Ano 1502, mês de Persei, dia 23.
— Tá cedo demais pra isso — reclama Drake, ao atravessarem o vilarejo, ainda deserto, enquanto o sol se prepara para nascer
— É a mesma hora de sempre — responde Isis preguiçosamente. — A gente é que não dormiu.
— Isso foi uma péssima ideia — diz Arthur, desanimado.
— Valeu a pena — diz Isis, entre um bocejo e outro.
— Deixem de ser preguiçosos! — diz Atlas, como de costume esbanjando energia.
— Nem todo mundo gera energia enquanto se move como você! — zomba Isis com um leve rancor.
— Como você consegue? — questiona Arthur, resistindo ao impulso de parar e se deitar ali mesmo.
— Isso é moleza.
Uma festa não deve ser nada comparado a seu treinamento noturno. Pondera Kira, que caminha a frente em silencio, ignorando as reclamações incessantes desde o instante em que deixaram a casa do prefeito, enquanto os guia para longe do vilarejo para treinar.
— Eu te odeio — responde Isis, desanimada, começando a sentir inveja do garoto que parece pronto, e estupidamente animado, para qualquer coisa.
— Você realmente não se cansa, não é? — diz Arthur, com um sentimento parecido.
— Deve ser por causa dos quatro elementos — conclui Isis. — Você tem uma explicação lógica pra isso, não é, Kira? — pergunta entediada, disposta a tentar incluir a garota na conversa.
— Não.
— Olha só, você é mesmo inexplicável — desdenha Drake, que segue atrás de todos, caminhando preguiçosamente.
— Falando em inexplicável, por que foi que vocês demoraram tanto pra chegar ontem? — questiona Arthur, olhando a garota ao seu lado.
— Eu também quero saber, por que se atrasaram tanto?! — questiona Atlas, logo atrás de Kira, virando-se para olhar para eles, e continuando a caminhar de costas para não interromper a caminhada.
— Jamais falaremos sobre isso! — diz Isis, fechando a cara e cruzando os braços, passando a olhar o descampado ao redor.
— Um velho pediu ajuda pra carregar umas caixas e ela aceitou — revela Drake, recebendo um olhar irritado da garota que o encara por cima do ombro de maneira fulminante antes de se voltar para os outros.
— Eu não sabia o que fazer! E se negássemos e ele desconfiasse da gente? — revela frustrada enquanto eles caem na risada. — E quanto a você?! Não te vi sugerir nem uma outra solução além de incinerar o velho e continuar! — diz acusativamente, olhando para o dominador de fogo novamente.
— Teria sido bem menos cansativo — reclama, lembrando-se das caixas e se sentindo repentinamente mais cansado.
A conversa persiste animada enquanto deixam o vilarejo, atravessando o descampado e abrindo caminho pela floresta. Kira ainda não recebera nova ordem desde que enviara o relatório, na atual circunstância, uma resposta rápida é potencialmente mais promissora, com maiores chances de retorno imediato ou qualquer missão simples pela região. Mas o dia mal amanhecera, ainda há tempo e enquanto esperam, podem fazer bom uso do tempo livre.
— O que houve com as armadilhas? — questiona Atlas, enquanto se aproximam do local onde haviam acampado antes.
— Você não desativou quando buscou nossas coisas? — questiona Arthur.
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Lendas de Sahra - Unificação
FantasyO torneio de graduação, um momento de tensão e empolgação que deve decidir o curso de suas vidas a partir de agora, como guerreiros, ou compondo as equipes de apoio. Onde Kira, a primeira não dominadora a conquistar o título de melhor da academia, c...