Parece ficar fácil sendo dono da verdade, o problema é quando a gente cai do trono de Chronos e percebe que o tempo passa e muita coisa muda, nem por isto insisto em dizer que a verdade é o tempo quem muda, mas procuro perceber o quanto nós mudamos dentro do tempo.Hoje é dia 27 de outubro e estou dentro da Comunidade Evangélica Viva Esperança, onde meu irmão frequenta e ministra o louvor. Esta comunidade tem muito a influenciar na minha vida, pois em primeiro lugar ela tem influenciado a vida do meu irmão. Automaticamente ela tem uma consideração relevante na vida da minha família. Também há mais histórias dentro desta comunidade fora do contexto do meu irmão, desde o fim da antiga comunidade Batista da Paz, onde frequentávamos, até a ascensão deste grupo no local da antiga comunidade. A localização dela é de proximidade à pizzaria Nino. Estou agora no louvor e está bastante interessante ver e ouvir as pessoas louvarem a Deus. Como hoje é uma segunda feira, é de costume deles fazerem um culto especial para a parte financeira. Estou digitando no notebook e agora vou relatar esta experiência.Na segunda feira elas costumam vir ao templo para pedir a Deus que lhes deem mais dinheiro. Acredito que a maioria deles sejam muito fieis no dízimo. Por tudo que tenho visto, de fato eles acreditam que Deus irá oferecer benefícios que o dinheiro pode pagar. A música do louvor agora diz"...A Palavra do Senhor me sustentará quando força me faltar..." "...eu sigo ao Deus das causas impossíveis...". Para tudo isto digo amém, sobretudo ainda tenho uma enorme pulga atrás da orelha que não conseguiria tirar nem com furadeira.A música acabou e agora a ministrante está fazendo uma oração pedindo para que Deus abençoe as "sementes", segurando um pedaço de papel dobrado (um envelope) para recolher o dinheiro dos dízimos e ofertas. Que Deus abençoe este pedido de fé de cada uma das pessoas, porém ainda não consegui entender porque todos eles precisam de tanto. Eu não tenho tudo isto e tenho sido muito feliz independente destas coisas. Eles estão dizendo "...as bênçãos do Senhor me alcançarão...", que assim seja, só que agora vou ouvir a palavra que eles têm para me trazer.A passagem começou assim:"Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias." – Atos 1:5Ela está explorando a ideia do Espírito Santo. É uma mulher baixa com uma postura semelhante a postura da presidente Dilma. Inclusive ela foi reeleita ontem, a Dilma, claro!Neste momento a pregadora está gritando muito, também chegou a falar em línguas estranhas. Cheguei a ficar com medo num certo momento, achei que ela fosse falar um pouco mais alto, com certeza eu teria pego o meu fone de ouvidos para abafar o berreiro.Já agora ela gritou mais alto, foi tão alto que só não assustei porque ela disse uma verdade. Ela berrou informando: "...porque Ele é o Rei da Glória...". Amém! Concordo plenamente, porém eu vim aqui para pedir minha bênção. Não vou sair daqui sem ela. Eu vim para reivindicar respeito para com a minha simplicidade. Como estou num voto de silêncio, não vou pedir para eles orarem para mim, certo?! Bem! Que assim seja. Continuo ouvindo e ela está dizendo. A pregadora acabou de dizer uma frase curiosa: - "...poder para testemunhar...". Ela está falando sobre uma atitude que aconteceu com os seguidores de Jesus. Esta história contida no livro de Atos dos Apóstolos, conta que várias pessoas começaram a falar em línguas estranhas. Sobre esta passagem, penso que só foi possível ser registrado a história das línguas estranhas, pelo fato de que outras pessoas puderam entender. Pessoas de diversos lugares acharam que aqueles seguidores cristãos, que falavam em línguas estranhas, eram loucos pela maneira como agiam. Informa a bíblia que as palavras puderam ser compreendidas por pessoas de diversos lugares, e aquelas pessoas não eram da mesma terra que os cristãos. Só o milagre do Espírito Santo poderia fornecer este poder. De fato acredito nesta força "oculta" em nós. Existem muitas coisas das quais ainda não vimos no youtube ou no redtube, e se não for a permissão de Deus, jamais será visto, mas garanto que elas existam.A permissão de Deus é a liberação da Natureza para que as coisas possam acontecer, existem dois tipos de permissões, a permissão por vontade divina e a permissão para a vontade de quem pede a permissão. O que discuto aqui não é com prioridade na vontade divina, mas sim nas nossas vontades, onde entramos em choque pelo que é melhor para cada um de nós. Agora, estou impressionado com a insistência desta pregadora em falar em línguas estranhas aos berros. Como se eu fosse entender o que ela fala na força do volume. Eu mal falo português. Se é a vontade real do Espírito Santo que está nesta mulher falando (e acredito que realmente possa ser), com certeza há um objetivo com estas palavras. Não quero discutir o que tem de correto, mas como Jesus ensinou a buscar os erros para serem corrigidos, estou analisando apenas os defeitos. As atitudes corretas eu não preciso olhar, pois se praticarem o que é bom, basta a alegria que nós compartilharmos juntos, porém ainda sinto que hão erros na comunidade cristã e se eles seguem ao Deus que eu tento servir, preciso ajudá-los a corrigir seus próprios erros da mesma forma como eles me ajudaram e ajudam desde o meu nascimento e assim será até a minha morte. Como eu disse, os acertos já bastarão por si na forma da nossa união.Acabei de me ajoelhar e fazer uma oração. Tive a necessidade de agradecer a Deus por uma situação que acabou de me ocorrer. Tem algumas pessoas que estão caindo no chão agora enquanto uma outra pastora prega dizendo "...recebe, recebe, recebe, tá queimando, recebe...". A pastora acabou de dizer que "...quando o poder do Senhor se manifestar, os seus inimigos não vão ficar por perto...". Me pergunto em silêncio, que tipo de inimigo ela está falando? No dia seguinte: Tive que parar de registrar, hoje é terça feira e estou no trabalho. Não pude continuar registrando pois precisei refletir sobre uma situação que aconteceu. Durante o momento que parei de escrever, um pregador, diante de toda a comunidade, apontou a mão aberta na minha direção e disse "...saia espírito de deboche, saia daqui satanás, eu te repreendo e te rejeito em nome de Jesus...". Pela história que tenho, senti que todos olhavam para mim, inclusive um rapaz um pouco parecido comigo nas atitudes, mas que insiste em ir naquele lugar mais do que eu, veio me abraçar, enquanto que o resto continuou com aquele sentimento abafado, mas real. Eu continuei sorrindo, satisfeito, por isto tive que me ajoelhar e fazer a oração para agradecer a Deus pela oportunidade de estar vivendo mais uma experiência de distinções e não de igualdade. Mesmo estando junto, me senti fora de quase todos ali. Neste caso me preocupo menos, pois a minha vontade era de buscar a minha relação com Deus. Ao final do culto o tal pregador veio até mim para dizer que tinha algo para me falar. Fui ao bebedouro, após satisfeito fui ao banheiro, lavei o rosto e só pensei numa coisa: "não vou falar nada". Que nada, descobri ontem que sempre que me sinto ameaçado eu acabo falando. Estou descobrindo agora mais um desafio. Ficar em silêncio mesmo quando me difamarem. Vão me humilhar publicamente, me perseguir como aquele "pastor" me perseguiu e tentar fazer eu falar merda, minha ordem é dizer apenas o necessário, por tanto, precisei passar por esta experiência. Meu irmão ajudava no louvor tocando contra-baixo neste dia. Na hora que o pregador veio falar comigo, após o culto, disse-me que havia um demônio de deboche rondando a minha vida. Disse que este demônio me perseguia. Antes de ele começar a falar eu já estava rindo. E eu não ria pouco, eu quase comecei a gargalhar na frente dos dois, meu irmão e o pregador. Acontece é que eu gargalhava de felicidade pelo fato de estar ali ouvindo ele falar comigo, me dando atenção, isto não é uma coisa muito normal, me chamarem para conversar enquanto eu estou sob um voto de silêncio. E ele dizia, "só escuta" e eu fazia gestos informando "fala", eu fazia gestos como se dissesse "pode falar, estou ouvindo", mas o boçal não entendia nada! E ele começou a ficar vermelho de raiva e meu irmão constrangido. Quando percebi o vacilo do pregador de me julgar de maneira prepotente, comecei a ter crise de risos, mas não foi de deboche, de certa forma eu achei engraçado, mas antes de achar cômico eu estava feliz, foi um laço de sentimentos, mas como percebi que meu irmão estava ficando constrangido, não pude ficar calado e tive que falar que eu estava ouvindo e estava feliz por eles estar dizendo, mas ele insistiu em achar que eu não estava dando ouvidos. Fui até o notebook e escrevi uma contra-resposta àquela atitude inusitada dele, e informei que se eu estava debochando, com certeza isto era uma imagem deturpada daquilo que eles já fazem. Já percebi a mesmíssima atitude vinda daquelas pessoas. Inclusive da juventude e também de um outro pregador muito famoso chamado Carlos. Até Elias, no velho testamento, usou de deboche contra os 450 profetas de Baal. O sorriso deles também me incomodava. Eu também senti raiva pela felicidade deles, e se isto é um tipo de deboche da parte deles para comigo, então eu precisava reavaliar a minha potência para perceber que eu estava sendo prepotente. A realização da potência do meu silêncio ainda não foi apresentada, mas não tenho tido uma enorme expectativa, apenas o suficiente para uma satisfação própria e a minha satisfação consiste em satisfazer pessoas que não se sentiram cheias mesmo tendo tudo à suas mãos. Não pessoas que já têm aquilo que precisam e também sabem disto, porém como vou saber quem sabe disto ou não? Isto a psicologia ajuda, mas não me sinto um bom conhecedor de mais algumas determinadas coisas, como já disse, gosto de me alimentar pouco, alimentar de mais de algumas coisas é um receio que tenho onde poderei me prender a um mundo de gula educacional. Sobretudo não nego a relevância de saber ao menos alguma coisa básica e saber o que é básico também é uma tarefa complicadíssima. Eu só percebi que a máscara daquele homem caiu quando me coloquei no lugar dele e percebi que ele sofria vergonha da mesma forma como eu também sofri. Ao me colocar no lugar dele, precisei pedir perdão para ele, não com palavras de desculpas, embora acho que deveria ter sido, mas foi com uma palavra onde eu disse que estava feliz por ele estar falando comigo tudo aquilo, pois quando alguém se preocupa comigo, pode ser um gesto de amor e agradeço. Não falei tudo isto, confesso que errei em não ter dito tudo isto, mas ao menos agora percebo o que seria interessante de dizer numa ocasião como esta. Agora que tomei mais esta vacina, já estou menos vulnerável a falar merda. Vivendo e aprendendo.
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Vomitando Gritos de Silêncio
SpiritualUma experiência que me propus a fazer, que me deixou à beira da sanidade ou da loucura. Uma forma de aprender a ouvir melhor as pessoas. A experiência se passa em Belo Horizonte em 2014.