Faye dirigia em direção à casa de Yoko, suas mãos firmes no volante, mas seus pensamentos soltos, vagando por cenários e possibilidades que ela mal queria admitir para si mesma. Ao se aproximar da casa simples de Yoko, parou o carro e respirou fundo antes de sair.
Ela nunca havia se envolvido tão profundamente na vida de outra pessoa, mas com Yoko... as coisas pareciam diferentes. Era como se o destino tivesse enfiado essa situação inesperada em suas mãos, e agora ela não podia mais ignorá-la. E, de algum jeito, essa ideia a deixava desconfortável.
Ao entrar na casa de Yoko, ela foi recebida pela simplicidade do lugar. O espaço era pequeno, mas acolhedor. Faye pegou uma mala pequena e começou a recolher as roupas e itens que Yoko mencionou. Enquanto passava por cada cômodo, notou o quanto a vida de Yoko era desprovida de luxo. As roupas eram modestas, os móveis simples, e o ar da casa carregava uma sensação de fragilidade, refletindo a própria Yoko.
Depois de reunir tudo, Faye parou por um momento, encarando o pequeno espelho no quarto de Yoko. Ela se viu, firme e decidida, mas ao mesmo tempo, sentia uma crescente dúvida. "O que estou fazendo?", pensou. "Ela vai embora quando o bebê nascer... não posso me apegar a isso."
Faye fechou a mala e saiu da casa, levando consigo mais do que apenas os pertences de Yoko. Havia um peso emocional que ela começava a carregar, um sentimento que até então não estava disposta a reconhecer.
Antes de voltar para casa, decidiu parar em uma loja de presentes que avistou no caminho. Havia pensado em algo para Yoko — um presente que talvez a ajudasse a expressar tudo o que estava passando.
Faye entrou na loja, olhando em volta até que seus olhos pousaram em um diário simples, mas bonito, com uma capa de couro suave. "Perfeito", ela pensou. Um espaço para Yoko registrar suas emoções, para colocar no papel o que talvez não conseguisse verbalizar.
Depois de comprar o diário, Faye dirigiu até um hortifrúti. Ela sabia que Yoko precisava se alimentar melhor, e frutas frescas seriam uma boa forma de começar. Ela selecionou cuidadosamente as frutas que imaginou que Yoko gostaria e que seriam leves para o estômago dela.
Ao sair da loja, algo inesperado chamou sua atenção: uma loja de bebês. Os móveis delicados, as roupinhas pequenas, tudo parecia tão... encantador. Faye parou em frente à vitrine, olhando fixamente para um berço branco, impecável. Por um instante, imaginou como seria preparar um lugar para aquele bebê — um pensamento que a deixou desconfortavelmente surpresa.
Ela balançou a cabeça, tentando afastar esses sentimentos. "Não posso me apegar", repetiu para si mesma. "Yoko vai embora quando tudo isso acabar." A ideia era clara em sua mente, mas algo dentro dela relutava em aceitar. Faye suspirou e deu meia-volta, recusando-se a entrar na loja.
No caminho de volta para casa, Faye se pegou refletindo sobre o futuro. Cuidar de Yoko estava se tornando algo maior do que ela havia previsto. Seria mesmo possível manter a distância emocional que ela tanto valorizava?
Chegando em casa, Faye encontrou Yoko deitada na cama, ainda descansando. Com cuidado, colocou a mala ao lado do armário e, sem fazer barulho, foi até a cozinha para arrumar as frutas e preparar algo leve para Yoko comer.
Quando voltou ao quarto, Yoko estava acordada, olhando para o teto. Faye entrou e colocou a bandeja ao lado da cama.
— Comprei algumas frutas para você — disse Faye, enquanto puxava uma cadeira para sentar ao lado de Yoko. — Também trouxe isso.
Ela estendeu o diário para Yoko, que olhou para o objeto com curiosidade.
— O que é isso? — Yoko perguntou, pegando o diário delicadamente.
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Entre Cores e Silêncios
FanficFaye, uma artista abstrata de poucas palavras, contrata Yoko, uma jovem tímida e desastrada. Com o tempo, Yoko começa a se comportar de maneira estranha, tornando-se mais introspectiva e distante. Faye, intrigada, percebe que há algo perturbador na...