Não tenho tido mais medo de assaltos. Ando com o notebook na mochila e não me importo se for assaltado. Tudo o que preciso está contido no meu cérebro, então se quiserem roubar minhas informações, aconselho que tentem roubar meu livro, ou então que tentem fazer uma leitura cerebral com minhas memórias mais profundas, e depois apagar minha memória. Só assim vão tirar de mim meu verdadeiro tesouro. Houve um caso especial na praça da Liberdade no último fim de semana. Foi no dia 25 de outubro, uma tarde de sábado. Estivemos bebendo, tocando violão e nos divertindo próximo da biblioteca pública. Hoje em dia chamam aquele lugar de "elevador", antes era Anexo. Desta vez a única coisa de "valor" que eu tinha era meu celular e meu violão. Meu violão tem um valor simbólico forte para mim, o celular tem muito pouco valor, principalmente por eu não estar conversando com praticamente ninguém, ainda mais depois que a Julia resolveu não me levar a sério, agora que realmente não estou falando com ninguém. Até acho o celular legal para brincar de Zombie Tsnunami. Neste caso especial que vou relatar, havia um garoto falando com alguém com o seu celular. Parecia um pequeno tablet, aparentava ser bastante caro, o garoto parecia ter entre 15 e 17 anos e estava utilizando seu aparelho naquele lugar cheio de pessoas dignas de desconfiança. Ele não se preocupou, achou que estava num lugar seguro e por fim acabou sendo assaltado. Eu estava próximo dele, mas não pude evitar, principalmente porque eu não quis falar nada, nem para ajudar. Não que eu não quisesse, inclusive tentei entregar para o ladrão o meu celular em troca só para que ele não fosse assaltado, mas o ladrão preferiu o aparelho dele, enfim. Sobretudo fiquei chateado pelo rapaz apenas por eu não poder ajudar, mas por ele ter perdido eu não me preocupei nenhum pouco. Acontece é que há momentos na vida que precisamos de um balde de água gelada por dentro para acordamos para a vida. Não estou justificando o roubo, mas estou mostrando a minha tolerância em relação a isto. Ela é mais intensa do que parece e as pessoas brincam com a sorte. Eu mesmo brinco com a sorte, mas tenho aprendido a brincar com ela segurando na mão da minha sorte, que tem sido a minha razão dada por Deus, através da ciência dos experimentos e das teorias. Na teoria o rapaz deveria saber que lá não é um lugar para ficar brincando com um aparelho tão caro. Se em seu sentimento ele demasiar o valor ao objeto perdido, na prática ele vai aprender a valorizar mais as pessoas dentro do valor aquisitivo e provavelmente não voltará mais naquele lugar, mas se ele não der valor para aquele objeto e sim para a necessidade de quem o assaltou, provavelmente ele voltará naquele lugar para ver e viver mais daquela maneira "radical" de viver.
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Vomitando Gritos de Silêncio
SpiritualUma experiência que me propus a fazer, que me deixou à beira da sanidade ou da loucura. Uma forma de aprender a ouvir melhor as pessoas. A experiência se passa em Belo Horizonte em 2014.