20. Reconhecimento

14 2 1
                                    


Atlas não chegara a ponderar a distancia, ou que não chegaria a tempo, apenas sabia, e agira de acordo com isso, enfiando os pés entre os escombros em uma parada brusca e espalmando o ar em um movimento, que nunca havia feito, mas de alguma maneira conhecia. A pressão do deslocamento de ar, lança seu corpo despreparado alguns metros para trás, mas a rajada que atinge o dominador de fogo o arranca do chão junto com os destroços ao seu redor, jogando-o na parede intacta mais próxima, entre as que ficaram fora do raio da explosão, de quase vinte metros que ele causara, atravessando por ela com um impacto surdo antes de cair sem vida no chão.

Arthur ainda termina de depositar os escombros maiores em um local livre de pessoas, Drake alcança o garoto que começa a se levantar atordoado e Isis, correra em direção à líder da equipe, que acaba de cair inconsciente.

— Como ela tá? — questiona Arthur aflito, alcançando a garota que termina de chegar os sinais vitais da líder.

— Tá viva — constata aliviada, começando a analisar os ferimentos enquanto os outros dois se juntam a eles. Aparentemente, nada além de queimaduras e escoriações da explosão.

— E os outros inimigos? — questiona Drake.

— Talvez não estivessem aqui — diz Arthur, olhando ao redor, em busca de três soldados correndo em suas direções.

— O plano era pegar todos de uma vez, ela não desperdiçaria o elemento surpresa — diz Isis.

— O plano era a gente entrar juntos! — enfatiza Arthur.

— Tanto faz, temos que sair logo daqui.

— Acho que a Isis tem razão — diz Atlas, já a alguns passos de distancia, apontando para algo entre os escombros. — Ela pegou todos eles — informa após um minuto, parando de caminhar de um lado para o outro ao encontrar o terceiro. Drake para a seu lado, fitando o ultimo corpo ensanguentado entre os escombros.

— Definitivamente, essa garota me dá medo! — conclui, observando o corte preciso na garganta da mulher, imaginando que não hesitara um instante se quer, assim como na primeira missão.

***

— As queimaduras levarão um tempo para sarar, mas ela vai ficar bem, deve acordar assim que recuperar um pouco da mana — informa a mulher, terminando as ataduras, quando os quatro entram no pequeno quarto.

Ao que parece, a médica da vila foi uma das pessoas que acabaram sendo mortas pelos inimigos, mas a jovem que costumava ser sua aprendiz se oferecera para ajudar. Estavam agora na casa do prefeito, que lhes oferecera abrigo pelo tempo que precisassem. Aparentemente, salvá-los melhorou consideravelmente a reputação dos jovens guerreiros com os cidadãos.

— Eu não acredito que ela fez isso! — reclama Isis, sentando-se na poltrona próxima a lateral da cama.

— E era o plano dela — comenta Atlas, sentando-se a beira da cama, enquanto os outros dois escoram na parede, Arthur ao lado de Isis, na poltrona, e Drake, na parede aos pés da cama.

— Eu vou deixá-los descansar, volto depois para conferir as ataduras — diz a jovem, fitando-os de maneira desconcertada e se apressando a sair.

— O que foi que deu nela? — questiona Atlas, fitando a porta.

— Acho que assustamos ela — diz Drake, sorrindo divertidamente.

— Por que ela entrou lá sozinha?! — diz Arthur, fitando a garota desacorda na cama, atraindo a atenção dos outros. É a primeira vez que vêem o garoto, sempre pacífico e apaziguador, irritado assim. E a essa altura, nem achavam que fosse possível. — E quanto ao trabalho em equipe?!

Lendas de Sahra - UnificaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora