022- O Selo

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━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━A música ao fundo parecia um eco distante, abafada pelo som do meu próprio coração

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A música ao fundo parecia um eco distante, abafada pelo som do meu próprio coração. O salão estava iluminado por luzes suaves, e os murmúrios e risadas da festa pareciam apenas vultos, sombras sem importância ao redor de mim. Shikadai estava ao meu lado após umas horas de puro sexo, sua presença forte e reconfortante, mas, naquela noite, sua voz soava como um borrão. Ele falava sobre a missão em Kirigakure, sobre estratégias e táticas, algo que, em outros tempos, teria minha completa atenção. Mas agora... Agora, minha mente estava longe.

Minha mão, quase involuntariamente, subiu até a nuca, tocando o local onde o selo estava gravado na minha pele, invisível para o mundo, mas uma corrente constante em meu espírito. Era ali, naquele ponto exato, que meu pai, havia selado meu destino e o de Hiromi. Um jutsu proibido, uma maldição que nos tornava meros fantoches de sua vontade. O selo pulsava com uma energia fria e sinistra, como se estivesse vivo, conectado diretamente à essência de Jashin, a divindade que meu pai tanto venerava. Qualquer tentativa de desobedecê-lo resultaria em dor insuportável, uma agonia que rasgava corpo e alma até que a submissão fosse inevitável. Quando crianças éramos tratados com amor, mas depois dos quinze anos viramos brinquedos.

Shikadai falava, sua voz quente, seus olhos amáveis. Mas tudo que eu conseguia sentir era a pressão do selo, a lembrança cruel de que eu não era dona de minhas próprias escolhas. O peso de tantas mentiras começou a sufocar meu peito. Quantas vezes eu já havia mentido para ele? Quantas vezes fingira que tudo estava bem, quando a verdade era que eu estava acorrentada às vontades de um homem que não conhecia compaixão, que havia renunciado à paternidade em nome de seu deus sangrento?

Um calafrio percorreu minha espinha, e senti um nó se formar em minha garganta. A culpa era um veneno lento, escorrendo por minhas veias, corroendo minha sanidade. O que meu irmão e eu estávamos fazendo? Quantas vezes Hidan já nos ameaçara com promessas de tortura ou morte, não apenas para nós, mas para qualquer um que ousasse se aproximar demais? Ele sempre fora claro: "Vocês são meus. De corpo e alma. E se ousarem desobedecer, se tentarem fugir, eu não hesitarei em destruir cada pedaço da vida que vocês construíram.”

Lembrei-me de uma vez, quando Hiromi, desesperado, tentou resistir, tentou argumentar que éramos seus filhos e merecíamos mais do que sermos marionetes. Hidan não precisou de palavras longas para respondê-lo. Em um único gesto, ele ativou o selo de Hiromi. Eu ainda podia ouvir os gritos de dor, a forma como ele se contorcia no chão, impotente, enquanto nosso pai observava com um sorriso gélido. “Isso é o que acontece quando vocês esquecem o que são”, ele dissera. “Vocês pertencem a mim. E eu faço o que quiser com aquilo que é meu.”

As lembranças me atingiam como golpes, uma após a outra. Eu queria gritar, correr, contar a Shikadai a verdade, mas o medo me segurava. O que ele pensaria se soubesse? Se descobrisse que a garota que ele amava, que ele confiava, estava secretamente conspirando, mesmo que contra sua própria vontade? Como eu poderia continuar escondendo essa escuridão dentro de mim, enquanto fingia ser a mesma Hitomi que ele conhecera anos atrás?

𝕺 𝕽𝖎𝖙𝖚𝖆𝖑 𝕯𝖔 𝕬𝖒𝖔𝖗 |ˢʰᶦᵏᵃᵈᵃᶦ ᴺᵃʳᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora