C E C Í L I A
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• Vittorio interceptou mercadorias de Eveline - Bella
• Qual total do prejuízo?
• Milhões. - Bella
A bolha que carregava a mensagem flutuava pelo chat de mensagem. Sem resposta. Não tive coragem.
Não saberia ao certo exatamente qual sentimento percorria meu peito. Mas era algo que se aproximava à culpa, certamente.
Ainda que tivesse a certeza de que os Moralez sabiam exatamente onde estavam se metendo, não conseguia me abster da sensação corrosiva da culpa.
Eve, que em nenhum momento deixou transparecer sua total preocupação e aflição, tivera um prejuízo de incontáveis proporções. Até porque, se compradores não achassem o transporte mercatório de Eveline seguro o suficiente, deixariam de comprar em sua mão. E isso levaria para outros caminhos extremamente perigosos.
O que eu, como fonte principal de todo aquele problema, faria diante de tudo isso?
Os dias com Eveline se sucederam maravilhosamente bem. Explorávamos cada mísero lugar da viagem. Conhecemos bares, dançamos em festas locais, visitamos praias isoladas, passeamos pelos corais das águas exóticas. Realmente aproveitamos cada segundo.
Mas nada disso abstraia a tensão obscura que se intensificava cada vez mais no fundo de seus olhos. Eu sabia, tal como uma verdade absoluta, que Eveline jamais me falaria nada. Pelo menos, não durante nossa lua de mel.
Apesar de tão recente, sentia que ela me conhecia muito mais do que o normal no curto período de aproximação que tivemos. Mesmo assim, gostaria que ela tivesse compartilhado suas aflições comigo. Agora que compartilhava abertamente de sentimentos por mim, que iam além do nosso acordo.
Mas compreendia que fazia isso pelo senso aflorado de proteção. Ela tinha sido ensinada dessa forma, e não esperava que agisse de maneira diferente.
Ainda assim, desejei outra atitude.
Não queria ser somente o motivo de risos e orgasmos de Eveline. Era, sim, pontos que almejava - recentemente descoberto - sempre causar nela, mas não apenas disso.
Vivi minha vida inteira em meio a máfia e ao perigo. Como primogênita, fui avidamente ensinada para ser herdeira do sobrenome Denaro. E me considerava perfeitamente apta a lidar com qualquer problema relacionado aos esquemas de exportação.
Tal como fazia em minha própria casa, quando ainda trabalhava ao lado de meu pai. Sendo esse o único momento em que conseguíamos nos manter em um curto espaço por um longo período de tempo.
Eveline me excluir disso, agora que estávamos tão próximas, me fez repensar em qual caminho estavamos seguindo.
E, por um incômodo repentino, passei a renegá-la em suas investidas. Sentia-me usada. Uma válvula de escape. Como se servisse apenas para acalmar seu espírito conturbado na cama. E não como parceira. Aliada. Apenas um buraco para descontar seu estresse e gastar seu dinheiro.
Eu não era uma princesinha. Embora ela continuasse a me chamar por tal apelido. Esperava que só me olhasse daquela forma de modo figurativo, e não num literal.
Depois do terceiro dia, ela simplesmente parou. Me senti aliviada. Mas ao mesmo tempo mais incomodada ainda. Não queria de fato me afastar dela, mas também não queria me sentir como uma meretriz.
Nos tratávamos normalmente, mas sem qualquer malícia de sua parte. O que deixava no ar a sensação de amizade, e não da troca de sentimentos que há alguns dias atrás.
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Amor Vermelho Sangue - Livro III | Trilogia Amor De Bandido
Romantik¡AVISO! Aos novos leitores, não é necessariamente obrigatório a leitura de "Amor de Bandido Part. I e/ou Part II" para entender o enredo desta história, apesar de conter a mesma base, serão livros distintos. Ps.: Porém, recomendo que leia todos, são...