Capítulo 20: Flores para você

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Eu olhei para Alex, ainda mais confusa com a sua presença ali. Ele era meu chefe, mas, apesar de sermos amigos bem próximos, não era comum ele fazer visitas assim, especialmente no hospital. E o mais impressionante: ele segurava um buquê de rosas vermelhas.

— Alex... — comecei, tentando entender. — Como você soube que eu estava aqui?

Ele riu, um som leve e casual.

— Você comentou na ligação que estaria aqui. Fiz algumas perguntas para a recepção e aqui estou eu. — Ele sorriu despreocupado.

Sua explicação parecia plausível, e eu me senti um pouco boba por ter questionado. Alex sempre foi um chefe presente e, com a minha situação, era natural que ele estivesse preocupado.

— Eu realmente não esperava por isso — disse, pegando o buquê que ele me oferecia. As rosas eram bonitas e delicadas, e o gesto me tocou. — Muito obrigada. Foi uma surpresa muito boa.

— Fico feliz em ouvir isso — ele disse, seus olhos brilhando de satisfação. — Você merece um pouco de alegria nesse momento difícil.

Ele trocou mais algumas palavras com a minha mãe, sempre com aquela postura educada e calma que eu conhecia do escritório. Depois de um tempo, ele se despediu, deixando o quarto com um último sorriso gentil.

Assim que ele saiu, Diego me olhou de forma questionadora.

— Seu chefe, hein? — disse ele, levantando uma sobrancelha.

Eu ri, ainda segurando as rosas.

— É, foi inesperado, mas ele sempre foi assim, atencioso.

— Parece que ele se importa bastante — comentou Diego, lançando um olhar para o buquê.

Eu dei de ombros, sentindo o leve calor do constrangimento. Talvez eu estivesse exagerando ao questionar como ele soube do hospital. Afinal, Alex sempre foi um chefe solidário, e com a minha saúde em jogo, era natural que ele se preocupasse.

— Ele é um bom chefe, só isso. — Ajeitei as flores na mesa ao lado da cama. — Acho que foi só um gesto de carinho.

Diego assentiu, mas eu percebi que ele não parecia completamente convencido. Porém, para mim, a visita de Alex não parecia nada além de um ato gentil.

— Jabuticaba, ainda precisamos resolver uma questão.

— O quê? — perguntou ele.

— As imagens das câmeras da sua casa, o sequestro... Você decidiu o que quer fazer?

Com toda essa situação — exames, cirurgia e a visita de Alex —, acabei me esquecendo completamente do foco principal: o stalker. Eu não comentei com ninguém que ele apareceu no banheiro enquanto eu tomava banho, e acho melhor nem comentar. Não quero trazer mais confusão do que o necessário.

— Do que você está falando? — Diego parecia confuso.

— As imagens que você mostrou, do stalker passando com o gato morto em frente à sua casa. Como você pode ter esquecido isso?

— Mariana, não tem imagem nenhuma. Eu até chequei as câmeras, na sua frente, mas não encontramos nada... Você não se lembra?

— Eu... Mãe, você viu as imagens, não viu? Ele estava lá!

— Filha, eu acho melhor você descansar, está muito confusa — disse minha mãe, preocupada.

— Por que vocês estão agindo assim? Eu não estou louca!

— Amor, ninguém está dizendo isso, mas... Eu pedi ao pai do Diego, um policial, para verificar seu apartamento, e não encontraram nada. Nem um bilhete, nem as pétalas de rosa que você havia mencionado — falou minha mãe com uma calma que me assustava.

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