinição fez a nossa natureza buscar um sentido oposto e é me opondo a este sentido que estou redirecionando minhas palavras para que eu aprenda comigo a ensinar quem quiser aprender o valor primitivo da nossa essência de ser.
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Vomitando Gritos de Silêncio
SpiritualUma experiência que me propus a fazer, que me deixou à beira da sanidade ou da loucura. Uma forma de aprender a ouvir melhor as pessoas. A experiência se passa em Belo Horizonte em 2014.