Memórias na Escuridão

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Bakugou estava em meio à escuridão, cercado por um silêncio atormentador. Ele não sabia onde estava, e o tempo parecia perder todo o significado. Mas, aos poucos, como em meio ao breu, memórias começaram a surgir.

A primeira memória que surgiu foi de sua infância, quando ele e Izuku eram apenas garotos correndo pelas ruas da vizinhança. Bakugou se via mais jovem, cabelos mais curtos e com o mesmo olhar que sempre teve. Ele corria rápido, sempre à frente, e atrás dele vinha Midoriya, com seu rosto preocupado e o brilho de admiração nos olhos. "Kacchan!" Izuku o chamava, a voz um pouco ofegante, mas sempre seguindo seu rastro.

Bakugou sempre o considerava irritante. Odiava como Izuku o seguia por todo canto, como uma sombra que ele não conseguia se livrar. Mas, naquela memória, ele também lembrava da sensação de ser o herói de alguém, mesmo que nunca admitisse. Lembrava do calor daquela amizade infantil, de como Izuku nunca desistia, e de como isso, no fundo, o desafiava a ser melhor.

Na memoria seguinte: sua mãe, Mitsuki. Ah, como aquela mulher era implacável. Ele se lembrava de uma tarde em particular, quando, ainda criança, havia se machucado feio brincando de herói. Tinha ralado os joelhos, os cotovelos, estava sujo e sangrando. Mitsuki o encontrou, com aquela expressão de fúria que só ela conseguia exibir.

— Katsuki, seu moleque! — ela gritou se aproximando dele com uma fúria que fazia qualquer pessoa normal tremer de medo. Mas Bakugou não era qualquer pessoa, era seu filho, e ele conhecia aquele olhar melhor do que ninguém.

Ela o levou para casa, reclamando o tempo todo sobre como ele era descuidado e teimoso, como parecia gostar de se machucar. Mas, naquele mesmo dia, depois de o ter limpado e cuidado dos seus ferimentos, ela o abraçou, de uma forma que só Mitsuki sabia fazer: com força, como se quisesse protegê-lo de todo o mal do mundo.

— Você tem que ser mais esperto, Katsuki. — A voz dela, dessa vez era mais suave. — Um dia, você vai ser grande, vai ser o melhor... mas pra isso, tem que cuidar de si mesmo, entendeu?

Ele lembrou-se de como, mesmo com todas as brigas, a relação com sua mãe era uma fonte de força. Ela o amava, sem dúvida, mas mostrava isso à sua maneira, do jeito Bakugou de ser: brutal, honesta, e imensamente protetora.

As cenas continuavam a passar. Ele viu o momento em que recebeu a carta de aceitação para a U.A. e o orgulho que sentiu ao entrar pela primeira vez no colégio. Era o início de tudo. Era o ponto onde sua jornada para ser o número um começou.

Mas, entre todas essas memórias, uma em especial o acertou em cheio: Uraraka. Ele lembrou da primeira vez em que percebeu que aquela garota, com sua "cara de lua", como ele ama a chamar, era muito mais do que uma simples colega de classe. Lembrou-se das brigas, das provocações, mas também dos momentos em que ela o desafiava de uma maneira que ninguém mais conseguia. E foi nesse caos de emoções que, aos poucos, ele percebeu que estava se apaixonando por ela. Não sabia exatamente como ou quando, mas aquela garota sorridente e teimosa havia se infiltrado em seu coração.

Então, outra cena tomou sua mente. A luta que o levou até ali. Ele estava no campo de batalha, incansavel como sempre, mas algo deu errado. Lembrou-se da dor, do golpe que o atingiu e, logo depois, da escuridão que o envolveu. Ele precisava voltar. Precisava acordar. Tinha prometido a ela.

Com um esforço tremendo, Bakugou forçou seus olhos a se abrirem. A luz do quarto de hospital era insuportavelmente forte, e ele levou a mão à testa, tentando se proteger. Tudo estava embaçado, mas ele logo reconheceu o lugar.

Bakugou piscou algumas vezes, tentando se ajustar à luz do quarto do hospital. Sua cabeça latejava, seu corpo parecia pesar uma tonelada, mas ele estava acordado. O som dos aparelhos ainda ressoava ao fundo, confirmando que ele estava, de fato vivo.

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⏰ Última atualização: Oct 29 ⏰

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