Enquanto Hyunjin andava pelas ruas de volta para casa, ele percebeu que, pela primeira vez em muito tempo, não conseguia se afastar do pensamento de alguém. Ele ainda sentia a presença de Felix, e isso o atormentava de um jeito que ele não entendia. Ele pegou o celular, quase mandando uma mensagem, mas hesitou. Então, com um suspiro frustrado, guardou o celular de volta no bolso.
Naquela noite, Hyunjin se deitou sozinho, e pela primeira vez, sentiu o vazio da própria escolha.
...
Os dias de Hyunjin se resumiram ao que ele sempre fazia: shows, festas lotadas e noites intermináveis com mulheres que ele provavelmente não lembraria na manhã seguinte. Mas, enquanto tentava se convencer de que estava tudo bem, uma sensação incômoda pairava no fundo de sua mente, algo que ele não conseguia identificar — ou, mais precisamente, algo que ele não queria admitir. O nome de Felix aparecia com cada vez mais frequência nas redes sociais e em conversas nos bastidores. Era como se, de repente, ele não conseguisse fugir da presença de Felix, mesmo sem vê-lo.
Certo dia, enquanto deslizava o dedo preguiçosamente pelo celular, Hyunjin se deparou com uma notícia que o fez parar. A manchete dizia:
"Felix conquista o topo das paradas no Spotify com nova música".
Ele franziu o cenho e apertou o celular com mais força do que pretendia. Felix havia desbancado seu single, que estava em primeiro lugar há um mês.
Hyunjin resmungou para si mesmo, jogando o celular no sofá ao lado e passando as mãos pelos cabelos, frustrado. Ele tinha uma forte competitividade em relação a qualquer um que cruzasse seu caminho, e ver seu lugar no topo ser tirado por alguém que conhecia — e que ainda o incomodava por razões que ele não queria pensar — o deixava inquieto.
— Esse cara realmente conseguiu — murmurou Hyunjin para si mesmo, com uma pitada de sarcasmo, mas não conseguiu esconder o tom irritado.
Em meio ao seu momento de frustração, o telefone vibrou com uma nova mensagem. Era seu empresário, que claramente já havia visto as estatísticas.
— "Hyunjin, temos que focar em uma nova faixa! O Felix ultrapassou a gente. Vamos planejar algo para recuperar o primeiro lugar."
Ele bufou, tentando parecer indiferente.
— Como se isso fosse um problema — disse, mesmo que a irritação em sua voz entregasse o contrário. — É só uma música. Eu recupero isso.
Logo, ele foi para o estúdio, com um misto de raiva e determinação. Assim que entrou, ele encontrou o produtor, que parecia ansioso para começar.
— Então, ouvi dizer que você foi desbancado, hein? — provocou o produtor, sorrindo enquanto ajustava alguns equipamentos.
Hyunjin lhe lançou um olhar frio.
— Nem começa, cara — ele respondeu, impaciente. — Vamos logo trabalhar em algo que vai fazer as pessoas esquecerem qualquer coisa que o Felix lançou.
O produtor riu, percebendo o quanto aquilo estava mexendo com Hyunjin.
— Sabe, não é todo dia que você se preocupa tanto com a concorrência. Esse tal de Felix parece ter um impacto especial em você — ele comentou, com um tom provocador.
Hyunjin bufou, desviando o olhar, tentando disfarçar a expressão contrariada.
— Impacto? Me poupe. — Ele cruzou os braços, impaciente. — Eu só não vou deixar que ele ou qualquer outra pessoa tire o meu lugar. Entendeu?
Enquanto discutiam ideias para uma nova faixa, Hyunjin percebia o quanto estava afetado. O pensamento de Felix o ultrapassando, roubando seu lugar, era um espinho em sua mente. Era mais do que competição — era algo que mexia com seu orgulho. E por mais que ele tentasse ignorar, o nome de Felix o assombrava, o fazendo repensar cada escolha musical, cada detalhe.
Depois de algumas horas no estúdio, Hyunjin foi para casa exausto, mas a mente ainda estava a mil. Ele pegou o celular e, sem pensar, digitou o nome de Felix no Instagram. Viu fotos recentes dele, vídeos dos ensaios de dança, clipes de gravações e — para completar sua frustração — uma foto de Felix com um sorriso satisfeito ao lado de um troféu.
Hyunjin soltou um suspiro irritado, desligando o celular e o jogando de volta na cama. Ele sabia que precisava manter o foco e deixar aquele incômodo de lado. Mas, no fundo, ele também sabia que, de alguma forma, Felix havia se tornado mais do que apenas um concorrente. Era uma presença que ele não conseguia mais ignorar, por mais que quisesse.
...
Naquela noite, Hyunjin suspirou fundo, ajeitando a tela em seu cavalete enquanto tentava afastar o turbilhão de pensamentos. Pintar sempre fora sua válvula de escape, o momento em que ele podia deixar tudo para trás e simplesmente se perder nas cores e nas formas. Pegou um tubo de tinta azul, espremeu um pouco na paleta e começou a misturar com o pincel, o som das cerdas raspando na superfície trazendo-lhe uma calma momentânea.
Com o pincel em mãos, ele dava pinceladas cuidadosas, mergulhando no ritmo da pintura. Ele queria criar algo abstrato, algo que representasse aquele caos interno que sentia, mas que ninguém podia ver. No entanto, quando se deu conta, a imagem que começava a tomar forma parecia um rosto. Ele parou, encarando a tela com frustração.
— Não pode ser — murmurou para si mesmo, sem acreditar que os traços sutis e indefinidos pareciam levar ao rosto de Felix.
Nesse momento, o celular vibrou na mesa ao lado. Ele hesitou antes de pegá-lo, mas a curiosidade foi mais forte. Ao desbloquear a tela, viu uma mensagem nova.
"Oi" — dizia a mensagem de Felix, simples e direta. Só aquela palavra.
Hyunjin encarou a mensagem por alguns segundos, sentindo um aperto no peito. Felix não parecia ter qualquer segundo pensamento ao enviar aquele cumprimento casual, inocente. Mas para Hyunjin, aquele "Oi" não era apenas uma palavra. Era um convite para uma conexão, algo que ele vinha tentando evitar a todo custo.
— O que você quer de mim, Felix? — sussurrou para si mesmo, como se Felix pudesse ouvir.
Hyunjin sabia que o correto seria responder, afinal, não havia nada de errado em trocar mensagens. Mas algo o segurava. Ele sabia que, para ele, aquela simples conversa poderia significar muito mais. Felix fazia com que ele sentisse coisas que evitava a todo custo: vulnerabilidade, carinho, uma vontade que ia além do físico. Felix estava virando uma presença persistente em sua vida, aparecendo nas horas mais improváveis e mexendo com o que ele mantinha trancado a sete chaves.
"Ele está estourado agora, em primeiro lugar, enquanto você foi jogado para o segundo," pensou Hyunjin. "Isso deveria me irritar... e irrita." Mas ele percebeu que o incômodo ia além da competição. Felix o fazia lembrar-se de algo que há muito tempo ele havia enterrado: o desejo de se conectar de verdade com alguém, de se abrir, sem as máscaras que usava com tanta frequência.
Ele fechou os olhos e deixou o celular de lado, decidindo não responder. Se ignorasse a mensagem, talvez pudesse evitar a bagunça emocional que Felix parecia trazer consigo. Voltou para a tela, tentando retomar o foco na pintura, mas a sensação de inquietação não o abandonava. A cada pincelada, Felix parecia estar presente, uma sombra que ele não conseguia afastar.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, Felix esperava por uma resposta. Ele olhou para o celular algumas vezes, sem perder o sorriso leve que lhe surgiu nos lábios. Era só uma mensagem inocente, ele dizia a si mesmo. Talvez Hyunjin estivesse ocupado. Felix não insistiria.
Mas, mesmo sem resposta, ele sentia uma pontada de esperança e curiosidade sobre aquele laço que parecia, aos poucos, se formar entre eles. Felix sabia que aquele "Oi" carregava uma simplicidade que, no fundo, escondia uma expectativa maior. Mas ele esperaria.
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Fogo cruzado
FanfictionHyunjin, conhecido como O Indomável, é um cantor em ascensão que exala charme e rebeldia. Famoso por seu visual marcante - cabelos pretos e longos, um olhar penetrante e sorriso sedutor - ele não apenas conquista plateias com sua voz, mas também dom...