A maconha no Brasil carrega uma discriminação evidente. Isto ajuda a deteriorar a minha realidade diante de muitas pessoas, pois não vou negar nada na minha vida caso seja questionado, mas no caso específico desta planta, preciso registrar a minha visão em relação a ela, e com certeza não vou apenas defendê-la. Por isto o próximo texto será um pedido de desculpas para com esta minha prática um tanto quanto depreciadora da minha imagem diante de boa parte da sociedade, mas também não negarei a minha satisfação diante de algumas questões dentro do sentimento que já tive utilizando-a.Nunca na minha vida conseguirei defender a maconha com bases sólidas, pois ela não trás uma solidificação na paz interna, mas posso afirmar com prioridade que as maneira de ser utilizada podem ser tão benéficas quanto tomar um chá de camomila. Não acredito que a utilização da cannabis, como se fosse um fumo, seja uma prática muito saudável, pois enquanto tragamos a sua fumaça, temos constantes lapsos na memória, é como se alguma memória de curto prazo fosse comprometida por uma nostalgia de longo prazo, neste tempo perdemos as lembranças momentâneas, pois elas se embaralham com as lembranças mais profundas. Isto deixa o diálogo muito mais confuso, por tanto, se fosse para um piloto de avião fumar um baseado, é muito provável que ele teria problemas na sua cognição enquanto presta a atenção no copiloto e ao mesmo tempo nas variações do ambiente enquanto o Boeing percorre uma velocidade incalculável para a sua memória deturpada. Neste caso a beleza da maconha consiste apenas na dificuldade de alguma prática simples, é como praticar um esporte principalmente coletivo, junto com outras pessoas você tenta demonstrar as suas qualidades. Tenta mostrar para os outros o quanto você é bom no que diz respeito àquela atitude mesmo sob seu efeito. Sem dúvida a política do Brasil só não liberou a maconha por causa da discriminação em relação a mais uma invisibilidade das suas consequências, medo mesmo.O álcool já foi visto, pois desde o início já tem sido criado leis que buscam controlar o seu consumo. O cigarro já tem sido cada vez mais restringido e marginalizado, pelo número de doentes e mortos que são apresentados. As outras drogas ilícitas são ainda mais preocupantes, pois se liberarem a maconha, a maior preocupação da sociedade será em relação a liberação da próxima droga, pois consideram que, uma vez que se utiliza "descontroladamente" um tipo de droga, a tendência é só o aumento gradativo e intenso, passando para outras químicas mais intensas. É como se dissessem "se liberou uma, logo vão pedir para liberar outra, e depois outra e nossa sociedade vai morrer numa overdose coletiva à longo prazo". Os mais radicais diriam que seria a curto prazo, enfim, fato é que a pressão funciona principalmente na parte psicológica. Não nego nada disto, mas aceitem, existem maneiras mais inteligentes de descriminalizar sem usar estas práticas egocêntricas que só olham para um lado da moeda.Numa sociedade que cada vez mais aumenta o seu número de doentes psiquiátricos com remédios mais intensos do que a maconha, não é de se esperar que a descriminalização seja algo a ser considerado.O problema maior é a conexão entre os detentores do poder e os detentores do conhecimento. Os detentores do conhecimento vivem para receber os benefícios dos detentores do poder, que é o dinheiro, e os detentores do poder financeiro pagam os detentores do conhecimento para calarem a boca e manterem os seus "filhos" sob seus comandos, que por fim sempre perpassam pelo poder financeiro. Os detentores do conhecimento possuem poder de persuasão por conta do status social. O porquê de eu dizer deste modo até aqui, que há algum benefício na maconha? Pois a maneira de ser usado de uma forma psiquiátrica, por quem procure pelos seus benefícios, provavelmente amenizaria o número de remédios fortes para insônia, depressão ou síndromes de pânico. Isso é uma questão política com as indústrias farmacêuticas.Realmente não conheço pessoas do tráfico e não estou defendendo as contravenções, mas quando eu fumava com a galera na rua, sempre que "bolavam um" a gente comungava e ria junto, se divertia. Eu nem se quer sei enrolar um baseado, mas muitas vezes conseguia uma quantia com uns colegas e deixava em casa, para colocar uma quantidade pequena na comida. Comia como se fosse orégano. Não é um gosto tão agradável quanto o possui no cheirinho de orégano, mas de maneira dosada, o seu efeito me alegrava e me fazia conectar ideias para escrever letras de músicas, produzir textos no meu blog, conversar com as pessoas, ter ideias legais das quais muitas pessoas se admiraram, e elas nem sabiam que eu estava sob efeito da droga. Assim como qualquer outra erva, a canabis foi criada pela própria natureza, a sua utilização potencializada pode ser destrutiva para qualquer ser humano, mas a sua manipulação para o interesse social talvez possa ser melhor compreendido caso os "senhores" detentores do poder parem de ser tão egocêntricos e entendam melhor algumas condições no meio da nossa sociedade brasileira.Nossa sociedade segue os modelos externos, ao invés de olhar para si e buscar dentro das suas próprias condições, modos de vida locais e menos globalizados para saber lhe dar melhor com nossas diferenças. Nossas diferenças não devem ficar focadas nas diferenças financeiras e chamar isto de diferenças sociais, percebo que nossas diferenças devam ser analisadas a partir das nossas visões em relação ao mundo e não em relação ao núcleo de sentimentos diante do poder aquisitivo. Desde quando isto seria uma denominação de humanidade? Apresente um pouco mais de Eclesiastes para os "senhores" do poder brasileiro e façam com que percebam a ilusão que vivem. Só assim para caírem de seus cavalos do choque sem que haja mais conflitos sociais.
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Vomitando Gritos de Silêncio
EspiritualUma experiência que me propus a fazer, que me deixou à beira da sanidade ou da loucura. Uma forma de aprender a ouvir melhor as pessoas. A experiência se passa em Belo Horizonte em 2014.