Capítulo 21 | Um dia "perfeito"

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Nove anos atrás...
2015 Nova Orleans.

Não me deixe triste

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Não me deixe triste

ELARA NSOKI

Hoje é um dos meus dias preferidos na escola: o dia de apresentações! Estou tão empolgada para mostrar um dos meus talentos que mal consigo me conter. Desde cedo, fiquei imaginando cada detalhe da performance. Sei cantar e dançar, e hoje terei a chance de fazer os dois! Quero que todos vejam o quanto me preparei. Com um sorriso, me olho no espelho, admirando minha maquiagem rosa brilhante e o vestido rosa cheio de glitter – eu adoro glitter, quanto mais, melhor! Até meu microfone está decorado com uma fitinha rosa, para combinar com o visual.

Sinto uma pontada de ansiedade enquanto espero nos bastidores. Penso em como meus amigos vão reagir, e meu coração fica ainda mais aquecido ao lembrar de quando fiquei doente. Eles foram tão carinhosos comigo, me mandando presentes para que eu me sentisse melhor. Essa apresentação é uma forma de retribuir esse carinho.

Finalmente, ouço meu nome ser anunciado e respiro fundo. Caminho para o centro do palco, tentando controlar o nervosismo. Quando levanto o olhar, vejo a plateia cheia. Busco rostos familiares, e lá estão eles: minha mãe, com um sorriso encorajador, minha irmã Elowen, sempre me apoiando, e meu novo amigo Cristos. Eles me passam segurança e me fazem sentir que não estou sozinha.

A música começa a tocar, e dou o meu melhor. Começo a cantar “Let It Go”, da Frozen, com toda a paixão que sinto. Mas, então, um som inesperado de risadas começa a ecoar pela plateia, misturando-se com a música e tirando minha concentração. As risadas crescem, e um frio percorre minha espinha.

Maria Sangrenta! ㅡ Grita uma menina, apontando para mim com os olhos arregalados e um riso debochado.

Confusa e assustada, olho para baixo e sinto meu rosto corar. Lá está, em minha meia-calça, uma mancha de sangue que não tinha percebido antes. A dor de barriga que senti durante o dia finalmente faz sentido, mas agora não consigo controlar a vergonha. As risadas parecem aumentar, e cada segundo no palco se torna insuportável. Em um impulso, corro para fora do palco, lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto tento me afastar dos olhares de todos.

Chego aos bastidores quase sem ar, e uma das professoras vem ao meu encontro, tentando me acalmar. Mas, em pânico, sinto que preciso de alguém que realmente me entenda.

ㅡ Eu quero minha mãe! Estou sangrando! Ela é médica e vai saber o que está acontecendo! ㅡ Suplico, sem esconder meu medo e minha confusão.

ㅡ Elara, isso é normal, querida. Faz parte de crescer. Você está bem. ㅡ A professora tenta me tranquilizar, falando com calma.

𝐈𝐍𝐓𝐎𝐗𝐈𝐂𝐀𝐍𝐓𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora