Boa sorte

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Quando as agendas de Felix e Hyunjin começaram a colidir, eles se viram mais fora de casa do que dentro. Os dois faziam shows em dias diferentes, as vezes nos mesmos dias, e em cidades diferentes.

Naquela noite, Felix estava sentado no sofá do camarim, olhando para o relógio de parede enquanto esperava o momento de entrar no palco. Era um daqueles dias em que ele sentia a ausência de Hyunjin como um peso. Ele suspirou e, sem pensar muito, pegou o telefone e fez uma chamada de vídeo para Hyunjin, na esperança de conseguir alguns minutos com ele antes de se apresentar.

A chamada foi atendida quase que instantaneamente. Hyunjin apareceu na tela, vestido com seu figurino, o rosto iluminado por uma luz de camarim. Ele sorriu assim que viu Felix.

— Ei, amor — disse Hyunjin, ajeitando o cabelo com uma mão enquanto segurava o telefone com a outra. — Você parece... cansado.

Felix sorriu, um pouco triste.

— Acho que sinto sua falta mais do que deveria — respondeu, mordendo o lábio. — Parece que faz semanas que não te vejo.

Hyunjin riu baixinho, assentindo.

— E você acha que eu não sinto? — ele rebateu, o tom suave, mas cheio de carinho. — Acredita que eu ensaiei minha coreografia pensando em como você reagiria quando visse?

Felix suspirou, passando a mão pelo próprio cabelo, e seus olhos brilharam de emoção.

— Queria estar aí pra ver. Cada show sem você parece... incompleto, sabe? Como se eu estivesse esquecendo a parte mais importante — murmurou, a voz embargada.

Hyunjin sorriu, um pouco triste também.

— Logo estaremos juntos de novo. Mas, por enquanto, temos isso — ele disse, apontando para a tela entre eles. — É o suficiente, pelo menos pra mim, até eu te ter de novo.

Os dois ficaram em silêncio por um momento, apenas se olhando, sentindo a conexão que ultrapassava a distância física. Hyunjin levou o telefone mais perto do rosto, como se isso pudesse aproximá-los mais.

— Ei, faz uma coisa pra mim — pediu Felix, de repente, a voz suave.

— Claro, o que você quiser — respondeu Hyunjin, rindo.

— Me deseja boa sorte. Preciso ouvir isso de você hoje — Felix admitiu, um pouco envergonhado.

Hyunjin sorriu, os olhos brilhando de ternura.

— Boa sorte, meu amor. Eu sei que você vai arrasar, como sempre. E lembra que, mesmo longe, eu tô com você em cada movimento — falou, e sua voz era quase um sussurro.

Felix respirou fundo, sentindo-se mais forte com aquelas palavras.

— Obrigado. E boa sorte pra você também, Hyun. Arrasa aí... faz aquelas fãs ficarem loucas como você sempre faz — disse ele, rindo, mas os olhos tinham um brilho de orgulho.

Hyunjin assentiu, e um último sorriso surgiu em seu rosto.

— Vai lá e brilha, Lix. Você sempre faz isso melhor do que qualquer um.

— Até logo — murmurou Felix, e com um último olhar cheio de significado, eles desligaram a chamada.

Enquanto o silêncio voltava a reinar no camarim, Felix respirou fundo, sentindo a energia de Hyunjin ainda presente, e se levantou, pronto para entrar no palco e dar o seu melhor, sabendo que, em algum lugar, seu amor estava fazendo o mesmo.

...

O estádio estava vibrando, um mar de fãs em êxtase, e Felix sentia cada grito como uma onda de energia atravessando seu corpo. Ele sorria, os olhos brilhantes, sentindo-se mais vivo do que nunca. Em uma pausa entre as músicas, ele se aproximou do microfone, com o coração acelerado de felicidade e emoção.

— Vocês não têm ideia do quanto significa para mim estar aqui com vocês hoje — ele disse, e as fãs responderam com gritos e aplausos. — Quero agradecer a cada um de vocês por sempre me apoiarem, não importa o que aconteça.

Ele respirou fundo, olhando para aquela multidão que o amava e o apoiava.

— E... — ele continuou, hesitando apenas por um segundo. — Vocês já sabem que eu e o Hyunjin estamos juntos, né?

As fãs explodiram em gritos de apoio, aplaudindo e mostrando cartazes com mensagens de amor e aceitação. Felix sorriu, emocionado.

— Obrigado por serem incríveis — ele disse, o coração cheio de gratidão. — Amo vocês. Agora, vamos para a próxima música!

Mas antes que ele pudesse sequer dar o primeiro passo, um ruído estranho ecoou pelo estádio. Foi rápido demais. Um som seco, quase abafado no meio dos gritos, mas o suficiente para congelar o sangue de quem ouviu. Felix sentiu um impacto brutal, como se o ar tivesse sido arrancado do seu corpo, e antes que pudesse entender, uma dor lancinante o percorreu, derrubando-o no palco.

Seu corpo caiu com um baque surdo, e um silêncio atônito tomou conta do estádio por alguns segundos, como se o mundo inteiro tivesse parado. Em seguida, os gritos de pavor explodiram, mais altos do que qualquer aplauso, um som de desespero e horror.

A visão de Felix começou a embaçar, e tudo ao redor dele parecia se distorcer. Ele ouvia os gritos distantes, vozes misturadas que soavam como ecos. Ele tentou se mover, mas o corpo não obedecia.

Um dos membros da equipe de segurança subiu no palco, gritando por ajuda.

— Chamem uma ambulância! — ele berrava, enquanto outras pessoas tentavam conter o pânico na plateia.

Felix tentou abrir a boca para falar, mas nenhum som saiu. Em meio à dor e ao caos, uma única imagem lhe veio à mente: Hyunjin. Ele queria ver Hyunjin, queria que ele estivesse ali, segurando sua mão, sussurrando que tudo ficaria bem.

Com um último esforço, Felix sussurrou para si mesmo, quase inaudível:

— Hyun...

E então tudo escureceu.

Fogo cruzadoOnde histórias criam vida. Descubra agora