𝐕𝐎𝐆𝐔𝐄 𝐆𝐈𝐑𝐋 , 𝖡𝖾𝗇𝗍𝗈 𝗁𝗂𝗇𝗈𝗍𝗈

Parte 2 | capitulo 25: reconciliação digna p2

14/06/95 | Nathi Pov's

Estávamos a caminho da casa de Bento, estava silêncio no carro e apenas a chuva torrente emitia algum som, e eu não gosto muito do silêncio, mas não estava com corajosa pra quebrá-lo, até que finalmente Bento tomou a frente.

— A minha mãe pergunta de você desde que você foi embora — ele continuou dirigindo focado na estrada enquanto parávamos por causa do sinal vermelho.

— Ah, é? — pigarreei e olhei curiosa — bem, e oque você responde?

— Não sei — o sinal volta ao verde e ele acelera — já dei vários tipos de respostas pra ela.

— Trabalho com exemplos também. — repito oque o mesmo disse enquanto estávamos na pizzaria.

— 1 semana depois que você foi embora ela começou a perguntar — eu e Bento éramos muito próximos antes daquele ocorrido e eu praticamente morava na casa dele.  — daí eu respondi que você foi viajar. Isso é um exemplo pra você? 

— Mais exemplos. — sinceramente nem eu sei o por que estou curiosa. — você disse que nós brigamos?

— Não, só disse que você foi morar fora. Ao longo dos meses que você estava em Nova York ela diminuiu com as perguntas e mudou para "quando ela vai voltar" e eu sempre respondia "não sei". Agora que ela soube que você voltou, não para de me infernizar perguntando quando você vai lá em casa. — ele passou marcha.

— Foi você que falou que eu voltei?

— Não, meu irmão que te viu na festa aquele dia e abriu o bico pra minha mãe.

E voltamos ao silêncio, que só não era absoluto por causa da chuva e dos pára-brisas rangendo, que a propósito era agonizante.

Chegamos na casa dos Hinotos e Bento pegou um guarda-chuva que estava no chão do banco de trás. Ele saiu do carro e inesperadamente abriu a porta pra mim, esse gesto foi realmente imprevisto. Ele pegou na minha mão para eu sair do carro e o tempo de eu levantar, que foi menos de 5 segundos, pareceu 30 minutos. Não sei descrever ao certo oque eu senti no momento.

Fomos juntos embaixo do guarda-chuva até a porta, Bento destrancou a casa e entramos, deixando o guarda chuva ao lado da guarnição e ambos tiramos os sapatos, a família de Bento, por serem de origem japonesa, tem essa cultura de tirar os sapatos ao entrar.

— Mãe? — ele chamou. Percebemos passos apressados vindo da direção que, pelo que eu me lembre, era o quarto de Dona Toshiko.

— Sim? — ela disse, e, quando me viu, sua expressão mudou. Ela veio me abraçar rapidamente. — Nathália! Finalmente veio aqui! — Dona toshiko não sabia muito bem falar em português, mas conseguia de comunicar. — Eu soube que você estava no Brasil de novo, pedi pra Bento trazer você aqui mas ele não toca nesse assunto desde que você foi em Nova York. Por que não veio antes? — olhei para Bento.

— Ah... eu tava resolvendo umas coisas aqui no Brasil. — menti.

— Tudo bem, venha se sentar! — ela me puxa para o sofá. — Bento pega água!

— Já vi que vou ficar sobrando. — ele sai da sala e vai em direção a cozinha e trás um copo pra cada.

— Então — ela se aproxima — Você e Bento já tão planejando o casamento? — minha singela reação foi me engasgar com a água que estava na minha boca, Bento teve a mesma reação. Eu não tenho nem oque pensar, pra falar a verdade.