Ressaca

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Hyunjin abriu os olhos lentamente, piscando algumas vezes para ajustar a visão ao ambiente. Ele não reconhecia o quarto, mas a claridade suave indicava que o amanhecer já havia chegado. Ao se espreguiçar, a dor latejante da ressaca o atingiu em cheio, e ele levou uma das mãos à testa, soltando um suspiro baixo. Ao seu lado, uma mulher ruiva dormia profundamente, nua, com o corpo inclinado em direção a ele, um dos braços estendido sobre o lençol.

Ele observou o rosto dela por alguns segundos, tentando lembrar-se de seu nome. "Marianne? Madeline?" pensou, com uma expressão levemente confusa, enquanto procurava na mente qualquer memória nítida. Nada. Só se lembrava dos flashes da noite passada: o after-party, a risada dela, a maneira como se aproximaram... Depois, os beijos apressados que os levaram até aquele quarto, onde, em poucos minutos, ela já gritava seu nome.

Com um movimento silencioso, Hyunjin deslizou para fora da cama e começou a pegar as roupas espalhadas pelo chão. Primeiro encontrou a camisa jogada perto da porta, depois a cueca, calça e o cinto caídos ao lado da cadeira. Ele vestiu-se com calma, a cabeça ainda latejando enquanto tentava remendar os pedaços da noite em sua memória.

Enquanto ele colocava a camiseta, a mulher na cama abriu os olhos e sorriu para ele, a voz suave e sonolenta:

— Indo embora tão cedo?

Hyunjin lançou um olhar rápido para ela, abrindo um meio sorriso.

— Tenho coisas para fazer hoje. Agenda lotada.

Ela riu, virando-se de lado e apoiando a cabeça na mão para observá-lo.

— Sempre assim, Hyunjin? Vai embora sem ao menos um café da manhã?

Ele parou por um momento, o sorriso ganhando um toque de arrogância.

— Você não me parece o tipo de garota que quer café da manhã depois de uma noite dessas.

Ela arqueou uma sobrancelha, divertida.

— Talvez você esteja certo. Mas uma despedida não faria mal.

Hyunjin terminou de vestir o cinto e olhou para ela por cima do ombro.

— A noite foi boa, mas eu sou péssimo em despedidas.

Ela soltou um riso leve, que ele escolheu ignorar enquanto pegava o celular e verificava as horas. Antes de sair, ele lançou um último olhar, um sorriso provocativo ainda no rosto.

— Marianne, certo?

Ela fez uma expressão de surpresa, mas não o corrigiu. Ele sorriu ainda mais.

— Bom, nos vemos por aí.

Sem esperar uma resposta, Hyunjin deixou o quarto, o som dos saltos firmes de suas botas ecoando pelo corredor.

...

Hyunjin segurava o volante com uma das mãos, enquanto a outra sustentava um cigarro entre os dedos, a fumaça se dissipando na brisa fria que entrava pela janela entreaberta. Seus olhos estavam semicerrados, não apenas pelo sol da manhã que tentava se esgueirar pelo horizonte, mas pela dor persistente da ressaca que lhe martelava a cabeça. A estrada deserta à sua frente parecia um borrão, e, por mais que estivesse acostumado a dirigir depois de noites intensas, hoje a dor parecia especialmente implacável. Ele tragou fundo, soltando o ar com um suspiro que carregava o cansaço de semanas acumuladas.

Era sempre assim: noites longas, shows eletrizantes que transformavam sua rotina em um ciclo alucinante. O palco era seu refúgio e seu vício; o lugar onde cada movimento de seu corpo arrancava suspiros e gritos de desejo. Mulheres e homens, olhos vidrados, vozes roucas de tanto gritar seu nome. Ele era desejado, e sabia disso — sabia exatamente o poder que possuía sobre os fãs que lotavam as arenas e o idolatravam. E ele adorava essa sensação.

Depois de cada show, a cena se repetia: fãs esperando no camarim, ansiosos para uma chance de vê-lo de perto. As mulheres sempre carregavam aquele misto de adoração e coragem. Algumas mais ousadas, com sorrisos confiantes e um brilho de desafio nos olhos. Outras, tímidas, mas ainda assim determinadas. Os homens, por outro lado, não tinham tanto receio. Muitos não esperavam o momento certo ou a privacidade de um quarto; alguns simplesmente o puxavam para qualquer canto isolado, certos do que queriam, cientes da faísca mútua que o olhar de Hyunjin alimentava.

"Mais uma noite, mais um rosto," ele pensou, apagando o cigarro no cinzeiro improvisado no painel do carro. Ele não se lembrava de metade dos nomes, mas, na verdade, pouco importava. Não era sobre quem, mas sobre a sensação. Cada beijo, cada toque, cada instante de intensidade naquelas noites efêmeras... tudo o fazia se sentir vivo, e era esse o verdadeiro vício.

Hyunjin sorriu de lado, um sorriso melancólico. O prazer e o vazio andavam de mãos dadas. Ele era idolatrado no palco, mas sabia que, no final das contas, era sempre ele e aquela estrada solitária.

Fogo cruzadoOnde histórias criam vida. Descubra agora