Capítulo IX

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_______________________________________8 de outubro de 1993

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8 de outubro de 1993.

Às vezes, o desejo de vivenciar emoções intensas se transforma em uma experiência paradoxal, na qual a angústia e a euforia coexistem de maneira intrigante. Essa dinâmica emocional é singular, pois revela um lado vulnerável da nossa humanidade, onde nos deixamos levar por uma chama interna que consome nossos medos e dúvidas, desafiando-nos a confrontá-los.

Esse fogo, embora inquietante e tumultuado, pode dar origem a uma profunda transformação, criando uma nova versão de nós mesmos, uma identidade que, até então, era desconhecida.

Ao mesmo tempo, a busca incessante por essa intensidade nos leva a indagar sobre a verdadeira natureza dessa paixão: estou realmente me apaixonando por alguém ou simplesmente me deixando levar por uma ilusão passageira? Essa interrogação se torna ainda mais intensa ao considerar a atração que sinto por Hermione Granger, que simboliza não apenas força e inteligência, mas também um ideal que ressoa profundamente nas profundezas do meu ser. Eu a admirava mesmo que não devesse.

Selene B. Dolohov
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Selene Dolohov mantinha seus cabelos pretos impecavelmente presos em um coque elegante, enquanto fingia prestar atenção às conversas ao redor sobre o hipogrifo, cuja sentença de morte havia se tornado o principal assunto dos corredores de Hogwarts. A escola estava tomada por rumores e olhares angustiados, mas, para Selene, o destino do animal pouco importava; tudo aquilo parecia apenas um espetáculo vazio, uma exibição de dramas alheios da qual ela preferia manter distância. Estava ali unicamente por insistência de seu primo, Theo, que a convencera a acompanhá-lo para observar o desfecho do evento. Selene repelia a ideia de ver uma criatura ferida, mas sua expressão permaneceu impassível, evitando qualquer demonstração de incômodo.

Com a mente distante, Selene observava a movimentação no campo até que notou uma agitação próxima. Seus olhos azuis-escuros brilharam com uma curiosidade velada ao avistar Harry Potter, Ron Weasley e Hermione Granger se aproximando de Draco Malfoy. O eterno embate entre os dois grupos reacendeu sua atenção. Draco, sempre a figura provocadora, estava prestes a ser confrontado por Granger, que avançava com uma expressão de irritação evidente. A forma intensa como ela se preparava para o confronto intrigava Selene, despertando nela uma antecipação silenciosa.

À medida que Hermione iniciava uma discussão com Draco sobre as implicações éticas do sacrifício do hipogrifo, a tensão ao redor parecia crescer como uma tempestade prestes a desabar. Selene, alheia ao conteúdo das palavras trocadas, encontrava diversão na intensidade das emoções expostas. Um sorriso malicioso curvou seus lábios enquanto observava a troca acalorada. A cada resposta sarcástica de Draco e réplica indignada de Hermione, o ambiente se carregava com uma energia eletrizante, como se cada palavra fosse uma faísca.

De repente, o tom da discussão mudou, e Hermione pressionou a varinha contra o pescoço de Draco. O sorriso de Selene se apagou, substituído por uma expressão de expectativa, como se aguardasse uma reação definitiva. Mas, para sua decepção, Hermione baixou a varinha e se virou para ir embora, frustrando Selene, que esperava um desenlace mais explosivo. Draco começou a zombar em voz alta, e Selene suspirou, vendo a chance de um confronto se dissipar.

No entanto, antes que a decepção pudesse se consolidar, Hermione se virou e desferiu um soco preciso no nariz de Draco. O som seco do impacto ecoou ao redor, seguido por um breve momento de choque antes de o sangue começar a escorrer e as lágrimas encherem os olhos cinzentos de Draco. Selene levou a mão à boca para esconder uma risada contida enquanto observava Draco correr em direção ao castelo, gritando que contaria tudo ao pai, seguido de perto por Theo e Gregory Goyle. A cena inteira foi o ápice de seu entretenimento, e Selene teve dificuldade em manter a compostura.

Pouco depois, Selene viu os três Grifinórios de longe, ainda rindo do incidente. Respirou fundo algumas vezes, aproveitando o espetáculo.

- Foi um belo soco, Hermione - elogiou Ron Weasley, com um sorriso orgulhoso, enquanto Harry concordava com uma risada. Hermione retribuiu o elogio com um sorriso satisfeito.

- Realmente, foi um belo soco... - As palavras escaparam dos lábios de Selene antes que pudesse se conter.

Os três Grifinórios se viraram, surpresos ao notarem a presença da Sonserina. Ron franziu as sobrancelhas, adotando uma postura defensiva; Harry a encarou com uma expressão de cautela, seus olhos verdes avaliando cada movimento dela; Hermione, por outro lado, arqueou uma sobrancelha, intrigada.

Selene manteve o sorriso e levantou as mãos em um gesto de rendição.

- Calma, Weasley, não vim para brigar - disse ela, em um tom sereno. - Que tal fazermos um armistício? - Seu olhar desviou-se por um instante para o hipogrifo, que continuava no campo, claramente abatido, com as asas caídas e o olhar apagado. Selene sentiu um leve incômodo com a cena, embora evitasse mostrar qualquer sinal de emoção.

Ron observou-a desconfiado, sem abaixar a guarda. Harry permaneceu em silêncio, mas seu olhar fixo revelava uma curiosidade intrigada. Hermione inclinou a cabeça, estudando Selene como se tentasse desvendar suas intenções.

- E por que deveríamos confiar em você? - questionou Hermione, com a voz firme, embora sem hostilidade.

Selene sorriu, um brilho enigmático iluminando seu olhar.

- Porque, Granger, nem todos os Sonserinos são seus inimigos. Talvez eu possa te surpreender - disse, um toque de diversão em sua voz. Hermione não conseguiu evitar o calafrio que percorreu sua espinha.

Ao fundo, o hipogrifo soltou um grunhido baixo, atraindo a atenção de todos por um instante. Selene se virou para observar a criatura, e, por um momento, uma expressão quase solidária cruzou seu rosto.

- E se quer saber - continuou Selene, voltando-se para Hermione - provas são para quem sente culpa. Eu, por acaso, não tenho nenhuma - murmurou, dando de ombros.

Hermione, mantendo o olhar firme, deu um passo à frente, aceitando o desafio velado.

- Então, Dolohov, vamos ver se você está mesmo disposta a provar isso - replicou ela.

Um sorriso se formou nos lábios de Selene, e o ar entre elas parecia ter se transformado em algo novo: um embate silencioso, um desafio não declarado que ambas estavam ansiosas para descobrir onde levaria. A morena apenas desviou o olhar.

mávres kardiés | Hermione GrangerOnde histórias criam vida. Descubra agora