Capitulo 69

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"O amor é a única coisa que cresce a medida que se reparte."

Nova Orleans - Luisiana
2013

Após descansar a noite toda e dormir até quase meio da tarde, Atreus resolveu dar uma volta pelas ruas da cidade. Precisava espairecer a cabeça depois de realizar aquele feitiço. Fazia mil anos que não tirava a pulseira que Freya havia feito, e a onda de poder que o invadiu foi intensa, desestabilizando sua mente por um tempo.

Nem mesmo Freya sabia, mas aquela magia obscura que pulsava no interior de Clarissa também habitava o fundo de seu próprio poder, sempre tentando escapar quando ele usava poder demais.

A tarde estava quente e ensolarada em Nova Orleans, o ar denso com a mistura de aromas de especiarias e o som constante de trompetes e saxofones ecoando pelas ruas.

Nova Orleans vivia e respirava sua cultura rica e vibrante, onde cada esquina parecia contar uma história em forma de música, dança e arte. Nas calçadas, artistas de rua tocavam melodias de jazz enquanto pessoas de todas as idades se juntavam em pequenos grupos para dançar. As ruas estreitas eram decoradas com murais coloridos e, em cada canto, havia uma nova explosão de cor e vida.

Atreus caminhava por uma das praças centrais, onde uma feira de arte estava em plena atividade. Vendedores exibiam suas criações, desde colares de contas a esculturas de madeira e pinturas que capturavam a alma de Nova Orleans.

Ele caminhava entre as pessoas com um sorriso no rosto. Pela primeira vez em muito tempo, ele se sentia feliz.

Atreus parou diante de um pintor que trabalhava em uma tela, misturando cores vibrantes que refletiam o espírito da cidade. O pintor, um homem de sorriso fácil e mãos cobertas de tinta, notou Atreus admirando sua obra e sorriu antes de perguntar.

— Gosta de arte, rapaz? Gosta das minhas pinturas?

— Gosto muito — respondeu Atreus, observando a tela com um olhar atento. — Tanto de tê-las, de colecioná-las... quanto de criar eu mesmo.

O pintor deu uma risada calorosa, enxugando o suor da testa com o antebraço, manchando-se de tinta.

— Ah, um verdadeiro apreciador! Que tal se arriscar em uma pintura? Tenho uma tela livre, e aposto que esses olhos sabem capturar uma boa imagem — disse ele, apontando para a tela em branco no cavalete.

Atreus hesitou por um momento, mas um sorriso quase imperceptível cruzou seus lábios. Ele se sentou no banco improvisado, pegou os pincéis e estudou a tela em branco à sua frente. Com movimentos precisos, começou a criar formas na tela, perdendo-se nas cores e nas texturas.

Enquanto isso, não muito longe dali, Camille passeava pela feira, apreciando a arte exposta e se deixando levar pelo clima alegre da praça. A garçonete buscava um pouco de normalidade no meio de todo o caos de sua vida e de seu envolvimento com os seres sobrenaturais da cidade.

Ela passou por uma apresentação de um grupo de músicos e observou por um momento a multidão que dançava, até que seus olhos foram atraídos por uma cena diferente. Ao longe, viu um homem de aparência distinta pintando com concentração.

Intrigada, ela se aproximou e parou a alguns passos de distância, observando-o pintar com um sorriso involuntário no rosto.

Ele parecia absorvido no processo, como se cada pincelada fosse cuidadosamente planejada. Camille percebeu um ar misterioso nele, algo que a fazia querer entender mais sobre aquele estranho que tão rapidamente se deixou cativar pela arte de Nova Orleans. Que tão rapidamente prendeu a atenção dela.

Laços do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora