As horas que seguiram o pequeno alívio foram mais tensas do que Faye poderia suportar. Ela mal conseguia se afastar da cama de Yoko, observando cada movimento, cada respiração da pessoa que tanto amava. Embora o médico tenha dito que as chances de complicações diminuíram, Faye não conseguia se livrar da sensação de que algo terrível ainda estava por acontecer.
Naquela manhã, o quarto do hospital estava silencioso, exceto pelo bip constante das máquinas que monitoravam Yoko e as bebês. Faye mal havia dormido, seus olhos pesados e mente exausta, mas seu corpo se recusava a descansar.
Wanda, que ainda estava no hospital, trouxe um café fresco para Faye, tentando oferecer algum conforto.
— Você precisa descansar um pouco, Faye — Wanda disse gentilmente, enquanto entregava a xícara de café quente. — Yoko vai precisar de você com energia.
Faye balançou a cabeça.
— Eu não posso. Não enquanto ela estiver assim. — Sua voz era baixa, quase apagada. — Se eu dormir, posso perder algo importante.
Wanda suspirou, sentando-se ao lado dela novamente.
— Você está fazendo o melhor que pode. Mas você também precisa de força, Faye.
Antes que pudesse responder, o som do monitor cardíaco de Yoko oscilou levemente, e tanto Faye quanto Wanda se sobressaltaram. O médico entrou rapidamente, seguido por uma enfermeira. O coração de Faye disparou, e seu corpo ficou rígido, como se estivesse à beira de um precipício.
— O que está acontecendo? — Faye perguntou, sua voz rouca de preocupação.
O médico começou a examinar os monitores com uma expressão séria. Ele não disse nada de imediato, o que só aumentou o pavor de Faye.
— Ela está sentindo alguma dor? — o médico perguntou finalmente.
Faye olhou para Yoko, ainda inconsciente. O medo tomou conta dela novamente.
— Ela não está acordada... Eu... — Faye mal conseguiu formar uma frase.
A enfermeira ajustou alguns cabos e, por um momento, o quarto ficou em completo silêncio, exceto pelo som do monitor que ainda indicava alguma instabilidade.
O médico finalmente virou-se para Faye.
— Houve uma pequena flutuação nos batimentos das bebês. Pode ser um sinal de alerta, mas não há motivo para pânico ainda. Vamos continuar monitorando e ajustar o tratamento.
— Mas isso significa que elas estão piorando? — Faye perguntou, sua voz desesperada. — Elas vão ficar bem, certo?
O médico hesitou antes de responder, o que fez o coração de Faye praticamente parar.
— Faye, vou ser honesto. Este tipo de complicação é imprevisível. Pode melhorar ou piorar em questão de minutos. Estamos fazendo tudo o que podemos para garantir que tanto Yoko quanto as gêmeas fiquem bem. Mas... as chances de que precisemos tomar medidas drásticas ainda são altas.
Faye mal conseguiu respirar após ouvir aquelas palavras. Seu mundo estava desmoronando, e ela não sabia como continuar.
— Não! — Faye disse, a voz firme apesar do medo. — Vocês têm que salvá-las. Salvem Yoko e as gêmeas. Eu não posso perdê-las.
O médico assentiu silenciosamente, compreendendo o desespero de Faye, mas não prometeu nada. Ele sabia o quão delicada era a situação. E isso era o que mais assustava Faye: a incerteza.
Wanda colocou a mão no ombro de Faye, tentando oferecer alguma forma de consolo, mas Faye se afastou, caminhando até a janela, onde observou a chuva começar a cair novamente, exatamente como no dia do acidente.
A chuva parecia refletir o que ela sentia por dentro: um turbilhão de emoções que ela não conseguia controlar. Faye encostou a testa no vidro frio da janela, tentando conter as lágrimas, mas foi inútil. Elas caíram livremente, misturando-se ao som suave da chuva lá fora.
Minutos se passaram, e Faye finalmente virou-se, olhando para Yoko mais uma vez. Ela parecia tão frágil, tão vulnerável ali deitada, e Faye mal conseguia suportar a ideia de perdê-la. Cada momento ao lado de Yoko parecia mais incerto do que o anterior.
— Por favor, Yoko... acorde. — Faye sussurrou, como se suas palavras pudessem de alguma forma chegar até Yoko e trazê-la de volta. — Eu preciso de você.
Quando a tarde virou noite, Faye se recusou a sair do lado de Yoko. Ela permaneceu ali, observando as máquinas, os monitores, e mais importante, observando cada sinal de vida de Yoko.
Enquanto isso, Wanda fez o possível para manter a calma, lidando com as necessidades práticas e tentando providenciar comida para Faye, que teimosamente recusava.
Horas se passaram, mas tudo continuava o mesmo. Nenhuma notícia. Nenhuma mudança significativa.
Até que, no meio da madrugada, Yoko finalmente deu um pequeno suspiro, e suas mãos se moveram levemente.
Faye, que havia caído em um cochilo leve, acordou de repente e se virou para ela.
— Yoko? — Sua voz estava cheia de esperança, mas também de medo.
Yoko abriu os olhos lentamente, piscando como se estivesse tentando ajustar-se à luz fraca do quarto do hospital. Ela parecia confusa e cansada, mas o simples fato de vê-la acordada trouxe uma onda de alívio em Faye que ela não sabia que ainda era capaz de sentir.
— Faye...? — Yoko sussurrou, a voz fraca e entrecortada.
Faye segurou a mão dela com força, lágrimas enchendo seus olhos novamente.
— Eu estou aqui — Faye respondeu, tentando manter a calma. — Estou aqui, amor.
Yoko olhou ao redor, claramente sem saber o que estava acontecendo, e sua expressão mudou para uma mistura de confusão e medo.
— As gêmeas...? Elas estão...?
Faye tentou sorrir, mas seu coração ainda estava apertado.
— Elas estão estáveis. Mas precisamos ser cuidadosas, ok? — Faye falou com suavidade, tentando não alarmar mais Yoko.
Yoko assentiu lentamente, fechando os olhos novamente, como se até falar fosse um esforço monumental.
O alívio de ver Yoko acordada durou apenas um momento. As próximas horas seriam cruciais, e Faye sabia disso. Havia esperança, mas ainda havia muito pelo que lutar. E naquele instante, Faye prometeu a si mesma que não descansaria até que Yoko e as gêmeas estivessem seguras.
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Entre Cores e Silêncios
FanfictionFaye, uma artista abstrata de poucas palavras, contrata Yoko, uma jovem tímida e desastrada. Com o tempo, Yoko começa a se comportar de maneira estranha, tornando-se mais introspectiva e distante. Faye, intrigada, percebe que há algo perturbador na...