Capítulo 9

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Quando estava prestes a fechar a porta, escuto alguém ao meu lado

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Quando estava prestes a fechar a porta, escuto alguém ao meu lado.

— Bom dia.

Me virando, vejo Arthur. Dessa vez, vestia uma blusa preta da série "Friends" e um casaco por cima.

Desviei o olhar, soltando uma risadinha nasal.

— Por acaso tu é um stalker? Ou vive sempre na frente do seu apê? Toda hora nos encontramos.

Ele riu também.

— Juro que é só coincidência.

Ontem de noite, eu fui assediada e esse cara me salvou. Fomos na delegacia, voltamos para nosso prédio, sentamos na escada, bebemos e eu chorei em seus braços.

No fim, quando meus pais chegaram, Arthur explicou melhor tudo o que aconteceu para eles e me entregou o BO feito.

Meus pais o agradeceram milhares de vezes, perguntando o que poderiam fazer para compensar tamanha bondade.

Arthur respondera que não precisava de nada, já que apenas fez o mínimo.

Depois disso, entrei em casa com meus pais e corri para tomar um banho. Sob o chuveiro, chorei mais, me sentindo um pedaço de carne barata e suja que nenhum sabonete caro seria o suficiente para limpar.

Após sair do banho com os olhos inchados e avermelhados, meus pais voltaram a se preocupar. Tentaram me consolar, conversar comigo e fazer de tudo para me animar. Até sugeriram um filminho com pipoca, que no caso acabei aceitando.

Olhamos o primeiro Crepúsculo, um dos meus filmes favoritos.

Até ai, tinha conseguido finalmente me distrair um pouco.

Ao terminar o filme, me voltei para eles e pedi para que por um tempo, não falássemos sobre isso.

"Só quero esquecer".

Eles respeitaram meu pedido e eu sorri com isso.

Eu amo muito meus pais. Eles sempre fazem de tudo para eu me sentir melhor. Para mim, isso que é família e não me importo se outros acham que não. Eles são pessoas maravilhosas, que me amam demais, assim como amo eles. Ao lado deles, me sinto protegida, calma e feliz. É assim que uma família deve ser, um laço de confiança, saber que pode sempre contar com eles. Pouco importa se não compartilhamos o mesmo sangue.

Me despedi, alertando que iria me deitar. Me deram um beijo no rosto e uma boa noite e agradeci com um sorriso.

Acabei demorando bastante para dormir. Agora, cá estou, sete e pouca da manhã em frente ao meu apê, pronta para ir para escola.

— Mas e você? Tudo bem? Achei que ia tirar o dia para descansar — disse Arthur.

Soltei uma risada fraca, sacudindo a cabeça em negação.

— Para remoer todas os traumas internos? Não, obrigada. Prefiro ir me distrair. Tô indo para a aula — cruzei os braços.

Arthur arqueou as sobrancelhas em surpresa.

— Ah! É estudante? — concordei. — Tá fazendo curso de que?

Lentamente, fui franzindo o cenho com sua pergunta.

Curso? Ele acha que estou na faculdade?

— Na verdade, eu... — iria responder que estava no ensino médio, mas meu pai Alexandre acabou abrindo a porta atrás de mim.

— Bianca? Vai querer uma carona? — questionou ele. Em seguida, seus olhos chegaram ao nosso vizinho. — Oh! Bom dia, Arthur.

O outro abriu um sorriso.

— Bom dia!

Papai voltou me olhar.

— E aí?

— Ah, eu adoraria, pai. Só vou conversar rapidinho aqui com ele, tá? — apontei para Arthur.

— Claro. Vou esperando lá em baixo então.

E fechando a porta, desceu a escadaria com a chave do carro em mãos.

Me voltei para o moreno.

— Então... Arthur, antes de ir, só queria pedir desculpas.

Ele entortou a cabeça, semicerrando os olhos em desentendimento.

— Por que tá me pedindo desculpas?

— Porque... Bem... Somos recém dois estranhos e ainda assim, ocupei muito do seu tempo ontem. Tu me levou na delegacia e... Ficou ao meu lado enquanto eu chorava e desabafava. Além de ter bebido comigo, tipo, que? — forcei uma risada, enquanto meu rosto esquentava em vergonha ao lembrar do momento na escadaria.

— Bianca, eu só fiz o que qualquer ser humano faria. Tu não precisa...

— Eu sei — falei, o interrompendo. — Eu sei que você só fez o "mínimo", mas... Ainda assim tu viu um lado vergonhoso meu, que normalmente só deixo meus pais ou minha psicóloga ver. Tu, um estranho que conheci ontem, mas que ainda assim me consolou e me abraçou. Admito que foi um gesto muito importante para mim, alguém estar ao meu lado naquele momento tão difícil. Mas querendo ou não... Você continua sendo um estranho. Eu sou uma estranha para você, que não conhece direito e que não precisava consolar.

Arthur ficara calado após tudo o que eu disse. Ficou me encarando com os olhos bem abertos, antes de lamber os lábios e respirar fundo.

— Sabe, quando alguém tá te ajudando, tu não tem que se desculpar — entortou a cabeça. — Tem que agradecer.

Mordi o lábio inferior.

— Obrigada, Arthur. Você sempre vai ter um cantinho em meu coração depois disso.

Lentamente, suas sobrancelhas se juntaram em uma confusão repentina, antes de um sorriso nascer em seus lábios.

— Me pergunto se vai continuar pensando o mesmo daqui uma semana... De nada, Bianca. Melhor você ir para sua aula antes que se atrase.

— É... E tu ainda tá gripado? — assentiu. — Então melhor voltar para a cama.

— Já estou indo.

Forcei um sorriso rápido, antes de me virar e me preparar para descer as escadas.

— Ah, esqueci de uma coisa — ele voltou a falar, o que me fez olhá-lo. — Por tudo isso ter acontecido... Acho que... Talvez, só talvez, não vamos ser tão estranhos assim por tanto tempo.

Por um segundo após essas palavras, fiquei inerte enquanto me perdia em seus olhos de cores diferentes. Palavras simples, mas que davam o índice da possibilidade de uma nova pessoa incrível na minha vida.

Soltando um suspiro, assenti com a cabeça e um sorriso sincero se fez em meus lábios.

— É, talvez — e eu me virei para continuar meu caminho. 

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