Esta será (futuro) a melhor maneira que eu pude encontrar (no passado) de representar uma insatisfação para com a comédia contemporânea que temos. Não acho que ela seja diferente da comédia antiga, então o termo contemporâneo será meu erro proposital. Procure o termo comédia e perceba que alguns sinônimos que soam de maneira tão semelhante, que quando refleti sobre isso, não fiquei surpreso quando me senti discriminado por ser tão sério em alguns momentos. Tenho uma profunda admiração para com meu pai por este motivo. Ele me educou de maneira séria, e percebo que ele não está errado por isto, ao contrário, meu pai me mostrou uma profunda beleza para com a vida em relação a seriedade das coisas. Ser brincalhão, fazer ironias, ser sarcástico é uma coisa que está no meu íntimo contemporâneo, mas não é parte essencial da minha vida. Não quero, de maneira alguma, ser irônico para me desfazer das pessoas, percebo que as piadas de stand-up comedy que mais fazem sucesso, brincam com a vida das pessoas, fingem se colocar no lugar delas, mas quando levam a sério um sentimento, eles surgem logo com "piadas" irônicas que dizem "...isto não pode serdito, ehm pessoal! Se não a censura sensualiza geral...", "...aqui na comédia em pé não podemos dizer isto, se não vira bulliyng lá no judiciário...". Depois de dizer coisas deste gênero, os comediantes sentem-se livres para fazer a piada que derem preferência, brincam com sua própria história e se colocam no lugar dos infelizes para serem a piada e depois fazem a piada com os outros. Qual o problema disto?Para mim não haveria nenhum problema, tanto é que eu amo stand-up comedy, mas preciso relatar um sentimento que não apenas me comove, mas também me move.Atualmente parece que vivemos numa sociedade oposta à sociedade europeia do período medieval. As piadas durante o renascimento foram as primeiras maneiras de se opor àquele sentimento triste que as pessoas viviam perante o clero. A santidade buscava uma seriedade amarga, tão profunda que as pessoas se esqueciam da alegria, se esqueciam da maneira que hoje buscamos viver. Não consigo negar que a maioria das pessoas viviam numa mentira agonizante. Entretanto hoje em dia apenas mudamos de lado, mas a mentira que sufoca permanece (também conhecida como angustia). Ao me deparar com o termo "comédia", procurei saber alguns sinônimos desta palavra e encontrei o mesmo sentimento. A falsidade, a mentira, a ilusão para um fim estão vivos dentro da hipocrisia, a dissimulação, a farsa. O teatro é uma maneira de simular um sentimento, ele nos comove, mas não é a verdade, a verdade é a verdade e pronto, a simulação é uma maneira de fortificar o sentimento de viver. Por isto eu amo teatro, por isto eu sou apaixonado com as apresentações, mas não posso negar a sua história, desde a Grécia antiga até aqui ela nunca teve a capacidade de transmitir a mais pura da realidade. Um filme de guerra não mostra o sentimento real de cada soldado no front de batalha. As simulações não são de fato reais, como o próprio nome, são apenas simulações. A comédia não foge disto por mais que seja dito dentro de um contexto real, o sentimento é vivo, mas não descreve a verdade da pessoa que sofre a piada.O que isto tem a ver com meu silêncio?Em primeiro lugar quero dizer que não estou falando de mim apenas para falar de mim, desde o princípio preciso (não apenas por vontade, mas por necessidade) que o leitor entenda que falar de mim é a única maneira que encontrei de falar a respeito de algo que faça sentido. Não consigo fugir de mim mesmo, essencialmente preciso me encontrar e a compreensão do silêncio fortifica a minha essência na vida. Fortificar poderia ser interpretado como uma falsidade, pois aquilo que é real não precisa de ser fortificado. Então seria como se as nossas vidas fossem uma peça de teatro, porém ela não é um teatro, ela sim é algo real. Por mais que queiramos ser quem não somos, não podemos negar nossa natureza maldosa e também amável. Diariamente temos um conflito interno dentre dois polos que nos pressionam a negar nossa essência e neutralizar nossa resistência diante de tudo o que já existe. Vivemos brincando com a verdade, somos influenciados por filmes, teatros, piadas, políticas sociais. Somos influenciados por olhares. Na real mesmo, ao contrário da maneira como Jesus disse – EU SOU QUEM EU SOU – nós não somos quem somos, nós somos aquilo que ouvimos ser. Atualmente quem mais faz piadas de gordos são magros que querem lutar contra a censura.Observe o exemplo de que quando um gordo faz piada de gordo, procura se dar a liberdade para falar alguma outra coisa contra mais alguém, talvez contra sua ex-namorada que provavelmente terminou com ele por ser gordo ou algo relacionado. Nem precisa ser durante uma apresentação, isto poderá acontecer em alguma outra ocasião específica que sua inteligência melhor lhe permita. Então ele faz piadas contra si mesmo para se fazer de palhaço diante de uma plateia, assim ele terá liberdadeem algum outro momento para falar mal dela (sua ex – no exemplo). Até porque no fundo ele sabe que ela não teria terminado com ele por ser gordo e sim por alguma atitude extra ou um conjunto delas. Assim ele expressará o seu real sentimento de modo agradável em frente à sua própria história.Isto é apenas um pequeno exemplo dentre vários outros que poderíamos analisar. Observe que não estou falando mal das piadas e tão pouco de quem as profere. Estou apenas fazendo uma análise em relação a importância da fala. Quando falamos, nos colocamos expostos. Por isto, em momento algum estamos livres de sermos analisados. A intenção e o arrependimento é algo que preso com profundo amor. Se tenho a intenção de fazer uma ironia, em algum momento nada mais estou fazendo do que expor uma deficiência minha e de alguma maneira já estou expressando o meu arrependimento, ali mesmo durante a apresentação será feito o pedido de desculpas e ali mesmo será feito a acusação do próximo.Agora a minha indignação está voltada completamente para a falsidade. A maneira de expressar uma mentira de maneira prática. Já reparei que a maioria das garotas não gostam de caras que riem de tudo. Como se fossem bobos alegres, já tentei fazer isto, não dá muito certo. As garotas sentem algo profundo vindo dos homens. Elas são como gatas, dão aquela sensação astuta de entender tudo, mesmo que não esteja de fato entendendo. Quando a máscara cai, aí estará a sua oportunidade para "atacar". Nossa sociedade vive num momento de intensa "bobalegrice". Rimos de coisas idiotas no youtube. A globalização nos ajuda a rirmos de erros que achamos serem bisonhos, no entanto são gafes comuns que sempre aconteceram, mas só agora com a tecnologia as vimos em vídeos. Hoje em dia rir é fácil, para quem tenta ser sempre melhor, rir de si fica ainda mais fácil para quem tenta se superar, rir dos outros aparenta ser a melhor ideia para ficar bem consigo mesmo, mas absolutamente todos querem rir, poucos são como meu pai, que demoram cerca de uma semana para rir de uma piada. Refletem durante horas naquela mensagem para saber o que podem tirar de proveitoso, encontram coisas mais importantes para pensar e deixam aquele assunto pra depois, mas não é por não entender, acontece é que custam achar graça e quando encontram, riem sem vergonha.
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Vomitando Gritos de Silêncio
SpiritualUma experiência que me propus a fazer, que me deixou à beira da sanidade ou da loucura. Uma forma de aprender a ouvir melhor as pessoas. A experiência se passa em Belo Horizonte em 2014.