6. Consequências

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Ano 1502, mês de Alpha, dia 6.


A faca passa alguns centímetros acima da cabeça de Isis, sem tempo para desviar das chamas, Kira protege o rosto com um dos braços enquanto saca o arco com o outro. Os garotos encaram surpresos o homem escondido nas sombras a alguns metros da garota que se vira, ainda tentando entender o que aconteceu. Com um gemido furioso ele deixa o esconderijo sob a mira de uma flecha.

Tarde demais! Constata Kira, ainda apontando a flecha para o homem à frente enquanto identifica a presença dos outros.

— Vejam só o que temos aqui — diz o segundo inimigo, do lado oposto.

Kira permanece imóvel, enquanto os outros o encaram assustados, logo percebendo o terceiro, que se aproxima de outra direção, cercando-os. Kira ainda segura à flecha, no instante em que atirar não terá a chance de sacar uma segunda, há três inimigos, precisa escolher corretamente em qual deles irá atirá-la.

Uma estratégia... pense!

Abaixa a flecha, estendendo levemente os braços em rendição antes de se virar lentamente. O dominador de terra sem dúvidas é o mais problemático, mas não há como saber qual deles é ele até que use sua habilidade, e precisa pará-lo antes que a use, ou estará tudo perdido. Não há o que fazer, terá que contar apenas com sua intuição.

Enquanto se vira, os analisa atentamente por um instante antes de levar a flecha ao arco, puxando e soltando-a tão rápido que a essa distancia não teria tempo de se proteger com uma barreira de terra. No entanto, ele já havia feito seu movimento antes que ela se virasse, e Kira constata isso ao perder o apoio do chão, que se abre sob seus pés, danificando sua mira perfeita.

Observa a flecha passar alguns centímetros do rosto do oponente enquanto é engolida pelo chão ao som dos gritos de sua equipe, não tem tempo de amortecer a queda, levando todo o impacto nas pernas e tornozelo antes de cair sentada no fundo do buraco, ouvindo os outros caírem de maneira barulhenta ao lado.

— Isso é o que acontece quando se manda crianças fazerem o trabalho de um adulto — desdenha o homem na borda do poço.

Os quatro se calam, encolhendo-se junto às paredes de terra enquanto Kira o fulmina com o olhar. Ele se afasta, desaparecendo de sua visão e uma camada de terra endurecida encobre a entrada, lançando-os em completa escuridão. Kira respira devagar, reclinando a cabeça para trás, sentindo a parede de terra gelada a suas costas e o braço arder com as queimaduras.

— Como? — questiona Isis.

— Nós checamos tudo! — diz Atlas perplexo.

— Dominação de terra — revela Arthur, culpado.

Se houvesse um dominador de terra de verdade na equipe, isso não teria acontecido, mas tudo o que têm é um dominador de plantas, incapaz de lidar com o elemento primário.

— Devem ter nos descobertos assim que chegamos e se esconderam.

— Se sabiam que estávamos aqui, por que não atacaram de uma vez? — questiona Atlas irritado.

— Foram cautelosos, devem ter achado que era uma equipe mais forte, ao invés de um bando de crianças! — diz Drake sentindo ainda mais raiva de tudo isso.

— Kira! — chama Isis repentinamente. — Você tá bem? O fogo...

— Droga! — Drake a interrompe, jogando a cabeça para trás bruscamente até encostar na parede com um leve baque.

— Pensamos que ia atacar a Isis, desculpa! — diz Atlas de maneira agitada, a medida em que se dão conta do que haviam feito.

— Calem, a boca!

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