Depois que Eduardo voltou para seu apartamento, sentiu a vontade de bater com a própria cabeça no cimento da parede.
— Qual a porra do meu problema? — Resmungou à si mesmo.
Aliás, fazia poucas horas que se desmanchou em lágrimas, escorregando com as costas pela estante da velha livraria, para no final ser consolado por uma maldita CRIANÇA.
Ele não sabia o que o irritava mais, o fato de ter baixado sua guarda assim, ou o seu coração ter sido realmente acalentado pela jovem. Quase suspirou na primeira vez que a viu, admirado por aqueles grandes olhos castanhos que o faziam lembrar de Dany, sua meia-irmã.
Quando suas lágrimas cessaram, percebeu que a garota, cujo nome ainda não conhecia, estava com a mão em seu braço. Ele lentamente virou a cabeça para observá-la, se deparando com um sorriso piedoso.
"Está melhor?" Ela tinha questionado.
Mas Eduardo, envergonhado e assustado, simplesmente levantou-se e saiu da livraria sem mais ou menos, deixando-a sozinha.
Na madrugada daquele dia, ele revirava mentalmente aquele momento, repetindo a memória como se fosse a fita de um filme, lembrando-se de cada detalhe da garota, os lábios bem desenhados, os cachos presos em marias chiquinhas, os ombros pequenos e os trejeitos tímidos...
Novamente se encontrou suspirando, junto com o arrependimento o tomando.
Fechando os olhos com força, respirou fundo.
"Eu deveria ter pelo menos agradecido".
Então no dia seguinte, após o expediente de garçom, seus pés o guiaram em frente daquela livraria novamente.
Quando se tocou de onde estava, levou a mão aos cabelos loiros, os penteado.
— Eu só posso estar maluco... O que que estou pensando? — Murmurou.
Ficou em frente do estabelecimento por uns três minutos, analisando a estrutura envelhecida, mas charmosa, perguntando a si mesmo se deveria ou não entrar.
"Quais as chances dela estar aqui?" Questionou a si mesmo, observando o horário no relógio de pulso. Eram 18:21.
Respirou fundo e finalmente entrou. Foi recebido com graça pelo "Gordão", que genuinamente ficou feliz de vê-lo novamente. Eduardo apenas o cumprimentou com um gesto de cabeça e se direcionou aos corredores feitos das altas estantes.
Seus dedos deslizaram pela poeira da madeira velha, com os olhos vagando pelos títulos, sem realmente estar focando para conectar as letras. Seu coração disparava, ansioso, numa expectativa que nem ele sabia explicar direito pelo o que era, com os seus olhos desprendendo dos livros para observar ao redor, quase como se estivesse procurando algo, ou alguém.
Ele queria vê-la, isso é um fato, mas ao mesmo tempo, não queria. Nem sabia o que iria falar se a visse... A agradeceria? Pediria desculpas? São muitas dúvidas e...
E então ele escutou uma risada.
Uma doce e genuína risada, uma voz quase angelical. Aquele som baixo e sereno era como um entardecer de domingo, tão confortável quanto beber chá de camomila e baunilha.
Querendo ouvir mais daquele som, o primeiro instinto de Eduardo fora seguir aquela risada, chegando na esquina da estante, passou para a próxima fileira, finalmente a encontrando.
Lá estava a garota, sentada sobre a madeira do chão velho, mal se importando com a saia clara que usava, com um livro em seu colo. Ela ria de algo que estava lendo, levando as mãos aos lábios numa tentativa de segurar-se, mas sem vitória.
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Isso não é um Clichê!
RomanceBianca sempre foi apaixonada por romance: séries, filmes, livros, gibis, mangás, animes... a lista era longa! E foi no romance que ela pensou quando seu pai lhe disse para aproveitar sua juventude. Bianca estava diante de uma nova escola e, nesta n...