Neste momento quero dizer algo com uma profundidade estranha, o leitor vai entender claramente que o tempo de leitura e o tempo de escrita não são os mesmos. Neste momento você está lendo fora do momento da minha escrita, eu não sei qual é o seu momento, mas sei qual é a minha escrita. Neste momento estou numa pizzaria chamada Nino, que fica numa praça dentro do bairro Padre Eustáquio onde moro. Estou falando da localidade que facilmente pode ser encontrada no Google Earth, pois é um local reconhecido pela classe média belorizontina, principalmente da/na região noroeste da capital e isto me ajudará a falar melhor sobre o título deste tópico. Ainda estou sob o processo de silêncio que me leva a ter a "obrigação" de não falar nada com praticamente ninguém, por tanto ainda estou no meu processo de aprendizagem. Pronto a ouvir mais do que tenho falado. Tentarei oferecer melhores explicações para a realidade desta atitude, mas por enquanto quero transmitir apenas os sentimentos que funcionam como combustível para o princípio desta atitude. Ao pensar sobre o local onde estou neste momento, reflito ao redor das diferenças sociais. Durante minha adolescência curti muito punk rock e aprendi a ser meio revoltado com as diferenças sociais, mas eu ainda não tinha vivido elas na pele, na verdade desde que nasci vivi elas na pele, mas só agora eu senti o gosto do suor. Tenho certeza que ainda sentirei muito mais, tenho certeza de que vou sentir muito mais dores de sacrifícios no futuro do que sinto agora. Cada vez que me encontro como adulto, mais tenho vontade de ser criança e cada vez que me vejo como criança, mais vontade tenho de deixar tudo como está. Sobretudo o tempo passa, o tempo passa sobre tudo, por tanto tenho a necessidade de me ajoelhar perante O Senhor do Tempo, e neste momento estou analisando algo da qual a realidade é inegável: A igualdade e/ou a desigualdade são/é uma realidade. Em conjunto ou individualmente a igualdade ou a desigualdade são temas sociais. Em conjunto ou separadas, ambas estão ligadas pela sociedade de forma a não serem separáveis. Percebo uma rede social que trata deste tema como se fosse um time campeão de futebol ou uma eleição (lógico que existem outros exemplos). Há aqueles que defendem o time do coração, há aqueles que votam no time que quase foi campeão, há os eleitores que não estudam sobre futebol, há também os torcedores que votam nulo estudando ou não (como eu ainda costumo fazer) e também há os torcedores que matam pelo poder legislativo. Acontece é que a legalização (me aparenta) ser um poder que deveria ser exercido pelo poder que possui o controle geral, mas o poder de controle geral é exercido apenas por uma minoria que controla o resto da população através das ferramentas de conquistas, e estas ferramentas esclarecem o interesse individual desta minoria que não tem por finalidade a satisfação geral e sim apenas daqueles que conquistam por méritos. Vou dar um exemplo clássico: Atualmente a mídia pode ser usada como um veículo de controle social, ou então o poder legislativo brasileiro pode ser entendido como uma das ferramentas de controle social utilizado também pela mídia através das reportagens, basta perceber as piadas políticas que esboçam uma aversão ao poder desordenado, mas não quero adentrar neste tema. Mesmo sendo um tema amplo que merece muitas análises, mas estou falando de algo muito mais curioso na minha opinião. Estou falando da raiz. Devo ser radical. Se radical é aquele que vai à raiz, é provável que eu seja radical, e é nela que encontro raízes venenosas ou raízes que salvarão minha pele, mas nenhuma vai impedir que um dia eu seja alimento de qualquer planta ao voltar para o pó. Só espero ser alimento de uma raiz que faça florescer vida e não mais mortes inúteis. A igualdade vem da terra. As diferenças vêm depois do nascimento e um dia terminam para voltar a serem igualmente sólidas e cósmicas. Tenho a necessidade de falar sobre mim pois é a única "coisa" que realmente entendo. Não entendo mais de Sócrates, não entendo mais do Jô Soares ou do Homer Simpson, não entendo mais do meu pai ou da minha mãe, não entendo mais sobre o notebook que carrego na mochila ou dos códigos binários que formam os softwares do que entendo de mim mesmo. Por tanto, não posso falar muito além daquilo que entendo, o resto é complemento. Livros de autoajuda ensinam a ser alguém fora de você mesmo para uma satisfação em conjunto, eu estou falando de mim para que você olhe para si e tente encontrar a beleza do silêncio, e dentro desta beleza preciso elogiar (comentar) sobre os aspectos reais que me motivariam a ouvir mais para saber melhor o porquê de eu ter falado tantas coisas desnecessárias ou necessárias (e ainda falo assim como também falarei). Cada um de nós têm a sua própria história e todas elas são histórias construídas ao longo do tempo. O tempo mede as nossas diferenças, mas o tempo não muda os fatos e os fatos são as únicas verdades dentro do contexto da nossa existência. É aí que Chronos perde seu tempo. Vou tentar clarear melhor esta ideia. Percebo que o tempo não pode mudar a sua própria existência, o tempo é por si só como nós, único. Não sabemos o que há fora do nosso tempo. Com certeza sabemos o que há dentro da nossa história, ou seja, quem estamos sendo, mas apenas durante o decorrer dela (da história). Depois tudo se torna cinza, sem cor, sem vista, sem sabor, uma análise bastante niilista da minha parte, mas ao menos é o que melhor me mostra a imaginação. Posso dizer que o tempo tem sido o meu melhor amigo e também o meu pior inimigo, agora vou inverter a maneira de dizer a mesma coisa: onde o tempo tem sido o meu pior amigo e também o meu melhor inimigo. Tudo tem sido uma questão de posição e/ou oposição. Os polos estão se tornando cada vez mais nítidos com o passar do tempo assim como também podem se tornar cada vez mais confusos. São muitos polos, são muitas posições, cada vez que estudo mais, mais fico confuso no meio de tantas informações, cada vez que deixo de estudar percebo que deixo de construir a minha própria polarização. O que tudo isto tem a ver com a igualdade? Este assunto que estou abordando talvez seja, para o leitor, o assunto menos atraente ou mais complexo, porém sinto a necessidade de registrá-lo. A igualdade é um polo de estudo da nossa sociedade.
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Vomitando Gritos de Silêncio
SpiritualUma experiência que me propus a fazer, que me deixou à beira da sanidade ou da loucura. Uma forma de aprender a ouvir melhor as pessoas. A experiência se passa em Belo Horizonte em 2014.