Capítulo 09 | Sobre o Futuro

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Pensamentos intrusivos

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Pensamentos intrusivos.

ELARA NSOKI

Batendo a caneta freneticamente contra a madeira da mesa, observo o professor falar, mas as palavras dele parecem distantes, como se estivessem sendo ditas em um idioma que não compreendo. Meu olhar vagueia pela sala, tentando encontrar algo que me prenda a atenção, mas tudo me parece vazio, sem propósito. Uma sensação de arrependimento começa a tomar conta de mim, uma dúvida corrosiva sobre minha escolha de entrar na faculdade. Penso em quando tinha dez anos, quando fui nomeada a garota mais esperta da turma. Naquela época, o mundo parecia claro e as respostas pareciam sempre ao meu alcance. Mas isso mudou aos quatorze anos. Como se uma névoa tivesse envolvido minha mente, tudo ficou nebuloso e, desde então, concentrar-se em qualquer coisa tem sido uma batalha diária.

A vida adulta veio como uma avalanche de responsabilidades e incertezas. Às vezes, me pergunto se tudo isso é um grande teste que eu não estou preparada para enfrentar. Será que vou me casar algum dia? Terei filhos? Serei uma mulher independente ou acabarei dependendo de alguém? E se, no fundo, eu gostar de mulheres e ainda não tenha percebido? Morrerei virgem? Ou quem sabe serei presa por algum motivo estúpido? As possibilidades parecem infinitas, e minha mente não consegue parar de girar em torno dessas questões. Desde que fiz dezoito anos, sinto como se estivesse à deriva, sem direção, perdida em um oceano de escolhas. Aos quatorze, já era difícil me concentrar, mas agora, aos dezoito, tudo se tornou uma confusão ainda maior. Vago pelos corredores da faculdade, tentando desesperadamente encontrar algo que realmente desperte meu interesse. Quando não encontro, volto para as aulas de psicologia, onde, por breves momentos, sinto uma fagulha de curiosidade. Mas logo essa fagulha se apaga, e me vejo novamente vagando, tentando me reencontrar no design, e depois repetindo o ciclo.

ㅡ A mente humana, muitas vezes... nos prega a peça ㅡ A voz do professor invade meus pensamentos, mas soa distante, como um eco que se perde no vazio.

Sem muito propósito, abro meu caderno e começo a desenhar os traços de um rosto. Não sei de quem é, mas isso pouco importa. Desenhar sempre foi uma forma de me desconectar, de silenciar o turbilhão de pensamentos que habita minha mente. A aula de hoje parece especialmente difícil de suportar, minha concentração está em frangalhos. Deveria sair, ir para algum lugar onde pudesse respirar, mas a ideia de deixar a sala e, possivelmente, encontrar o Trevor lá fora, me desanima ainda mais.

ㅡ Elara! ㅡ Uma voz me chama, acompanhada de um leve toque no ombro. Viro-me para trás e vejo Ivy, uma colega de classe.

ㅡ Ivy ㅡ Respondo em um sussurro, forçando um sorriso. ㅡ Oi, como você está?

ㅡ Estou bem... Quer sair um pouco? Conversar? ㅡ Ela pergunta, e eu sinto um alívio imediato. Qualquer coisa para sair daquela sala.

Assinto com a cabeça, e nos levantamos da cadeira, tomando cuidado para não fazer barulho. Saímos da sala juntas, e noto que Ivy parece exausta, como se carregasse um fardo invisível, um cansaço que não é apenas físico, mas emocional. Ela é como um reflexo meu, um espelho que me mostra tudo o que também estou sentindo. Essa semelhança me faz gostar ainda mais dela. Caminhamos pelos corredores, trocando confidências sobre como nos sentimos deslocadas, rindo das nossas estranhezas que, de certa forma, nos unem.

𝐈𝐍𝐓𝐎𝐗𝐈𝐂𝐀𝐍𝐓𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora