Faye, uma artista abstrata de poucas palavras, contrata Yoko, uma jovem tímida e desastrada. Com o tempo, Yoko começa a se comportar de maneira estranha, tornando-se mais introspectiva e distante. Faye, intrigada, percebe que há algo perturbador na...
O hospital parecia mais frio naquela noite. As paredes brancas e sem vida refletiam o estado de espírito de Faye, que andava de um lado para o outro na sala de espera. Suas mãos tremiam, seus olhos estavam inchados de tanto chorar. O que deveria ser um momento feliz ao lado de Yoko e das gêmeas agora se tornara um pesadelo.
O dia havia começado como qualquer outro. Faye achava que Yoko ainda estava em casa, descansando, como sempre fazia, mas lembrou que foi surpreendida por uma ligação de um número desconhecido no dia anterior , informando que Yoko tinha sido atropelada. O choque foi tão grande que ela mal conseguia acreditar no que estava acontecendo. O som das palavras "gravidez de risco" e "hospital" rodopiavam em sua mente a cada segundo.
Agora, ali estava ela, sozinha no hospital, esperando por mais notícias. Cada segundo sem resposta era uma tortura. Faye olhava para o relógio na parede repetidas vezes, como se o tempo estivesse a provocando, lento demais, cruel demais.
Ela se sentou numa das cadeiras desconfortáveis da sala, os cotovelos apoiados nos joelhos, a cabeça nas mãos. Estava exausta, mas o pavor mantinha seu corpo alerta. Tudo o que passava pela sua mente era a cena que ela imaginava com base no que foi descrito: Yoko caindo ao chão, o impacto da moto, a rua molhada ... Por que ela saiu sozinha? A pergunta martelava sua mente, sem resposta.
Minutos, que mais pareciam horas, passaram até que uma enfermeira finalmente apareceu na porta. Faye saltou da cadeira, o coração disparado, como se cada batida fosse um prelúdio para uma sentença.
— E então? — Faye mal conseguia formar palavras, o desespero nítido em sua voz. — E as meninas como estão ? E Yoko?
A enfermeira hesitou por um segundo, o que para Faye parecia uma eternidade.
— Yoko ainda está estável, mas... — a enfermeira abaixou os olhos, como se a notícia fosse um golpe em si mesma. — O estado das gêmeas ainda é muito crítico. Estamos monitorando de perto, mas há uma chance real de... complicações.
Faye sentiu o chão sumir sob seus pés. O ar escapou de seus pulmões como se tivesse levado um soco no estômago.
— Não... não, isso não pode estar acontecendo... — sua voz era um sussurro, quase inaudível. — Elas têm que ficar bem... elas precisam ficar bem.
A enfermeira colocou uma mão no ombro de Faye, tentando oferecer algum tipo de conforto.
— Estamos fazendo tudo o que podemos. Você pode vê-la agora, mas... esteja preparada.
Faye acenou com a cabeça, ainda sem acreditar no que estava acontecendo. Ela seguiu a enfermeira pelos corredores silenciosos até o quarto de Yoko. Cada passo parecia um fardo, como se estivesse marchando para o pior cenário possível novamente ver Yoko naquele estado estava sendo uma tortura pra Faye . Quando finalmente chegou à porta, o medo a dominou. Ela não queria abrir. Não queria encarar a realidade novamente .
Mas ela sabia que não tinha escolha.
Com um suspiro profundo, Faye abriu a porta e entrou.
O quarto estava escuro, iluminado apenas pelo monitor cardíaco que piscava suavemente ao lado da cama de Yoko. O som monótono das máquinas era o único indicativo de que Yoko ainda estava ali, viva.
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Faye se aproximou lentamente, cada passo carregado de incerteza.
Yoko estava deitada, pálida, com fios e tubos conectados a seu corpo. A visão dela naquele estado fez o coração de Faye despedaçar.
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Ela segurou a mão de Yoko, que parecia tão frágil naquele momento.
— Eu estou aqui... — Faye sussurrou, sua voz tremendo. — Eu estou aqui, amor.
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Yoko mexeu os dedos levemente, como se tentasse responder, mas estava fraca demais. Faye se sentou ao lado dela, lágrimas caindo silenciosamente pelo seu rosto. O medo e a culpa a consumiam. Ela nunca deveria ter deixado Yoko sair sozinha. Por que ela foi? E por que não me avisou? Mais do que isso, Faye se culpava por não ter percebido o quanto Yoko estava determinada a fazer algo especial para ela, sem pedir ajuda.
Eu devia ter cuidado melhor de você... devia ter estado ao seu lado, pensou Faye.
— Você vai ficar bem — Faye continuou, sua voz suave, mas cheia de dor. — E as meninas... elas também vão. Eu prometo. Mas, por favor, não me deixe. Não deixe nossas filhas.
O silêncio no quarto era quase insuportável, interrompido apenas pelo som rítmico das máquinas. Faye afundou a cabeça no peito de Yoko, incapaz de conter as lágrimas. Ela não podia perder Yoko. Não podia perder suas meninas. Era impensável.
As horas seguintes foram uma mistura de desespero e espera. Faye recusava-se a sair do lado de Yoko, mesmo que os médicos pedissem para que ela descansasse. Seu lugar era ali, ao lado dela, segurando sua mão e rezando silenciosamente por um milagre. Em um momento, quando Yoko mexeu levemente a cabeça, Faye sentiu uma faísca de esperança. Mas logo essa esperança se transformou em medo quando o médico entrou novamente, o rosto grave.
— Como ela está? — Faye perguntou, levantando-se de repente, com o coração na garganta.
— O quadro ainda é o mesmo nada mudou. Precisamos esperar e ver como o corpo de Yoko reage nas próximas horas. Há uma chance de elas não sobreviverem.
Aquelas palavras foram como uma facada no peito de Faye. Ela balançou a cabeça, recusando-se a aceitar o que o médico estava dizendo.
— Não, não... — Elas vão sobreviver. Elas têm que sobreviver.
O médico suspirou, oferecendo um olhar de compaixão antes de sair da sala.
Sozinha novamente, Faye se sentou ao lado de Yoko, seu corpo tremendo de tanto segurar as lágrimas. Ela se inclinou para mais perto de Yoko, sussurrando:
— Por favor... não me deixe. Não me deixe aqui sozinha com esse medo.
Faye ficou ali, em silêncio, esperando por qualquer sinal de melhora, qualquer milagre que pudesse salvar sua família. E enquanto a noite avançava, o sentimento de impotência crescia dentro dela, ameaçando quebrar o pouco de esperança que lhe restava.