Uma sugestão ousada

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A noite já havia avançado muito além do horário habitual, e Felix continuava esperando ansioso por Nicholas, o celular em mãos, enviando mensagem após mensagem. Cada vez que a tela permanecia em silêncio, sua ansiedade aumentava. Nicholas sempre aparecia, sempre respondia — o que estava diferente essa noite?

O relógio marcava quase duas da manhã quando a porta finalmente se abriu. Nicholas entrou como se nada estivesse fora do comum, e Felix sentiu um misto de alívio e leve irritação.

— Por que demorou tanto? — perguntou Felix, tentando soar casual, mas incapaz de esconder a nota de preocupação na voz.

Nicholas, no entanto, não respondeu. Ele se aproximou, um sorriso sedutor dançando em seus lábios. Antes que Felix pudesse perguntar mais alguma coisa, Nicholas já o puxava pela cintura, beijando seu pescoço de forma insistente e segurando sua bunda com firmeza.

— Espera... eu só queria falar com você um pouco — disse Felix, tentando afastá-lo levemente, com uma risada nervosa. Ele queria compartilhar algo sobre seu dia, talvez até ouvir sobre o de Nicholas.

Mas Nicholas não parecia interessado. Ele pressionou Felix contra a parede, silenciando qualquer tentativa de conversa com um beijo intenso, deixando Felix sem fôlego. Felix cedeu aos poucos, seu corpo respondendo ao toque familiar. Em poucos minutos, os dois já estavam no quarto, os sons abafados de roupas sendo tiradas e beijos apressados preenchendo o espaço.

Quando o desejo foi saciado, Nicholas se afastou com um suspiro satisfeito, já começando a vestir a camisa. Felix ficou deitado por alguns segundos, fitando o teto, uma inquietação crescente se misturando ao cansaço.

Ele se sentou na cama e, em uma voz baixa, quase hesitante, tentou iniciar uma conversa.

— Nicholas, você não sente que... talvez... poderíamos passar um tempo juntos, assim, fora daqui?

Nicholas ergueu as sobrancelhas, parecendo surpreso. Ele soltou uma risada curta, um pouco fria, enquanto arrumava a gola da camisa.

— Felix, não vejo o problema. A gente já passa o tempo juntos — disse, dando de ombros. Para ele, parecia óbvio que o que tinham era suficiente.

Felix suspirou, sentindo um aperto no peito. Passar o tempo juntos se resumia a encontros rápidos, momentos fugazes entre quatro paredes, sem nada além de sexo. Ele queria mais, algo além da superficialidade.

— Sim... mas não é disso que estou falando — respondeu Felix, a voz quase um sussurro. — Eu queria... conversar, sabe? Saber como foi seu dia, talvez você saber do meu...

Nicholas bufou, parecendo impaciente.

— Felix, por que a gente complicaria as coisas? Olha só, você está se saindo bem, sua carreira está crescendo. Para que estragar o que temos? Nem todo mundo quer o mesmo que você — ele disse, com um tom levemente impaciente. Em seguida, Nicholas deu um sorriso breve, quase condescendente. — Isso aqui é o suficiente, certo?

Felix forçou um sorriso, tentando esconder a tristeza que sentia ao ouvir aquelas palavras. Ele queria responder, dizer que não, que ele queria algo a mais, queria uma presença real e não apenas momentos vazios. Mas, em vez disso, assentiu silenciosamente.

Quando Nicholas finalmente foi embora, Felix permaneceu sentado na cama, o quarto mergulhado em uma penumbra quieta. Ele se sentia vazio, uma solidão o consumindo, ainda que estivesse cercado de sucesso e atenção. Naquele momento, percebeu que, talvez, o que ele estava realmente buscando Nicholas não poderia oferecer.

...

A manhã chegou lentamente para Felix, e ele acordou sentindo a familiar solidão da cama vazia. Ainda com os olhos fechados, ele agarrou o travesseiro ao lado e puxou-o contra si, enterrando o rosto ali, como se pudesse absorver o aroma sutil de Nicholas impregnado na fronha. Ele suspirou, apertando o travesseiro com mais força. Sabia que não era suficiente, mas ainda assim, não conseguia evitar.

Fogo cruzadoOnde histórias criam vida. Descubra agora